A campanha deste ano em Goiás poderá custar mais do que a de quatro anos atrás. É o que avaliam marqueteiros e cientistas políticos ouvidos pelo POPULAR, apontando como razões principais para isso o aumento do Fundo Eleitoral, inflação e a possível maior quantidade de candidatos, devido ao fim das coligações proporcionais e liberação para candidaturas isoladas ao Senado.Em 2018, os 713 candidatos que chegaram às urnas no estado declararam ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) gastos de aproximadamente R$ 125,6 milhões, considerando as despesas pagas de campanha. Naquele ano, o maior gasto proporcional foi para o cargo de governador, quando seis candidatos gastaram R$ 21,5 milhões em suas campanhas. O segundo maior gasto foi para o Senado (R$ 13,3 milhões por dez candidatos).Pouco mais de 58% das despesas de todos os candidatos goianos há quatro anos foram pagas com recursos públicos; 41,73% com recursos privados. À época, o Fundo Eleitoral era de R$ 1,7 bilhão para o País (valor nominal); neste ano, o fundo cresceu quase 130%, já considerando a correção do montante inicial pela inflação do período, e chegou a R$ 4,9 bilhões.Ainda não há clareza, porém, a respeito do que deve chegar aos partidos no estado. Isso ocorre porque cabe aos diretórios nacionais decidirem como vão distribuir os recursos que vão financiar as campanhas. A executiva nacional do União Brasil, partido do governador Ronaldo Caiado, por exemplo, deve receber R$ 776,5 milhões, mas o diretório estadual ainda não sabe quanto desse valor vai chegar a Goiás (leia ao lado).Nacionalmente, o partido terá a maior fatia de recursos do fundo bilionário, seguido de PT (R$ 499,6 milhões) e MDB (R$ 360,3 milhões). “O montante disponibilizado de dinheiro público para campanha é o maior da história, então, há uma tendência de aumento de gastos. Porém, os presidentes dos partidos têm certa discricionariedade para distribuir esses recursos, o que torna difícil saber para onde irá esse dinheiro”, diz o cientista político Robert Bonifácio.Ele também aponta que pode crescer o volume de recursos arrecadados a partir de doações de pessoas físicas e por meio de “vaquinhas”. A legislação, apesar de ter proibido doações de campanha por parte de empresas, permitiu o uso de recursos próprios dos candidatos e doações financeiras ou estimáveis em dinheiro de pessoas físicas até 10% da renda bruta no ano anterior à eleição.Segundo Bonifácio, isso pode ocorrer por conta da convivência da sociedade com esse recurso, que já valeu para as eleições de 2018 e 2020. “Isso, somado ao recorde do fundo eleitoral, deve fazer dessa uma campanha milionária”, relata.O cientista político Francisco Tavares também aponta para certo aumento nas doações de campanha por pessoas físicas, “sobretudo por quem tem mais recursos”, e também fala sobre o aumento do fundo público de campanha. “Isso deve implicar em mais contratações de pessoas, maior marketing e mais uso de recursos em campanhas digitais, que custam mais caro do que se imaginava antes.”TETOMarqueteiros que devem atuar em campanhas goianas ouvidos pela reportagem apontam para a tendência no aumento dos gastos globais de campanha, mas ressaltam que os tetos de despesa impedem um crescimento muito grande. Um candidato ao governo goiano neste ano, por exemplo, não pode declarar gastos superiores a R$ 11,5 milhões no primeiro turno, e R$ 5,8 milhões no segundo (veja quadro ao lado). O valor para 2022 considerou apenas a inflação em relação ao teto de 2018, que era de R$ 9,1 milhões na primeira parte da eleição.No estado, o candidato que mais gastou naquele ano — a eleição terminou no primeiro turno — foi o governador Ronaldo Caiado (R$ 8,3 milhões), seguido de Daniel Vilela (MDB), que declarou despesas de R$ 5,3 milhões e agora é candidato a vice do atual chefe do Executivo. O terceiro maior gasto foi do ex-governador José Eliton (disputou pelo PSDB e atualmente está no PSB): R$ 5,2 milhões.No Senado, o teto é de R$ 4,4 milhões. Apesar de apenas uma vaga estar em disputa, as eleições devem contar com nove candidatos, quase igualando a quantidade de postulantes de 2018, quando havia duas vagas. Isso ocorre pela liberação do TSE para candidaturas isoladas a senador. Devem ser três candidatos apenas na base do governo atual.Leia também:Quem são os candidatos ao governo de GoiásPatriota oficializa Mendanha com vice da mesma legendaVitor Hugo escolhe pastora para a viceCom PSB, PT confirma Wolmir Amado ao governo de Goiás-Imagem (1.2505100)