Embora seja uma peça importante no xadrez político para 2022, o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles, recém-filiado ao PSD-GO, não inviabiliza o jogo para os demais partidos que cogitam aliança com o governo e estão de olho na chapa majoritária no ano que vem. Todas as lideranças políticas ouvidas pelo POPULAR, da situação, oposição e ditos independentes, afirmam que Meirelles se precipitou em considerar que já há um acordo fechado com o governador Ronaldo Caiado (DEM) e que o cenário continua totalmente aberto.A recusa do governador em falar da eleição estadual desde a filiação de Meirelles, a instabilidade política em todo o País e os imprevisíveis efeitos da pandemia do coronavírus na sucessão são citados pelas lideranças como fatores que apontam que nada está fechado para o ano que vem. Assim, não ficam descartadas as articulações com outras siglas, em especial PP, que quer compor a chapa, e o MDB, que Caiado sonha em atrair para a aliança diante da boa relação com o ex-prefeito de Goiânia Iris Rezende.“Os partidos que compõem a base, que participam de um projeto político, têm o legítimo direito de apresentar as suas postulações. Mas é muito cedo para qualquer processo de definição. Isso ocorre em 2022. O foco do governo agora é administrar, cuidar das prioridades, especialmente a pandemia”, afirma o secretário estadual de Governo, Ernesto Roller.“Nem em condições normais, não se define chapa majoritária a um ano e meio das convenções. Imagina em um momento como este de total instabilidade, local e nacional, em ano de pandemia”, diz um dirigente partidário de uma das siglas que cogitam aliança com o governo. Os próprios correligionários de Meirelles atuaram para moderar o discurso na semana passada, depois da entrevista do ex-ministro, atual secretário da Fazenda do Estado de São Paulo, ao POPULAR, em que ele afirmou que o PSD - tanto o senador Vanderlan Cardoso, como o presidente nacional do partido, Gilberto Kassab - garantiu que o governador fez o compromisso de ceder a vaga ao Senado ao partido.“Está na hora de colocar as peças na mesa e estamos colocando boas peças para o xadrez político, mas ainda não é hora de dar o xeque-mate”, afirmou à Rádio Sagres o deputado federal Francisco Júnior (PSD), que esteve junto com Vanderlan no encontro da filiação de Meirelles no apartamento de Kassab em São Paulo, no dia 12 de fevereiro.Vanderlan também fala de forma mais amena, embora aponte um pré-acordo. Ao POPULAR ele disse que, na conversa para o fechamento da aliança em Goiânia no ano passado, quando foi candidato a prefeito com apoio do governador, Caiado acertou que o PSD teria prioridade para a vaga ao Senado se apresentasse um candidato competitivo. “Antes não tínhamos, agora temos um candidato competitivo”, afirmou, completando que não havia conversado com o governador depois da filiação de Meirelles.Questões internasOs atores políticos avaliam que a queda-de-braço interna no PSD - o presidente estadual Vilmar Rocha é contrário a um acordo este ano, enquanto Vanderlan, Francisco e outras lideranças se mostram preocupados com o enfraquecimento do partido - fez acelerar a busca pela filiação de Meirelles e o anúncio como pré-candidato ao Senado em aliança com o governo. “Isso tudo tem mais a ver com a pretensão do próprio Meirelles e a inexperiência política dele e de alguns aliados do que com uma combinação de fato com o governador, que é experiente e não faria um acordo como este em 2021”, alfineta uma liderança que compõe o governo. Aliados mais próximos de Caiado afirmam ser óbvio que um governador que busca a reeleição trabalha com geração de expectativas e que ele sinaliza a partidos fortes, que tenham candidaturas competitivas, que pode haver acordo, mas nada de bater martelo.Vanderlan diz que o próprio Kassab é que se mostrou preocupado com as investidas de outros partidos sobre Meirelles e quis agilizar a filiação.