Em carta encaminhada ao POPULAR nesta sexta-feira (7), a ex-diretora de Gestão Corporativa da Saneago Silvana Canuto Medeiros classificou como “vazias” as denúncias de suposta irregularidade em contrato de almoxarifado virtual para a empresa. Os questionamentos levantados levaram à abertura de investigação conduzidas pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO). Além disso, Silvana foi destituída do cargo oficialmente nesta sexta-feira (7), após o governador Ronaldo Caiado (DEM) indicar o nome do diretor-executivo de Liquidação de Estatais da Secretaria de Administração (Sead), Edson Sales de Azeredo Souza, para o cargo que ela ocupava. Nos bastidores, a informação é de que Caiado tomou a decisão para esclarecimento das denúncias.Na carta ao POPULAR, Silvana afirmou que “diversas ações realizadas no enfrentamento e combate a irregularidades no âmbito da Saneago, adotadas pela minha gestão frente à Diretoria, geraram insatisfações por parte de algumas poucas pessoas, que - em represália - vêm praticando reiterado denuncismo vazio. Estas denúncias deram origem aos procedimentos preliminares que se encontram em curso”. Silvana argumentou que ao assumir a diretoria de Gestão Corporativa da Saneago, o cenário do almoxarifado da companhia era “problemático com falta generalizada de materiais básicos, lentidão, problemas nas aquisições e histórico de ressalvas em relação ao controle de estoque”. A ex-diretora afirmou que o cenário prejudicava o funcionamento da empresa, atingindo também a prestação dos serviços ao cliente.“Como alternativa, a gestão da Saneago propôs a adoção do almoxarifado virtual. Este modelo é uma ferramenta moderna e segura, que dá transparência e rastreabilidade nas compras de materiais. É amplamente utilizado tanto pela administração pública, quanto pelas grandes empresas do setor privado. Sendo indispensável para tornar a Saneago mais eficiente, competitiva e prepará-la para sobreviver no ambiente do Novo Marco Regulatório do Saneamento”, escreveu.Silvana também ressaltou que o planejamento da licitação e contratação foi realizado por equipe multidisciplinar de empregados concursados da companhia. “O procedimento teve a devida análise jurídica. A licitação e homologação do certame foram autorizadas pela Diretoria Colegiada e pelo Conselho de Administração. O processo licitatório foi acompanhado pela Controladoria Geral do Estado de Goiás (CGE), que concluiu pela regularidade da licitação”, argumentou. De acordo com Silvana, diante de “ataques apócrifos e infundados”, sua diretoria demandou tanto à CGE quanto à Superintendência de Auditoria Interna da Saneago nova inspeção sobre o contrato. Assinado em dezembro de 2020, o contrato está, segundo a empresa, suspenso. No texto, Silvana também destacou que é policial civil de carreira e gestora pública há 30 anos. “Minha história e minha conduta sempre se pautaram na honestidade e na lisura. Nos diversos cargos que já ocupei na gestão federal e em governos estaduais, minha trajetória profissional é ilibada, correta e íntegra. Não há quaisquer atos que desabonem meu trabalho”, escreveu. “Afirmo e asseguro que todos os atos realizados por mim e pela equipe estão fundados na legalidade e probidade, não há conduta dolosa. Tenho certeza de que a verdade prevalecerá”, escreveu.”InvestigaçãoEm nota, a Polícia Civil informou que os fatos estão sendo apurados “mediante inquérito policial instaurado e que, no momento, não concederá informações e entrevistas a fim de não prejudicar o andamento das investigações.” Também por nota, o MP-GO disse que tomou conhecimento sobre a denúncia apontada pela reportagem, “que será apurada nas esferas criminal e de defesa do patrimônio público (cível)”. A Saneago também encaminhou nota. No texto, a empresa informou que o diretor comercial, Hugo Goldfeld, está responsável pelas funções da diretoria de Gestão Corporativa até que o novo titular tome posse. Segundo a Saneago, após o recebimento da documentação do indicado (o que ainda não ocorreu), o comitê de elegibilidade tem até 10 dias para analisar o material e, em seguida, emitir parecer. Em seguida, o conselho de administração terá reunião ordinária ou extraordinária para deliberar sobre o assunto. A empresa também já havia se posicionado anteriormente sobre a investigação, afirmando que implantou e tem priorizado “a execução das melhores práticas de governança e compliance”. “Faz parte das rotinas de controle interno e externo, a solicitação de informações e auditorias sobre os contratos. E a Saneago presta todas as informações solicitadas, reforçando o compromisso da gestão em garantir a lisura em todos os processos”, diz a nota. A reportagem entrou em contato com o governo de Goiás, mas não houve retorno até o fechamento desta edição.