Logo que o Hospital Israelita Albert Einstein confirmou a morte da ex-primeira-dama e ex-deputada federal Dona Iris de Araújo nesta terça-feira (21), Ana Paula Craveiro, filha da ex-deputada federal e do ex-governador Iris Rezende, contou em seu Instagram a frase dita pela mãe antes de ir para a cirurgia: “Seu pai está piscando para mim, está me chamando para ficar com ele”.Em entrevista ao POPULAR, Adriana Rezende, a outra filha do casal, contou que a mãe sentiu muito a morte do pai, falecido em novembro de 2021. Para ela, agora que Dona Iris também se foi, a família terá um novo desafio pela frente: “Eu acho que nós vamos ter que reaprender tudo de novo, porque perdemos um apoio, agora perdemos outro”.Adriana explica que a frase mencionada por Ana Paula foi dita por Dona Iris em tom de brincadeira, para tranquilizar as filhas. A médica conta que desde a morte de Iris, a mãe havia se tornado o espelho e a força da família.“Nós fomos muito privilegiados por ter pais assim por perto, pessoas tão extraordinárias como eles foram, sermos criados por pessoas assim. Por outro lado, é muito, muito mais difícil perder. E quando um vai, a gente acaba se apoiando no outro. E agora o nosso apoio também se foi”, diz.Adriana lembra que a mãe, além de primeira-dama, trilhou seu próprio caminho para deixar marcas nas vidas dos goianos, não temia desafios e assim o fez até o fim.“Eu acho que minha mãe sempre foi muito guerreira. Agora no fim ela foi guerreira também, tudo que precisava ser feito ela fazia. Foi muito resiliente. Aceitava tudo, era disciplinada e assim ela foi na vida inteira”, afirma a filha.Adriana lembra que a mãe fez, de rifar o próprio fusca, a idealizar a Maternidade Dona Iris. “Ela sempre teve essa preocupação com as pessoas. Eu sempre vi minha mãe como essa pessoa preocupada com o outro, querendo inovar. Hoje, está na moda fazer horta comunitária, mas isso ela começou lá antes de 1970, distribuía cobertores e levava a gente junto.”Para a filha, Dona Iris tomou gosto por cuidar do outro. “Ela não era uma primeira-dama de festa. Era uma primeira-dama que queria mesmo fazer a diferença na vida das pessoas. Por isso que eu falo que a gente teve essa sorte, de ter pais com muita empatia, muito generosos.”Leia também:- Piora por doença autoimune no pulmão levou à morte de Dona Iris- Sempre franca, mas política- Morte comoveu o meio políticoAdriana lembra da postura combativa da mãe como deputada federal e nas vezes em que ocupou cadeira no Senado. “Sempre em prol do próximo, nunca em interesse próprio dela.”O interesse pela política, no entanto, aparentemente mudou depois da morte de Iris Rezende. “Parece que aquilo que dava entusiasmo para ela na política era estar junto com ele. Então, ela perdeu o interesse, não falava muito disso não”, conta Adriana.SaudadeO casal ficou junto por 57 anos. “Ela meio que estava tentando aprender a viver sem ele. E ela sentia isso muito, ela verbalizava isso muito, o tanto que estava sendo difícil viver sem a presença do meu pai. Porque meu pai era aquela figura forte, que nos dava uma sensação de segurança muito grande. Até calado ele ocupava todo o espaço”, lembra a filha.Adriana conta que Dona Iris dizia que, mesmo ocupado, o marido era presente. “Ele era ocupado, mas ele era muito disciplinado. E essa coisa familiar ele nunca deixou. Ela falava: ‘O seu pai não era de festa, não tinha roda de amigos, estava sempre aqui’. E ela naquela rotina sem ele, de tomar café sem ele, jantar sem ele, sem a presença dele, era muito difícil. Ela sentia muito”, afirma.O daqui para frente é ainda uma incógnita para a família. “Mas eu tenho muita fé e inclusive eles nos ensinaram a ter essa fé em Deus, em Cristo, saber que eles estão na eternidade, estão bem. E a gente vai reaprender a viver sem eles, mas dá muito medo e angústia no coração”, diz Adriana.