Com a presença de manifestantes e tentativas da oposição de barrar, os projetos relacionados à criação da contribuição do agronegócio foram aprovados, na Comissão Mista, na tarde desta quarta-feira (16), na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego). Uma das propostas altera o Código Tributário do Estado, criando a contribuição. A outra institui o Fundo Estadual de Infraestrutura (Fundeinfra), para destinação dos recursos.As duas propostas devem ser apreciadas em primeira votação nesta quinta-feira (17). Depois da aprovação na Mista, as matérias chegaram a ir para o plenário em sessão extraordinária. No entanto, ambas foram emendadas, o que fez com que tivessem que passar pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) antes de voltar para o plenário.A CCJ, então, foi convocada pelo presidente do colegiado, Dr. Antônio (UB), e realizada já no início da noite desta quarta. Poucos minutos após a convocação, a comissão foi iniciada com a apresentação dos relatórios de Wilde Cambão (PSD) e Talles Barreto (UB), ambos pela rejeição de todas as emendas.Elas foram apresentadas por Humberto Teófilo (Patriota), Eduardo Prado (PL), Paulo Trabalho (PL), Paulo Cézar Martins (PL), Hélio de Sousa (PSDB) e Gustavo Sebba (PSDB).Teófilo, então, pediu vistas dos dois relatórios. Ele tem 24 horas para devolver as matérias. O que significa que deve ser realizada uma nova sessão da CCJ no início da noite desta quinta-feira. Apesar da resistência da oposição, a expectativa do governo é de que, após a reunião do colegiado, seja realizada uma sessão extraordinária para, enfim, apreciar em primeira votação os dois projetos.Presidente da Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes (Goinfra), Pedro Sales ficou na Alego durante toda a discussão. Ao POPULAR, ele avalia que esse pedido de vistas não atrapalha a expectativa do governo de tempo para aprovação dos projetos. “A oposição está usando seu direito constitucional de manifestar sua contrariedade e a gente sente que a matéria está madura para ir à votação amanhã (nesta quinta)”, diz.ResistênciasDurante a sessão, também foi aprovado o pedido do líder do governo, Bruno Peixoto (UB), para que as matérias fossem votadas em regime de urgência. Votaram contra os deputados da oposição e o presidente da Casa, Lissauer Vieira (PSD), que tenta não se indispor com os produtores rurais, que são sua base eleitoral.Lissauer já se manifestou publicamente contra os projetos, apesar de ser aliado de primeira hora do governador Ronaldo Caiado (UB). Na terça-feira (16), ele afirmou ao chefe do Executivo que não dificultaria a tramitação dos projetos.Um movimento, porém, que chamou atenção foi o fato de o presidente ter determinado que a sessão desta quinta-feira será exclusivamente presencial. Ou seja, os deputados não poderão votar por meio remoto e terão que estar na Alego para participar da votação. Nesta quarta, Zé Carapô (Pros) foi o único que estava a distância que não votou a favor dos projetos.A medida determinada por Lissauer gerou contestação de Tião Caroço (UB) e outros deputados da base, que questionaram se a decisão não teria de ser tomada por meio de votação, o que o presidente negou. A interpretação é de que se trata de uma pressão sobre os parlamentares. Ao POPULAR, Lissauer resumiu: “É porque temos pautas polêmicas e tem que ser presencial.”Foram muitas as tentativas da oposição de travar a tramitação, inclusive com pedidos de votação no painel, para expor os nomes dos parlamentares que estavam votando a favor, de forma a constrangê-los mediante a presença de produtores rurais na Casa.Leia também:- Deputado apresenta emenda que destina 25% da contribuição do agro aos municípios- Base demonstra pressa em aprovar contribuição sobre a produção agropecuária em GoiásTambém houve tentativa de fazer as matérias passarem pela Comissão de Finanças. Não funcionou, todas propostas governistas passaram, até agora.Questionado quanto à pressa do governo em aprovar os projetos, Sales explica que o entendimento é que já houve discussões suficientes sobre as matérias. Ele lembra que depois da aprovação, há medidas administrativas a serem tomadas.“Tem que organizar administrativamente a gestão (do fundo). Ele vai ser regulamentado por decreto do governador. Têm que ser definidas as entidades do setor que vão participar do conselho gestor. Então, quanto antes a gente conseguir a aprovação, melhor”, diz.Quanto às emendas, Sales disse que há disposição do governo de acatar a proposta de Peixoto, que prevê que a contribuição dure até 2026. Para ele, a ideia é razoável porque permite que o governo reavalie daqui quatro anos se há necessidade de manter.Peixoto também demonstrou agrado com a proposta de Prado, de que o conselho gestor tenha um representante da Alego. Além disso, Souza propõe um repasse de 25% do fundo para os municípios, por sugestão do prefeito de Goianésia, Leonardo Menezes (UB).ClimaToda a discussão dos projetos nesta quinta foi marcada por alvoroço dos deputados. Da oposição, havia uma empolgação com a presença dos produtores rurais, que chegaram a trocar ofensas com parlamentares da base em alguns momentos de ânimos mais exaltados.Barreto, Peixoto e Amauri Ribeiro (Patriota) chegaram a ser vaiados durante seus discursos. Ribeiro inclusive foi xingado de “vagabundo” por alguém na galeria e retribuiu chamando a pessoa de “bosta”. Ele até disse que votaria a favor dos projetos “para aprenderem a respeitar”.Pouco tempo depois, porém, voltou à tribuna e afirmou que seu voto seria contrário, mesmo sendo da base. “Não é dessa forma que vocês vão conseguir agregar votos dos deputados, não é xingando”, disse aplaudido pelos manifestantes.Também estavam presentes na sessão a deputada federal eleita Marussa Boldrin (MDB) e seu padrinho político, o deputado federal e presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), José Mário Schreiner (MDB).-Imagem (Image_1.2562090)