-Imagem (1.2429213)O vereador Sargento Novandir (Avante) voltou a mostrar a arma e falar em tiros durante discussão na Câmara Municipal de Goiânia, nesta quarta-feira (30). O parlamentar se exaltou contra o vereador Santana Gomes (PRTB), com quem disse que, se pudesse, trocaria tiros, e contra o vereador Clécio Alves (MDB), para quem teria mostrado a arma na cintura. Novandir nega que tenha retirado a arma ou mostrado para os colegas.Tudo começou quando Santana, que é da oposição, reclamou que a Prefeitura de Goiânia estaria sendo negligente na operação tapa buracos ao atender, especificamente, pedidos de vereadores para seus respectivos bairros. "Todo dia eu escuto 'ah, chegou lá no meu bairro massa asfáltica'. Isso é um absurdo. E Goiânia? Quem vai resolver o problema de Goiânia? Pensa bem, vereador, você fazer proselitismo em cima de projeto da Prefeitura", criticou.Novandir, então, subiu à tribuna e começou reclamando que havia dito que abriria mão de seu tempo de fala para agilizar a aprovação do projeto da data-base dos servidores da Câmara, mas que viu vereador fazer o oposto, em clara menção a Santana, que já havia subido à tribuna duas vezes. Depois seguiu respondendo às críticas de Santana. "Quero dizer para o vereador que eu não sou vereador de região, eu moro numa região e represento uma região, mas eu estou vereador por Goiânia e posso afirmar que (a quantidade de) os votos que eu tive fora da minha região é maior do que ele teve em toda cidade", disse.Novandir ainda citou os escândalos envolvendo Carlinhos Cachoeira, de quem Santana é amigo pessoal. "É uma vergonha esse vereador querer vir falar de moral, acusar prefeito e secretário", disse. Santana, então, voltou à tribuna e respondeu: "Carlinhos Cachoeira é meu amigo pessoal, continua meu amigo, se tem problema com a justiça não é comigo". O parlamentar ainda fez referência ao episódio deste ano, quando Novandir apareceu na Casa vestido de palhaço, se dizendo enganado em relação ao aumento do IPTU. "Eu nunca tratei essa Câmara como se fosse um circo. Eu não ando armado, porque a minha arma é a minha fala. Esse negócio de andar armado, pegar cinto para bater em vereador, isso é desrespeito", disse Santana.ArmaNesse momento, Novandir se aproximou da mesa e começou a pedir direito de resposta. Como a fala de Santana foi concedida sem direito a apartes, ele só poderia falar, pelo regimento, se fosse citado. Foi quando o vereador Clécio Alves, que presidia a sessão, permitiu que o vereador discursasse, com o limite de tempo de um minuto.Com o microfone ligado, Novandir se queixou de Clécio, alegando que o emedebista não deixava que ele falasse. Depois passou a se referir a Santana e citar sua trajetória na Polícia Militar. "Passei anos trocando tiro com ladrão e hoje, infelizmente, eu não posso trocar tiro com quem tem o colarinho branco, se não com certeza nós dois íamos trocar. Porque nós sabemos o que o senhor é, o senhor é uma farsa."O tempo dele acabou e Novandir pediu para falar mais, mas Clécio deu só mais 10 segundos e disse que não iria ceder às pressões do vereador. Foi quando o emedebista disse que o vereador do Avante teria lhe mostrado a arma na cintura: "Não adianta ficar mostrando arma para mim, não, não tenho medo de arma do senhor, não."O vereador Anselmo Pereira (MDB), que é primeiro secretário da mesa diretora, falou em seguida e sugeriu usar o código de ética da Casa. "Esse é um espetáculo deprimente que estamos ensaiando para a sociedade. Há um regimento na Casa e há um Conselho de Ética". Santana diz que já acionou o conselho de ética quanto à postura de Novandir.Procurada, a Câmara respondeu que para proibir o porte de armas do vereador na Casa precisaria haver uma lei específica. "É necessária uma lei municipal específica sobre o porte de arma no Legislativo. Já há uma proposta em tramitação na Casa."A proposta mencionada foi apresentada pelo vereador Ronilson Reis (Podemos) no ano passado, como uma alteração no regimento interno. O projeto já foi aprovado na Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJ), mas nunca foi pautado em plenário e segue na Diretoria Legislativa.As informações que o POPULAR apurou nos bastidores é de que há um receio por parte dos vereadores de votar a proposta por temerem desgastes, inclusive por terem que topar com o parlamentar diariamente. Novandir vai a todas as sessões armado e já mostrou a pistola em outras ocasiões em que protagonizou discussões com colegas. Inclusive no episódio em que se vestiu de palhaço, tirou o cinto e deixou a arma em cima da tribuna. Mesmo assim, até hoje, nada foi feito para impedir que o parlamentar tenha o porte dentro da Casa, a não ser a apresentação do projeto, que segue parado. RespostaAo POPULAR, Novandir disse que tomou a decisão de que, a partir da próxima sessão, vai deixar a arma no gabinete e não levará a pistola para o plenário. "Hoje tudo que é discussão falam que eu estou ameaçando, que eu estou armado, então por livre e espontânea vontade vou guardar, porque não é arma de fogo que me deixa mais forte."O vereador afirma que em nenhum momento da discussão apontou ou mostrou a arma. "Ela está na minha cintura 24 horas por dia e não foi retirada nem mostrada". Em relação à fala direcionada a Santana, de que poderia trocar tiros com ele, Novandir disse que quis dizer que essa não era uma opção naquele contexto. "O que eu quis dizer é que trabalhei 17 anos na ativa e troquei tiro com bandido que tentava contra a minha vida, mas com vereador que não tenta contra a minha vida e que não usa arma, não tem como eu trocar tiros", respondeu. Ele também afirma que acha desnecessário a Casa aprovar lei que proíba o porte de armas no Legislativo, mas que, mesmo assim, decidiu deixar de portá-la no plenário.