Em atendimento a pedidos da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal (MPF), o juiz Rafael Ângelo Slomp, da 11ª Vara Federal de Goiás, determinou o leilão de bens apreendidos na Operação Confraria. Houve sequestro de 23 veículos e 17 imóveis, dentre os quais dois são atribuídos pelo MPF e pela PF a Jayme Rincón e Júlio Vaz, ex-presidentes da Agetop e da Codego, respectivamente, nas gestões do PSDB em Goiás.A decisão também concede a autorização de uso provisório de três veículos pela Delegacia de Combate a Corrupção e Crimes Financeiros da Polícia Federal em Goiás. Um é de Júlio Vaz (caminhonete Toyota/Hilux), mas em nome do ex-servidor da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Goiás (Codego) Marcio Gomes Borges (caminhonete Nissan Frontier), outro no nome de Márcio (Honda City) e um terceiro da mulher dele, Meire Cristina Rodrigues Borges, ex-servidora comissionada do Estado.A operação deflagrada em dezembro do ano passado investiga suposto esquema de pagamento de propina, lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio, com base em denúncia anônima e como desdobramento da Operação Cash Delivery. A operação determinou a prisão temporária de Jayme e Júlio e o sequestro de uma casa em Búzios (RJ), que, segundo o MPF, pertence aos dois, embora esteja registrada em nome de Mauro Farias Dutra. Também houve pedido de sequestro de uma casa de veraneio em construção em Aruanã, que também seria de Jayme, segundo o MPF.No pedido de cessão de veículos e leilão antecipado de bens, o delegado da PF Charles Gonçalves Lemes alegou que "os bens estão diretamente relacionados à conduta criminosa dos investigados, sendo a medida necessária e urgente para evitar a depreciação". O procurador Hélio Telho foi contrário à cessão de veículos e defendeu o leilão de todos os bens. Slomp afirmou que a utilização dos carros pela Polícia Judiciaria "possibilitará melhores condições estruturais no combate ao crime organizado, à corrupcao e crimes contra o sistema financeiro, além de lhes proporcionar manutenção e conservação adequadas, evitando a desvalorização de mercado e, até mesmo, perecimento". Segundo a determinação do juiz, o valor apurado no leilão "deve ser depositado em conta judicial remunerada, resguardando interesses futuros".Advogado de Jayme e Júlio, Romero Ferraz informou que já protocolou recurso de apelação e considera que tem efeito suspensivo. Ele fez críticas ao pedido: "Estamos no meio de uma investigação, não há sequer acusação formada e querem alienar bens? Se existem elementos suficientes, por que não oferecem denúncia?". Segundo ele, o Tribunal Regional Federal tem revertido as decisões "que são juridicamente inexplicáveis" dessas operações (referência à Confraria e à Cash Delivery). Jayme Rincón disse que não possui nenhum bem sequestrado na Operação Confraria - ele reafirma que a casa em Búzios não é dele e que não há terreno ou construção em Aruanã. Ele afirmou que a medida é "ilegal e arbitrária". "Com certeza será revista em segunda instância, como tem sido em todas as demais", afirmou.O blog não conseguiu contato com a defesa de Márcio e Meire. *** E-mail: fabiana.pulcineli@opopular.com.brTwitter: @fpulcineliFacebook: fabiana.pulcineliInstagram: @fpulcineli