Cresceu a adesão ao projeto de emenda à Lei Orgânica que aumenta o número de vereadores na Câmara de Goiânia, de 35 para 39, a partir de 2025. O texto foi aprovado na Comissão Mista, nesta quarta-feira (22), com o único voto contrário de Clécio Alves (MDB), que foi o vereador que colheu as assinaturas no projeto, e pode ser votado nesta quinta-feira (23). A retirada do trecho que dá abertura para aumento de salários é tida como a principal responsável pelo maior apoio à matéria, que já conta com 11 vereadores favoráveis.Além de ter votado contra o projeto que tem seu nome no protocolo, Clécio pediu que a Câmara Municipal colocasse na autoria “Grupo de Vereadores”, referindo-se a quem assinou a matéria. No entanto, a Casa ainda não divulgou a lista oficial dos parlamentares que assinaram, apesar de já ter sido solicitada.Como o POPULAR já mostrou, isso é feito por meio de rubricas. O Giro conseguiu identificar as assinaturas de Anselmo Pereira (MDB), Juarez Lopes (PDT), Leandro Sena (Republicanos), Léo José (PTB), Ronilson Reis (Podemos), Thialu Guiotti (Avante) e Bruno Diniz (PRTB).O voto contrário contra o próprio projeto vai contra o regimento da Casa. O argumento do advogado de Clécio, Lucas do Vale, é de que, como não há a assinatura do vereador na matéria, ele não vota como autor. O que é questionável, já que seu nome consta ainda no protocolo.O procurador-geral da Câmara, Kowalsky Ribeiro, explica, porém, que, mesmo que fosse constatada irregularidade no voto, a tramitação não seria invalidada porque há outros signatários na matéria. “Não anularia o protocolo do projeto de lei, porque são vários autores”, disse. Ele também afirma que, pelo mesmo motivo, Clécio não poderia, individualmente, retirar a matéria de pauta.Durante a Comissão Mista, Clécio disse que sempre foi contra a proposta e lembrou que, no passado, foi contra proposta semelhante. Ainda contou vantagem dos votos recebidos na eleição de 2020 e disse que, por ter sido o quinto mais votado, não precisava de mais vagas na Câmara para garantir uma reeleição.Ele recebeu o apoio dos vereadores Kleybe Morais (MDB) e Juarez Lopes (PDT), que se disseram favoráveis ao projeto e assumiram as assinaturas no texto. Juarez, inclusive, é apontado por outros parlamentares como o vereador que iniciou a coleta de assinaturas, o que ele nega.A postura de Clécio deixou outros vereadores estarrecidos. Embora a indignação tenha ficado mais nos bastidores, Thialu Guiotti (Avante), que assinou e é favorável ao aumento de vagas na Casa, externou a revolta durante a sessão plenária.“Tínhamos um projeto anterior que foi capitaneado pelo vereador Juarez Lopes. O Clécio veio em um segundo momento dizendo ‘isso aqui é o mesmo projeto a respeito da criação de vagas’. E aí, eu assinei. E agora ele vem e coloca que é contrário ao projeto que ele mesmo colheu as assinaturas. Vejo demagogia nisso”, disse o vereador ao POPULAR. Clécio inclusive foi visto em vídeo pedindo assinatura do Sargento Novandir (Republicanos).Thialu ainda subiu à tribuna para criticar os vereadores que assinaram o projeto e depois recuaram. Caso de Bruno Diniz, que pediu a retirada de sua rubrica, e de Ronilson Reis, que disse que não lembrava que tinha assinado. O discurso gerou reação de Ronilson, que chegou a xingar Thialu no plenário. Os dois precisaram ser apartados e depois foram levados para reunião na Presidência, onde o embate foi superado.Mas não foi só Thialu que se indignou com a retirada de apoio de Clécio à matéria, o POPULAR ouviu mais queixas nos bastidores. O caso fez até com que o relatório da Comissão Mista fosse apresentado de forma coletiva, com uma emenda que suprimiu o trecho que previa a correção do subsídio dos vereadores, a partir de 2025. A medida poderia aumentar os salários dos parlamentares em 21% (de R$ 15,6 mil para R$ 18,9 mil).O projeto foi aprovado no colegiado pelos vereadores Henrique Alves (MDB), Juarez Lopes (PDT), Kleybe Morais (MDB), Leandro Sena (Republicanos), Luciula do Recanto (PSD), Pastor Wilson (PMB), Paulo Henrique da Farmácia (PTC), Thialu Guiotti (Avante) e Willian Veloso (PL). Clécio apresentou voto em separado contrário ao projeto, que foi rejeitado.Henrique, que antes disse ao POPULAR que votaria contra o projeto, afirma que a retirada do parágrafo que aumenta os salários o fez votar a favor, já que concorda com o aumento de mais quatro vereadores na Casa.Aprovação exige ao menos 24 votosCom a aprovação na Comissão Mista, a proposta de emenda à Lei Orgânica que aumenta o número de vereadores de 35 para 39 pode ser votada nesta quinta-feira (23), já que o prazo mínimo entre aMista e a apreciação em plenário é de 24 horasPara ser aprovada, a matéria precisa do voto de pelo menos dois terços dos vereadores, ou seja, 24 parlamentares, e de dois turnos de votação em plenário, com 10 dias de intervalo entre eles.O levantamento (veja quadro na pág. 4) feito pelo POPULAR aponta que 10 parlamentares se dizem contra o projeto, o que não impactaria na proporção exigida para a aprovação, já que sobrariam 25 vereadores. Outros 11 se manifestam favoráveis, entre eles os que já votaram a favor na Comissão Mista. Seis dizem que ainda não analisaram e os demais não responderam.Quem pode dizer quando o projeto entra na pauta é o presidente da Casa, Romário Policarpo (Patriota), que tem sido procurado pela reportagem, mas nãoatende às ligações ou responde às mensagens.-Imagem (1.2376099)