A necessidade de estratégias para que a vacina contra a Covid-19 chegue à maior parte da população e de medidas contra o aumento dos casos da doença estão no centro das discussões em instituições públicas, mas, na Câmara de Goiânia, o uso obrigatório de máscara e o tratamento precoce contra o coronavírus ganharam tempo em votação no plenário e audiência pública. Há consenso na comunidade científica sobre a importância do uso de máscara contra a contaminação pela Covid-19. Quanto ao tratamento precoce ou prevenção, não há evidência sobre a eficácia de nenhum medicamento, conforme publicações da Associação Médica Brasileira (AMB) e da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).A pedido da vereadora Gabriela Rodart (DC), a Câmara realizou ontem audiência pública com o tema “O uso do tratamento profilático contra a Covid-19”. A reunião contou com discurso de profissionais que defenderam medicamentos como hidroxicloroquina e ivermectina no tratamento inicial da doença. Durante o encontro, Gabriela disse que o objetivo da audiência é levar ao Executivo a proposta de implantar a estratégia na rede pública municipal.Representante do prefeito Rogério Cruz (Republicanos) na audiência, o chefe de gabinete da Secretaria Municipal de Saúde, André Luiz Dias Mattos, disse que mesmo sem o protocolo oficial para o tratamento precoce, todas as unidades de saúde de Goiânia têm hidroxicloroquina e azitromicina. André Luiz, que foi secretário de Saúde no município de Morrinhos, defendeu que o tratamento seja realizado com acompanhamento médico. Entre os vereadores que participaram do encontro estão Anselmo Pereira (MDB), Dr. Gian (MDB) e Ronilson Reis (Podemos).O procurador-chefe do Ministério Público Federal em Goiás (MPF-GO), Ailton Benedito de Souza, participou da audiência e discursou pela “revisão sistemática de medidas de enfrentamento à pandemia” de acordo com o conhecimento médico acumulado. Gabriela presidiu a reunião usando máscara de acrílico, modelo que foi proibido na Casa em portaria assinada pela mesa diretora na última quarta-feira (17). Na semana passada, a Câmara aprovou requerimento do vereador Clécio Alves (MDB) com a obrigatoriedade do uso de máscara na Casa. A norma foi aprovada com 27 votos favoráveis e um contrário, registrado por Gabriela. O tema foi levado para votação, inclusive, após discussão entre Clécio e Gabriela sobre o tema. Vale lembrar que o uso obrigatório de máscara é lei em Goiânia e não há necessidade de casas legislativas ou órgãos públicos criarem normas próprias quanto ao assunto. A reportagem tentou contato com a vereadora, mas não houve retorno até o fechamento desta edição. ColegasVeterano na Casa, médico e aliado de Gabriela, o vereador Dr. Gian defende o uso de máscaras adequadas contra a disseminação da Covid-19, como os modelos usados em cirurgias. O parlamentar também é a favor do tratamento precoce e foi um dos profissionais a discursar sobre o tema na audiência de ontem. Na visão do vereador Lucas Kitão (PSL), qualquer tema proposto por vereadores para discussão na Câmara é legítimo porque os parlamentares representam seus eleitores. “Eu particularmente acho que existe tema mais relevante para discussão. Mas a Casa é dos 35 vereadores e de todas as pessoas que representam. A discussão precisa ser feita, por mais repetitiva que seja.”Outra veterana na Casa, Sabrina Garcêz (PSD) afirma que as pautas apresentadas por cada vereador precisam ser respeitadas, independente do assunto. A vereadora afirma que seu foco no momento está em ampliar a vacinação na capital para trabalhadores como garis e motoristas de ônibus. A questão será discutida com seu correligionário senador Vanderlan Cardoso. “Mas um debate não invalida o outro”, diz. A reportagem não conseguiu contato com o presidente da Câmara, Romário Policarpo (Patriota).