O aumento de cadeiras na Câmara de Goiânia vem causando controvérsia entre os próprios vereadores. A proposta de emenda à Lei Orgânica do Município, que eleva de 35 para 39 as vagas na Casa a partir de 2025, ainda está longe da unanimidade. É o que aponta levantamento do POPULAR, que procurou os parlamentares para responderem objetivamente se são contra ou a favor da matéria. Responderam à indagação 24 vereadores, cerca de dois terços da Casa. A maioria ou se diz contra o projeto ou afirma que ainda não analisou o texto para opinar (veja quadro). Cinco afirmaram ser a favor da proposta, sendo que dois desses parlamentares dizem que a condição é que não haja aumento de salários.O POPULAR vem mostrando nas últimas semanas as articulações para levar a plenário o projeto que aumenta de 35 para 39 a quantidade de vereadores na Câmara, para a próxima Legislatura. A ideia é adequar o número ao máximo permitido pela Constituição Federal para cidades com mais de 1,5 milhão de habitantes, caso de Goiânia. A proposta foi apresentada pelo vereador Clécio Alves (MDB), na semana passada, que foi quem colheu assinaturas no projeto e é o nome que aparece no protocolo da matéria, registrada no sistema da Casa. Ele, no entanto, tem afirmado que a proposta não é de sua autoria, mas de um grupo de vereadores, a partir de um desejo da Câmara Municipal. Nesta terça (21), ele chegou a pedir que a ata da sessão de quinta-feira (16) fosse alterada para que não constasse mais seu nome como autor da proposta, sob a alegação de que não assinou o texto. O parlamentar chegou a atacar o POPULAR pela cobertura que vem fazendo sobre o tema. Os nomes dos vereadores que integram o grupo que assinou o projeto também não foi divulgado de maneira apropriada pela Casa. O POPULAR contou 12 rubricas no projeto, das quais foram identificadas apenas as dos vereadores Anselmo Pereira (MDB), Juarez Lopes (PDT), Leandro Sena (Republicanos), Léo José (PTB), Ronilson Reis (Podemos), Thialu Guiotti (Avante) e Bruno Diniz (PRTB). Bruno Diniz pediu, na Comissão Mista, onde o projeto tramita, que sua assinatura fosse retirada. Segundo o vereador, ele assinou a matéria sem ver do que se tratava, em meio a outros documentos que lhe foram apresentados. Além dele, Ronilson Reis também se diz contra a matéria, apesar de constar sua assinatura no projeto. “Não lembro de assinar esse projeto. Ainda que seja para 2025, eu sou totalmente desfavorável”, disse. Dos outros que assinaram, Juarez Lopes disse que ainda não tem como opinar, já que o projeto não começou a ser votado. FavoráveisThialu Guiotti é o único dos que assinaram o projeto que respondeu ser favorável à matéria. O vereador argumenta que há previsão legal tanto para o aumento na quantidade de cadeiras na Câmara quanto para o reajuste no salário dos vereadores. “Não estou legislando em causa própria porque a mudança vai valer para a próxima legislatura. Ninguém está votando para ser beneficiado agora”, afirma. Além dele, William Veloso (PL) se disse favorável pela legalidade e pelo fato de que a mudança só teria vigência em 2025. “A Câmara já tem essa verba para pagamento e não estaria onerando o cofre da prefeitura”, disse, ao lembrar que a despesa sairia do duodécimo da Casa. O POPULAR calculou o impacto de R$ 12,4 milhões anuais.Os vereadores Raphael da Saúde (DC) e Marlon Teixeira (Cidadania) dizem que são favoráveis ao aumento de vagas, mas desde que não haja aumento de salários. Para Marlon, ter mais vereadores na Câmara pode favorecer a democracia. Henrique Alves (MDB), apesar de ter opinião parecida, acha que agora não é o momento de discutir o projeto, por isso é contra.O projeto possui um parágrafo que dá abertura para a apresentação de uma nova proposta, que possibilite a correção do subsídio dos vereadores de R$ 15,6 mil para R$ 18,9 mil, a partir de 2025. Raphael, Marlon e Henrique se dizem contra. São contrários ao aumento de vagas na Câmara Anderson Sales Bokão (DEM), Bruno Diniz (PRTB), Cabo Senna (Patriota), Gabriela Rodart (DC), Lucas Kitão (PSL), Ronilson Reis (Podemos), Sabrina Garcêz (PSD), Sandes Junior (PP), Henrique Alves (MDB) e Sargento Novandir (Republicanos). A justificativa da maioria é de que o momento não é adequado. Sandes ainda afirma que não pode opinar sobre os salários, já que não recebe remuneração da Câmara Municipal, por ter optado pela aposentadoria da Câmara dos Deputados. O projeto começa a ser votado nesta quarta-feira (22), em sessão extraordinária da Comissão Mista, convocada para as 8h. Se aprovado, ele segue para o plenário, e precisa passar por duas votações com intervalo de 10 dias entre elas. A relatoria está com o vereador Anselmo Pereira. -Imagem (1.2375568)