Atualizada às 21:10Depois de tentativas de filiação a três partidos de maior porte, o prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha, pré-candidato ao governo de Goiás, chega ao fim do prazo de filiações sem opções e assinará a ficha do Patriota. A informação foi antecipada na tarde desta quarta-feira (30) pelo POPULAR e confirmada pelo presidente estadual do partido, Jorcelino Braga.No início da tarde de quarta, Gustavo esteve no diretório, onde confirmou a decisão ao presidente e a novos filiados da sigla que estavam no local. Ele também se reuniu com grupo de apoiadores de associação de ex-prefeitos, quando fez o anúncio.No entanto, o prefeito decidiu só falar oficialmente sobre a decisão em entrevista coletiva na manhã desta quinta-feira (31), mesmo dia em que renuncia ao cargo para disputar as eleições. A previsão é que realize festa de filiação no sábado (2). O vice-prefeito Vilmar Mariano (Podemos) assumirá a prefeitura.Além de pequena estrutura (pouco tempo de televisão e fundo eleitoral), a sigla tem parte de suas lideranças no projeto de reeleição do governador Ronaldo Caiado (UB) e o comando vetou aliança com o PSDB, o que dificulta a definição da chapa majoritária.Nas últimas semanas, as investidas do governador e o fracasso na articulação com o presidente Jair Bolsonaro (PL) limitaram os caminhos de Gustavo. Ele contava com apoio do diretório goiano do PL para tentar se filiar ao partido e representar o palanque de Bolsonaro no Estado, porém o presidente bateu o martelo, na segunda-feira (28), em favor da pré-candidatura do deputado federal Vitor Hugo (PL) ao governo e do ex-senador Wilder Morais (PL) ao Senado.Ainda na segunda, Gustavo disse que manteria apoio à reeleição do presidente, na esperança de conseguir se filiar ao PP ou ao Republicanos, partidos da base bolsonarista. Diante do fracasso nas articulações, a informação de aliados do prefeito é de que ele anunciará neutralidade na disputa presidencial.O prefeito também perdeu apoio do Podemos, que na terça-feira (29) anunciou adesão ao governo, com a indicação do novo presidente do Detran-GO, Eduardo Machado.VaivémGustavo se desfiliou do MDB no final de setembro do ano passado, depois que o partido decidiu se aliar ao governador, com o nome do presidente do diretório estadual, Daniel Vilela, para a vaga de vice. Determinado a disputar, com apoio de parte do segmento evangélico e de lideranças do setor empresarial, o prefeito começou a discutir filiação.A previsão inicial dele era de definição da sigla no início do ano, mas houve dificuldades de fechar. Gustavo também oscilou articulações entre aliados do presidente Jair Bolsonaro e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) - com contatos com o PSB -, até decidir que sofreria mais desgastes buscando um partido de esquerda. Desde fevereiro, o prefeito então decidiu pela aproximação com partidos do grupo de Bolsonaro. Antes disso, ele recebeu compromissos de apoio do Podemos, com articulação em nível nacional, e do Patriota, em acerto com Braga. Optou por procurar partidos com mais estrutura, tendo os outros dois como “reserva”.No entanto, o governador se aproveitou de insatisfação do Podemos com a oferta de nomes para a chapa de deputado federal e as articulações para palanque presidencial do União Brasil para buscar o apoio da sigla. Na última terça, Caiado nomeou Eduardo Machado para o Detran e excluiu o partido da lista de apoio de Mendanha.Depois do insucesso nas conversas com o PL, o Republicanos também descartou a filiação de Gustavo ao partido, conforme revelou o Giro na quarta-feira (30). Tanto o Republicanos como o PP mantinham conversas com o prefeito, mas priorizam a aliança com Caiado.O Patriota já havia garantido espaço para Gustavo desde janeiro, mas pelo menos três lideranças do partido anunciaram apoio ao governador: o deputado estadual Amauri Ribeiro, que deve deixar a sigla, o ex-prefeito de Trindade e ex-presidente do PSDB Jânio Darrot, e o presidente da Câmara de Goiânia, Romário Policarpo.Braga afirma que o partido não exige apoio aos candidatos e cada liderança é livre. O dirigente também nega que tenha havido enfraquecimento de Gustavo nesta primeira etapa do calendário eleitoral. 5 perguntas para Jorcelino Braga1-Muitos partidos já estão fechados com o governador Ronaldo Caiado e o Patriota veta aliança com o PSDB. Como vão definir os outros nomes para a chapa majoritária agora com essa filiação de Gustavo Mendanha?O jogo agora é de quem filia quem. O jogo da chapa majoritária vai até junho, julho. E aí serão as definições de todos os lados. O PP, o Republicanos, o PSC, têm pré-candidatos ao Senado e só há uma vaga. Muitos podem ficar de fora lá (no grupo governista). Haverá insatisfeitos. E aí é que entra a nossa articulação. Sobre o PSDB, não é o Jorcelino Braga que veta. As pesquisas qualitativas mostram que não dá para andar com o PSDB, pelos desgastes. A população entenderia que há alguém por trás de Gustavo. E Gustavo é líder, não é liderado. 2-O fato de Gustavo passar as últimas semanas tentando partidos maiores, articulando com a base do presidente Bolsonaro, e no fim só sobrar o Patriota não passa imagem de enfraquecimento já na largada?Eu sempre coloquei ao Gustavo que o Patriota era seu porto seguro. Ele tinha meu compromisso e do diretório nacional de que haveria espaço, não corria nenhum risco. Mas eu disse que era pra usar o tempo para tentar viabilizar um partido com maior estrutura. Isso é uma etapa. Não deu certo e ele veio pra cá. É uma luta contra governos e a preferência no jogo político é pelo poder. Faz parte, é normal. Isso não significa que saia diminuído. Não é demérito. Vamos agora para outra etapa.3-E o fato de parte das lideranças do Patriota apoiar o governador Ronaldo Caiado não enfraquece a candidatura de Gustavo?O partido é democrático e não faz imposições. Temos figuras importantes que defendem Caiado, mas é um porcentual pequeno perto do conjunto do partido. São poucos.4-Então acha que ele mantém força na pré-campanha?Claro. Ele é novo, tem serviços a mostrar, tem ótima avaliação da gestão e tem chances de vencer. O importante é que ele vai disputar, pronto e acabou. E deve estar incomodando porque o governo ofereceu o Detran para tirar o apoio do Podemos a ele. Se deram um órgão importante como o Detran ao Podemos, imagina o que ofereceram aos outros? Agora vamos iniciar o trabalho de construção da chapa majoritária nessa luta contra o governo. 5-O sr. recebeu o governador Ronaldo Caiado na terça-feira no diretório do Patriota. Essa conversa não pode levantar suspeitas sobre algum acerto com o governo?Ronaldo Caiado é um homem sério e eu também. Andamos juntos por 38 anos. Desde o dia em que me ligou pedindo para conversar, ele já sabia do meu compromisso com Gustavo. Ele veio bater papo, fez visita de cortesia, porque tivemos um certo distanciamento, algumas divergências. Veio superar isso, colocar que há respeito entre nós. Mas sobre discussões políticas, ele me conhece bem. Eu dei minha palavra ao Gustavo e isso eu mantenho. ****E-mail: fabiana.pulcineli@opopular.com.brTwitter: @fpulcineliFacebook: fabiana.pulcineliInstagram: @fpulcineli