O fim das coligações pode afetar também a quantidade de candidatos a deputado estadual em Goiás. Os dados parciais do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre as candidaturas no estado para este ano mostram que a quantidade de postulantes por vaga era, até o início da noite de domingo (14), o menor desde 2006. Até o fechamento desta edição, havia registro de 624 candidatos às 41 cadeiras da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), apontando para 15,2 postulantes por vaga. Em 2006 foram 11,7 e, desde então, o número sempre superou os 15,7 — no pleito de 2018 foram 22,1, e em 2014, 20,6.Para o cientista político Robert Bonifácio, a tendência de redução do número até o momento pode ser explicada pelo fim das coligações, uma vez que os candidatos a deputado estadual passam a não ser privilegiados na distribuição de recursos de campanha por parte das legendas políticas. “O foco para distribuição do dinheiro passa a ser os candidatos a deputado federal. Aos (candidatos a) deputados estaduais, dá-se o mínimo, porque não agrega nacionalmente.”A fala faz referência ao fato de que a principal disputa nos partidos foi para formação das chapas de deputados federais. Esse forte interesse na eleição para a Câmara dos Deputados ocorre porque passa pelo número de cadeiras conquistadas na Casa, por exemplo, a quantidade de recursos públicos a que uma legenda terá acesso, como os fundos partidário e eleitoral, além de tempo de rádio e TV.Soma-se a isso o fato de que o quociente eleitoral para se eleger um deputado federal é alto. Em 2018, o quociente foi de aproximadamente 180 mil votos, quantidade alcançada por apenas um candidato há quatro anos: Delegado Waldir (UB) teve 274,4 mil votos naquele ano e vai disputar cadeira no Senado em 2022.VANTAGEMNeste cenário, segundo explica o cientista político, os deputados estaduais com mandato e que vão disputar a reeleição — 26 dos 41 já registraram candidatura — acabam tendo vantagem sobre os demais candidatos. “Com os partidos não priorizando essa disputa, quem tem mandato tende a se fortalecer, porque dispõe, por exemplo, de emendas parlamentares.”Como o POPULAR já mostrou, os deputados estaduais têm direito a aproximadamente R$ 387 milhões em emendas neste ano, das quais mais de R$ 110 milhões são de recursos que podem ser transferidos diretamente aos prefeitos ou entidades de suas bases eleitorais e que podem ser aplicados em quase qualquer finalidade, e sem fiscalização prévia. Isso ocorreu porque os parlamentares criaram, em junho, a modalidade de emendas chamada de transferências especiais, comumente chamada de “pix orçamentário.”“É claro que pode ter casos de novas lideranças que surgem”, analisa Bonifácio, “mas, olhando para o geral, é uma eleição muito favorável para quem tem mandato.”