Mesmo sem ser parte na ação que questiona a segunda reeleição do presidente da Câmara de Goiânia, Romário Policarpo (Patriota), o prefeito da capital, Rogério Cruz (Republicanos), apresentou manifestação ao Supremo Tribunal Federal (STF) para defender a permanência dele no comando do Legislativo. A arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF) foi protocolada em 17 de outubro pelo diretório nacional do Pros e o prefeito apresentou a manifestação espontânea nesta quarta-feira (16), enquanto está em viagem a Israel e Policarpo comanda o Paço.Na peça, o prefeito alega que tem legitimidade para se posicionar, já que discute-se a Lei Orgânica do Município, e que, em caso análogo em trâmite no Supremo, houve pedido de oitiva de prefeito por parte da ministra Carmen Lúcia.Na ação de Goiânia, o ministro Dias Toffoli solicitou, no último dia 4, a apresentação de informações da parte requerida - Câmara de Goiânia e Romário Policarpo - e abertura de vista ao Advogado-Geral da União e ao Procurador-Geral da República, com prazo de cinco dias para respostas.Quando a ADPF foi apresentada, o grupo de Policarpo chegou a levantar suspeitas de que o prefeito estivesse por trás da ação. Mais tarde, ambos acabaram se aproximando e tentando unir forçar, diantes das acusações, nos bastidores, de que o empresário Carlos Cachoeira estivesse bancando a ação. Na Câmara, vereadores aliados do prefeito e do presidente fizeram discursos no dia 27 de outubro afirmando que não aceitariam "golpe ou impeachment". Eles sugeriam uma articulação para tirar Policarpo do comando da Câmara e eleger o novo presidente, que é o segundo nome na linha sucessória da Prefeitura. Em caso de afastamento de Cruz, assume o chefe do Legislativo.Leia também:- Votação de projeto que propõe a mudança de nome da Avenida Castelo Branco é adiada- Lei que beneficia servidores administrativos de Goiânia é sancionada- Federação PSDB/Cidadania é alvo de ação por cota de gênero pelo PodemosAs desconfianças foram reforçadas pelo fato de que Andressa Mendonça, ex-mulher de Cachoeira, assina a ADPF, junto com o advogado Guilherme Augusto Mota Alves. Além disso, Cachoeira tem grande influência sobre o Pros. A ação pede a anulação da eleição antecipada da mesa diretora que escolheu Policarpo para o terceiro mandato à frente da Câmara. A nova gestão começa em 2023. O Pros alega jurisprudência do Supremo que permite apenas dois mandatos consecutivos. Cachoeira nega envolvimento com ação e qualquer articulação no Legislativo.Guilherme chamou de "inédita" a manifestação espontânea de um prefeito sem ser parte na ação. Ele diz acreditar que o ministro Toffoli dará decisão ainda este ano contra Policarpo.No documento, o prefeito afirma que a Câmara tem autonomia para legislar sobre assuntos "de interesses locais" e ainda que a recondução não é inconstitucional.A assessoria da Prefeitura afirmou que as justificativas da manifestação já constam na própria petição, assinada digitalmente também pela procuradora-geral do município, Tatiana Accioly Fayad, e seu adjunto, André Quintino Paiva.A reeleição de Policarpo já havia sido questionada em reclamação protocolada pelo vereador Lucas Kitão (PSD) no Supremo, mas o pedido foi rejeitado. O Pros entende que se trata de questão formal, do tipo de ação.Após consultas a advogados, aliados de Policarpo têm dito que deve haver alguma modulação no Supremo que possibilite a permanência no próximo mandato.***E-mail: fabiana.pulcineli@opopular.com.brTwitter: @fpulcineliFacebook: fabiana.pulcineliInstagram: @fpulcineli