Presidente da Igreja Assembleia de Deus Ministério Madureira Campo Campinas, de Goiânia, e uma das principais lideranças evangélicas do Brasil, bispo Oídes José do Carmo classificou as denúncias relacionadas ao envolvimento de pastores em um gabinete paralelo no Ministério da Educação como “triste e lamentável”. Para Oídes, Gilmar Santos – um dos líderes religiosos citados na polêmica – foi induzido a participar do esquema. A declaração foi feita nesta terça-feira (29), em entrevista ao programa Chega pra Cá, apresentado pela jornalista Cileide Alves e transmitido nas redes sociais do POPULAR. Oídes também é presidente da Convenção Estadual dos Ministros Evangélicos das Assembleias de Deus em Goiás (Conemad-GO).Leia também: Chega pra Cá: Delegada Ana Scarpelli, coordenadora das Delegacias da Mulher em GoiásChega pra Cá: Joaquim de Castro, presidente do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM)“A gente vê isso com muita tristeza e lamentando porque não representa a forma como trabalhamos, a prática cristã”, disse. Oídes afirmou que houve “revolta geral no meio evangélico” diante do caso. Sem citar nomes, o bispo disse que “um ali era pastor, e o outro, não era”. A declaração é referência a Gilmar e Arilton Moura, respectivamente. Uma série de reportagens publicadas em jornais do País ao longo das últimas semanas mostrou influência de Gilmar e Arilton no agendamento de encontros de prefeitos com o ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, e na liberação de recursos da pasta. Além disso, prefeitos relataram que Arilton pediu propina para facilitar o acesso a verbas.Oídes já havia afirmado ao POPULAR que conhece Gilmar há quase 40 anos, mas disse que Arilton não é uma figura familiar entre lideranças evangélicas em Goiás. Gilmar é presidente da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Brasil (Conimadb) e Arilton é assessor da entidade.“O Gilmar eu conheço, é pastor. A gente lamenta muito que ele tenha sido induzido por essa outra pessoa, que é muito mais antigo que ele nos corredores de Brasília. A gente está descobrindo exatamente isso. Um elemento que a gente não abona, não conhecia. Quando você começa a pesquisar, você vê que é um elemento totalmente estranho ao meio evangélico, que induziu um pastor, talvez porque o pastor tivesse mais força do que ele, para poder acompanhá-lo nessa situação”, afirmou Oídes na entrevista desta terça. PolíticaO bispo também ressaltou que existem diferentes igrejas evangélicas no País e disse que o grupo não tem projeto de poder relacionado à política, e, sim, interesse em participar do processo e ter representantes nos parlamentos. Oídes também defendeu pautas de costumes, como família tradicional e posicionamento contrário ao aborto.De acordo com Oídes, o grupo percebeu a necessidade de ter participação política por se sentir “usado por políticos” que procuravam as igrejas apenas em época de eleição. “Estou há 22 anos como presidente da convenção. De lá para cá, nós procuramos nos organizar politicamente para termos essa força na área política. Evidentemente, não perdemos de vista, a sua missão central, que é a evangelização”, afirmou. No cenário nacional, Oídes confirmou apoio à reeleição de Jair Bolsonaro (PL) para a Presidência da República. Em Goiás, o bispo disse que ainda não há definição. Ele é irmão do senador Luiz do Carmo (sem partido), que em 2014 foi suplente de Ronaldo Caiado (União Brasil) na eleição para o Senado. Com a vitória de Caiado na disputa pelo governo de Goiás, Carmo assumiu a cadeira de senador. “Se ligarmos ao passado, estamos juntos. O futuro é outra construção. Não tem nenhuma razão para deixar o governador hoje, mas pode surgir. Esse quadro está totalmente aberto”, disse. -Imagem (1.2428621)