Parlamentares do PDT afirmam que a cúpula do partido tinha conhecimento do acordo para que votassem a favor da PEC dos Precatórios. A atitude do ex-ministro Ciro Gomes (PDT) de suspender sua candidatura à Presidência em 2022 para pressionar deputados federais de seu partido que votaram a favor da PEC foi criticada no grupo de WhatsApp de deputados da bancada. O questionamento é o de que pode se esperar de um candidato que já ameaça atitudes radicais antes mesmo do início da campanha.Já aliados de Ciro procuraram ressoar a mensagem de que o ex-ministro tornou pública a ameaça de desistência com o objetivo de levantar um debate mais aprofundado sobre a PEC. O clima no partido, segundo membros, indica continuidade da pré-campanha. Segundo os ciristas, a medida é um recado claro aos correligionários de que seu projeto eleitoral não pode comportar gestos de apoio ao governo Bolsonaro, ao qual o PDT diz fazer oposição.Em conversas reservadas, integrantes da sigla admitem que a atuação determinante de deputados pedetistas na aprovação da PEC tem potencial para causar estrago na campanha de 2022, mas dizem que Ciro acertou ao optar por fazer pressão declarada.Na série de postagens no Twitter em que cobrou uma reavaliação da posição da bancada, o pedetista condicionou um recuo na suspensão ao voto contrário dos deputados do PDT na votação em segundo turno da PEC, que está prevista para a próxima terça-feira (9).“Não podemos compactuar com a farsa e os erros bolsonaristas. Justiça social e defesa dos mais pobres não podem ser confundidas com corrupção, clientelismo grosseiro, erros administrativos graves, desvios de verbas, calotes, quebra de contratos e com abalos ao arcabouço constitucional”, escreveu.Na leitura de deputados de outras legendas, mais do que provocar uma mudança imediata no cenário eleitoral, a ação de Ciro pode impactar a votação da PEC. Mas há também quem veja uma tentativa de desistir da candidatura e sair por cima e quem avalie que Ciro criou uma armadilha para si, sobretudo se a maioria do PDT mantiver o voto a favor da medida no segundo turno.