Interessado em formatar palanque em Goiás, o presidente Jair Bolsonaro (PL) vetou a nomeação do presidente do PP goiano, Alexandre Baldy, para cargo no Ministério da Economia e frustrou os planos do pepista de usar a função para fortalecer sua candidatura ao Senado pelo Estado. Nos bastidores, o principal fator para o veto foi o fato de Baldy compor a base do governador Ronaldo Caiado (DEM) e ter interesse na chapa democrata.Distante do governador após divergências, especialmente no enfrentamento à Covid-19, Bolsonaro deu aval para que o deputado federal Vitor Hugo (PSL) articulasse um grupo em Goiás para lançamento de candidatura contra Caiado. O próprio deputado é o nome mais cotado para disputar o governo e ainda não há pré-candidato ao Senado.Baldy já havia começado a atuar na articulação política do ministro Paulo Guedes com o Congresso desde a semana passada, quando o PP nacional acertou com o comando da pasta a nomeação. No fim de semana, no entanto, veio o “não” de Bolsonaro, revelado pelo blog da jornalista Ana Flor, no G1.Ela informou que a resistência também tem a ver com o fato de Baldy ter sido, até outubro, secretário de Transportes Metropolitanos do governador de São Paulo, João Doria, pré-candidato do PSDB à Presidência e adversário político de Bolsonaro.A expectativa de Baldy pelo cargo no Ministério da Economia vinha desde julho, conforme noticiou o Giro no dia 21 daquele mês. A indicação veio do ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, presidente nacional do PP, com apoio de lideranças do partido na Câmara.Baldy, que também foi ministro das Cidades na gestão do presidente Michel Temer, estava no governo de Doria por indicação de Ciro.Segundo informações do Estadão, ele iria ocupar a vaga deixada por Esteves Colnago na chefia da Assessoria de Relações Institucionais do Ministério. Colnago saiu para ser secretário Especial do Tesouro e Orçamento e Gestão, em outubro, com a exoneração de Bruno Funchal. O Ministério terá reestruturação esta semana em três secretarias e a criação da secretaria especial de Estudos Econômicos.InfluênciaA influência junto ao governo federal e ao Congresso - especialmente com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) - vinha sendo utilizada por Baldy e outras lideranças pepistas do Estado como trunfo na negociação com o governador Ronaldo Caiado para a aliança em 2022. O ex-ministro e secretário da Fazenda de Doria, Henrique Meirelles (PSD), também tenta ser candidato ao Senado na chapa de Caiado e é tido hoje como o nome com maior chance.Em julho, o prefeito de Anápolis, Roberto Naves, disse ao Giro que o PP era a “noiva da vez”. O bom trânsito em Brasília foi utilizado nas conversas de Baldy para a volta do PP ao primeiro escalão do governo Caiado, em outubro. O governador, que havia exonerado um irmão de Baldy em janeiro - Adriano Baldy da Secretaria de Cultura -, depois de insatisfação com a cobrança do dirigente pepista para posicionamento de Caiado na disputa da mesa diretora da Câmara, nomeou outro irmão, Joel Sant´Anna Braga para a Secretaria de Indústria e Comércio (SIC) nove meses depois.As lideranças pepistas também chegaram a especular que Bolsonaro poderia atuar em favor do espaço de Baldy na chapa de Caiado. Agora, no entanto, a possibilidade fica totalmente descartada, já que o governador e o presidente seguem caminhos distintos nas articulações para a disputa eleitoral. Caiado tem defendido internamente no seu futuro partido, União Brasil (resultado da fusão do PSL com o DEM), o apoio ao presidenciável Sérgio Moro (Podemos).O POPULAR não conseguiu contato com Baldy. Ele não atendeu o celular nem deu retorno às mensagens. Aliados dele em Goiás disseram que houve surpresa com a decisão de Bolsonaro e ainda seria possível reverter o veto, com articulação de Ciro ao longo da semana. Para disputar as eleições, Baldy teria de sair do cargo no início de abril, de acordo com a legislação.