Com parte do União Brasil (UB) a caminho da base do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), deputados federais de Goiás filiados à sigla que estarão no próximo mandato querem manter posições de independência ou oposição. Zacharias Calil (UB) diz que pediu licença para ser oposição e Silvye Alves (UB) quer independência nas votações.Deputada federal eleita que recebeu mais votos na bancada goiana, Silvye diz que o partido ficou de agendar uma reunião com os parlamentares em janeiro. Para ela, até que seja realizado o encontro, tudo ainda está no campo da especulação. “Acredito que vão colocar as cartas na mesa para dizer a posição do partido. Mas eu sei que tem muitos deputados ali que são contra”, conta.Individualmente, Silvye afirma que não quer ter adversário político. “Eu vou ser uma deputada que se tiver projeto que for ruim para o Brasil, eu vou votar contra, mas se for algo para o Brasil caminhar, eu vou estar junto”, diz.Leia também:- Câmara de Goiânia e Alego legislam em causa própria- Jackson Abrão entrevista Silvye Alves, deputada federal eleita (União Brasil)A jornalista defende a união de deputados em prol de boas pautas, independentemente da posição partidária. “Eu vou trabalhar não para uma neutralidade, mas para que eu possa trabalhar em paz. Eu não quero briga, não quero trabalhar contra partido A ou B”, explica.Calil, no entanto, reforça seu posicionamento na oposição. Atual mandatário, ele foi, inclusive, um dos parlamentares da bancada goiana que votou contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição, articulada pelo governo eleito, que colocou benefícios sociais fora do teto de gastos.O deputado lembra que já declarou que estaria na oposição e, por isso, considera que seria incoerente de sua parte se tornar base do governo Lula. Calil, então, comunicou isso ao líder do União Brasil na Câmara dos Deputados, Elmar Nascimento, e pediu independência para votar. “Foi o que aconteceu na votação da PEC da Transição. E ele concordou comigo, disse que respeitava minha posição”, relata.Nascimento foi, inclusive, o relator da PEC. Calil conta que justificou ao líder que seu estado, Goiás, tem uma maioria que apoia o atual presidente Jair Bolsonaro (PL), que foi o adversário de Lula na eleição deste ano.O deputado goiano avalia, pelo que tem acompanhado, que é natural que o partido caminhe para a base. “Mas mesmo que nós tenhamos ministérios, eu vou continuar focado no meu trabalho no que for melhor para o estado e para o país”, diz.MinistériosVice-presidente do União Brasil em Goiás, o deputado federal Delegado Waldir (UB), que encerra o mandato em janeiro, trata como quase certa a nomeação de dois ministros indicados pelo partido no governo Lula. Um dos nomes cotados, inclusive, é o de Elmar Nascimento.Segundo Waldir, o outro nome será indicado pela bancada do partido no Senado, que deve partir do grupo do senador Davi Alcolumbre (UB). Os ministérios, no entanto, ainda não estão definidos, mas o deputado goiano estima que até sexta-feira (30) isso já esteja definido.A articulação, segundo Waldir, tem sido feita pela executiva nacional do partido. O deputado diz que o governador Ronaldo Caiado (UB), que integra a direção nacional da sigla, tem sido mantido informado, mas que não tem tido atuação direta até porque recentemente esteve internado para tratamento de saúde.Na sua avaliação, os deputados goianos filiados ao partido devem trabalhar para garantir a governabilidade. “Você permitir que o novo governo traga as propostas de continuidade da democracia”, afirma Waldir. Para ele, será fundamental para o União Brasil na próxima gestão o desentrave da reforma tributária.Secretário de Comunicação do governo estadual e tesoureiro do diretório estadual do União Brasil, Marcos Roberto reforça que Goiás não tem atuado na articulação com o governo federal. “Essa discussão está a nível nacional, não tem passado nada por Goiás ainda não”, diz o dirigente.