O presidente Jair Bolsonaro (PL) recusou o convite para participar nesta terça-feira (22) da posse do ministro Edson Fachin no comando do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).O Palácio do Planalto alegou falta de agenda, mas não há registro de compromisso do presidente às 19h, quando ocorrerá a cerimônia virtual do TSE.Em ofício enviado ao cerimonial da corte, com assunto "agradecimento", a chefe de gabinete adjunta da Presidência, Cláudia Teixeira dos Santos Campos, alega compromissos na agenda do presidente. O documento foi assinado eletronicamente às 17h46 de segunda-feira (21)."Considerando compromissos preestabelecidos em sua extensa agenda, o senhor Presidente Jair Bolsonaro não poderá participar do referido evento. Assim, agradece a gentileza e envia cumprimentos", diz o texto.O mandatário tem quatro registros nesta terça em sua agenda oficial. O último é reunião com o ministro da AGU (Advocacia Geral da União), Bruno Bianco, das 15h30 às 16h.O vice-presidente Hamilton Mourão, contudo, deve participar da cerimônia do TSE.A negativa de Bolsonaro ocorre em meio a uma volta da escalada de tensões entre o Planalto e o Judiciário, em especial a corte eleitoral.Na semana passada, o presidente voltou a atacar ministros do TSE, a quem chamou de adolescentes. Ele disse que eles atuam na contramão da Constituição e que têm um objetivo: querem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de volta ao poder."Nós vemos que exatamente alguns do Supremo, a minoria do Supremo, é que age na contramão da nossa Constituição. E ali a mensagem clara que fica é que eles têm partido político. Não querem o Bolsonaro lá e querem o outro, que esteve há pouco tempo no xadrez, no xilindró", disse o mandatário, no último dia 16, à Jovem Pan.Apesar de não ter mencionado neste determinado momento a quem se referia, durante toda a entrevista Bolsonaro atacou três ministros do STF que compartilham a gestão do comando do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) neste ano: Luís Roberto Barroso (atual presidente), Fachin e Alexandre de Moraes (que assume a vice-presidência hoje, mas comandará a corte durante as eleições).Os dois últimos foram ao Planalto no dia 7 de fevereiro entregar pessoalmente o convite a Bolsonaro para a participação no evento virtual desta terça.O encontro foi relâmpago e contou com a participação inesperada do ministro da Defesa, Braga Netto, e dos comandantes das Forças Armadas.Também em entrevista na semana passada, Bolsonaro relatou ter sido ignorado duas vezes pelo ministro Alexandre de Moraes."Apenas o Fachin falou naquele momento. Eu dirigi a palavra duas vezes ao ministro Alexandre. Ele não respondeu. Quando saíram dali foram ao Senado encontrar o presidente Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e ali decidiram, inclusive, que a CPI das Fake News deveria voltar a funcionar", afirmou o presidente nesta quarta-feira (16) à Jovem Pan.