Após garantir a posse para o terceiro mandato no comando da Câmara de Goiânia em decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente Romário Policarpo (Patriota) e seu grupo podem conseguir também êxito em aumentar de 35 para 39 as vagas de vereadores na capital - uma demanda antiga dos parlamentares. Na sexta-feira (16), Cabo Senna (Patriota) apresentou um documento com as assinaturas de 29 vereadores em apoio à matéria.Um projeto de Emenda à Lei Orgânica do Município foi colocado em votação no plenário no dia 6 de dezembro. Na época, a possibilidade de Policarpo perder o terceiro mandato estava em debate no STF. O Giro mostrou que o presidente se adiantou à articulação de um grupo de opositores, que, com expectativa de nova eleição da Mesa Diretora, tentava atrair apoio.A proposta já está apta a passar por segunda votação no plenário, mas, até o fechamento desta edição, não constava na pauta da sessão desta terça, publicada no portal da Câmara. No entanto, a matéria ainda pode ser incluída por meio do recurso de “inclusão e inversão de pauta”, quando os vereadores decidem votar com urgência algum projeto. Esta estratégia foi utilizada para colocar a proposta em votação no plenário pela primeira vez.Leia também:- Vereadores estão confiantes em aumento de cadeiras na Câmara de Goiânia- STF confirma novo mandato de Policarpo na presidência da Câmara de Goiânia- Segunda lista que cria novas vagas para vereadores tem rubricas ‘sem dono’Apresentado em 2021, o projeto foi engavetado há cerca de um ano, em meio à polêmica sobre assinaturas misteriosas. De 13 rubricas que respaldaram o início da tramitação, cinco não foram identificadas pela Câmara. Especialistas consultados pelo POPULAR criticaram o fato de o projeto continuar a tramitar desta forma, pois não é possível garantir que as assinaturas são de vereadores.No entanto, esta questão não é vista como problema por vereadores, que declaram confiança na Mesa Diretora para conduzir o processo. Na primeira votação, o projeto foi aprovado com 29 votos e a expectativa é de que o texto também receba amplo apoio na segunda vez que passar pelo plenário. O único vereador que declarou publicamente voto contrário à proposta foi Sargento Novandir (Avante).No documento apresentado na sexta, Senna diz que o intuito é “sanar quaisquer divergências quanto às assinaturas”. O vereador solicita que a peça seja incluída no processo para cumprir dispositivo da Lei Orgânica do Município que estabelece que um projeto deste tipo, se tiver origem na Câmara, precisa ter a assinatura de, no mínimo, um terço dos membros da Casa (12 vereadores).Nos bastidores, a informação é de que o documento foi assinado para demonstrar unidade da Casa em torno da matéria e também como respaldo jurídico. Não assinaram a peça Aava Santiago (PSDB), Izídio Alves (MDB), Joãozinho Guimarães (SD), Novandir e Policarpo.Aava é favorável à matéria e disse que não assinou o documento porque não foi procurada. Policarpo não assinou porque é presidente da Casa, mas registrou voto a favor na primeira votação. A reportagem não conseguiu contato com Izídio e Joãozinho. O primeiro foi favorável à matéria na primeira votação e o segundo não estava na sessão.Novo mandatoA vitória de Policarpo no STF foi recebida com entusiasmo por membros de seu grupo e desmobilizou a articulação de vereadores que já pensavam na possibilidade de uma nova eleição para o comando da Casa. Os parlamentares citados nos bastidores como parte desse movimento são Sabrina Garcêz (Republicanos), Ronilson Reis (PMB), Leandro Sena (PRTB), Thialu Guiotti (Avante), Leia Klébia (PSC), Lucas Kitão (PSD) e Igor Franco (PROS).Sabrina e Franco declararam apoio a Policarpo e comemoram o resultado do julgamento do STF. Já Thialu argumentou que ajudou Policarpo em sua reeleição. O vereador também disse que conversou com o presidente sobre seu interesse em disputar a eleição caso o resultado no STF fosse desfavorável, mas não o faria sem apoio de Policarpo. Os demais não responderam à tentativa de contato.Franco cita que o voto vencedor foi pelo não conhecimento da matéria, ou seja, que o STF não seria a instância adequada para julgar a ação. “No meu ponto de vista de advogado, o adequado seria uma ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade) no TJ-GO”, diz.Apesar disso, ele afirma que é contra a continuidade do processo. “Ele já foi eleito, já está no mandato. Policarpo é muito querido aqui na Casa, vai tirar para eleger quem? A maioria aqui achou bom o resultado”, acrescentou.Mauro Rubem (PT), que apesar de ser oposição ao prefeito Rogério Cruz (Republicanos) sempre foi do grupo de Policarpo, comemorou a decisão. “Nos últimos meses o município tem estado numa situação difícil, então manter a gestão da Câmara foi um alívio”, avalia.Luciula do Recanto (PSD) afirma que “a justiça foi feita e a lei cumprida, pois tudo foi feito dentro da legislação, caso contrário não teria acontecido”. Para ela, o movimento envolveu interessados em desarticular a política interna da Casa, com o intuito de atingir a Prefeitura.Aava disse que não só imaginava que o desfecho seria este como estava torcendo. Integrante da Mesa Diretora, afirma: “Temos feito um trabalho muito bom à frente da Câmara em termos de garantia de direitos dos servidores e modernização de alguns espaços.” Para Aava, trata-se de uma vitória da política.Ela acrescenta que a decisão desarticula o movimento que já se organizava para uma possível nova eleição. “É muito temerário que haja uma articulação para suceder um presidente que está com mandato vigente. O (Lucas) Kitão seria o único legítimo a fazer isso porque não votou na gente”, disse. Léo José (Republicanos) e Henrique Alves (MDB) também comemoraram a decisão do STF.Policarpo foi reconduzido para o terceiro mandato, no biênio 2023-2024, em eleição antecipada realizada em setembro de 2021. Isso foi possível após alteração no regimento interno da Câmara, questionada no STF.Em seu voto - apoiado pela maioria dos ministros -, Dias Toffoli, relator do processo, destacou que o STF já havia estipulado 7 de janeiro de 2021 como marco temporal. Com isso, a única eleição de Policarpo considerada no caso foi a de 30 de setembro de 2021.-Imagem (1.2581137)