Convocada para a próxima quarta-feira, a sessão plenária do Conselho Universitário (CsU) da Universidade Estadual de Goiás (UEG) poderá apreciar pedido de afastamento do reitor Haroldo Reimer por conta das denúncias recentes de irregularidades nos pagamentos de bolsas do Pronatec. O reitor convocou a primeira reunião do ano do conselho na tarde da última terça-feira (19), dia em que O POPULAR noticiou as suspeitas em investigação pela Controladoria Geral do Estado (CGE). A pauta prevê apreciação de oito itens, mas pode haver inclusão de processos no início da sessão plenária, marcada para 10 horas. Há uma articulação de aliados do governo estadual pela apresentação da proposta de afastamento e por votos suficientes para a aprovação, que seriam de mais da metade. O CsU tem 72 integrantes: além do presidente, que é o próprio reitor, os 5 pró-reitores, 41 diretores de câmpus, 8 professores, 8 alunos, 8 técnico-administrativos e o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico e Inovação. O artigo 37 do Estatuto da UEG estabelece que "o governador do Estado decretará, a qualquer tempo, diante de solicitação do CsU ou de representação do Ministério Público ou do Tribunal de Contas do Estado, demonstrando a prática ou fortes indícios de irregularidade grave e/ou de ilegalidade na administração da UEG, o afastamento temporário do reitor e/ou do vice-reitor, designando interventor para aprofundada apuração dos fatos e apresentação de completo relatório no prazo de 60 dias úteis, podendo, em caso de necessidade, estender tal prazo pelo tempo suficiente à recondução da universidade à normalidade administrativa".Professor efetivo, Haroldo Reimer assumiu a UEG em fevereiro de 2012 também em um processo de intervenção. Na ocasião, o MP-GO pediu o afastamento de Luiz Antônio Arantes com base em auditoria realizada pela CGE que apontava 19 irregularidades na gestão. Depois Reimer foi eleito para continuar no cargo por duas vezes. O atual mandato termina em 2020. O reitor disse ao blog que o CsU é o órgão soberano da universidade e que respeitará as decisões, mas que tem atuado para esclarecer os fatos e para "distensionar o campo de tensão" criado na relação com o governo e diante de problemas como a auditoria da CGE e a redução do orçamento da UEG.Houve especulações de que Reimer renunciaria ao cargo para se antecipar ao pedido de afastamento. Ele admite ter recebido sugestão para sair, mas diz que não o fará. "Acho essa ideia muito gravosa porque significa assumir uma culpa que não existe", afirmou. "Eu estou colaborando para dar resposta a todos os questionamentos e garantir transparência e lisura em todos os processos. Por cinco anos, a UEG não foi manchete negativa na mída. Há uma situação momentânea e estou me esforçando para superá-la", completa o reitor.Reimer disse ainda que lamenta a atual situação porque o foco deveria ser na melhoria da universidade, que fará 20 anos em abril. "Eu atuo na defesa da instituição, para que a estabilização e credibilidade que alcançamos não sejam jogadas na vala comum."Tanto apoiadores como contrários ao afastamento do reitor manifestam preocupação com o nome do possível interventor. Afirmam que seria negativo para a instituição que seja alguém de fora dos quadros da universidade. Ainda não houve sinalização do governo sobre quem seria o substituto.Desde o início do mandato, o governo de Ronaldo Caiado (DEM) tem interesse na troca do reitor por considerar que ele tem ligações políticas com o ex-governador Marconi Perillo (PSDB).