Os deputados federais de Goiás gastaram juntos R$ 5,534 milhões em cota para o exercício da atividade parlamentar em 2021, ano pré-eleitoral. O recurso é disponibilizado para despesas do mandato. O principal destino desta verba foi a divulgação de atividade dos deputados, em que foi gasto R$ 1,7 milhão no total. Apenas Alcides Rodrigues (Patriota) e Delegado Waldir (PSL) não registraram despesa deste tipo.O levantamento foi feito pelo POPULAR com base em informações disponíveis no site da Câmara dos Deputados, extraídas no dia 5 de janeiro. O valor da cota parlamentar é variável de acordo com cada estado, por causa das diferentes distâncias entre as unidades da federação que deputados representam e Brasília, fator que interfere em custos de locomoção, como passagem aérea.Em Goiás, cada deputado tem direito a R$ 35,5 mil por mês (R$ 426 mil por ano) deste recurso. O valor não usado acumula ao longo do exercício financeiro. Entre as áreas em que o parlamentar também pode investir o dinheiro estão manutenção de escritório, consultoria e pesquisas, aluguel de veículos, combustíveis, telefonia, entre outras (veja quadro). No caso da divulgação de atividades do parlamentar, é proibido o uso do recurso para este fim nos 120 dias anteriores à eleição.Na lista dos deputados, Professor Alcides (PP) foi o que mais usou recursos da cota, R$ 406 mil ao longo do ano passado. O principal gasto do parlamentar foi com divulgação do mandato, área em que investiu R$ 165 mil. A segunda maior despesa foi com aluguel de veículos, que custou R$ 131,8 mil, seguida de combustíveis (R$ 60,9 mil), manutenção de escritório (R$ 47,2 mil) e telefonia (R$ 1,2 mil).Em nota, Alcides afirmou que as despesas com cota parlamentar “são feitas exclusivamente a serviço do mandato”. “Estou visitando os 246 municípios goianos levando benefícios e ouvindo os anseios de cada cidade para pautar meu trabalho na Câmara dos Deputados, que faço questão de divulgar como forma de prestar contas à sociedade”, afirmou. Alcides argumentou ainda que “nenhum deputado federal de Goiás tem estrutura do tamanho da minha colocada a serviço do povo, o que justifica os gastos”.Em 2º lugar na lista está Flávia Morais (PDT), com R$ 397 mil. A parlamentar afirmou que a verba foi usada de forma semelhante a 2020, e destacou que os preços de mercadorias (como combustível) e de prestação de serviços aumentaram. Flávia argumentou que, se comparado a 2020 (quando houve maior restrição por causa da pandemia), em 2021 foram feitas mais visitas às cidades de sua base eleitoral, que ficam localizadas em diferentes regiões do estado. As principais despesas da parlamentar foram com consultoria e pesquisas (R$ 132 mil) e divulgação de atividades (R$ 100 mil).Adriano do Baldy (PP) foi o 3º que mais usou o recurso, R$ 389 mil no total. Com divulgação do mandato, a despesa foi de R$ 152 mil. Adriano também justificou que representa diferentes cidades do estado e argumentou que, por ser deputado de primeiro mandato, tem usado a verba para divulgar seu trabalho e ir às bases eleitorais. “Cada um tem um estilo de trabalho. Meus votos foram pulverizados. Meu trabalho acaba custando mais mesmo”, disse.Menores valoresNa outra ponta, Delegado Waldir (PSL) foi o que registrou menor uso da cota parlamentar em 2021, R$ 149,5 mil. O deputado afirma que fez a escolha de ter mandatos com despesa mais enxuta, usando recurso próprio para pagar alimentação e hospedagem, por exemplo. Nas redes sociais, Waldir tem alcance de público herdado de sua carreira na Polícia Civil. Em 2021, o deputado usou a cota para aluguel de veículos (R$ 105 mil), combustíveis (R$ 43 mil) e serviços postais e de telefonia, que somam juntos pouco mais de R$ 100.Francisco Jr. (PSD) registrou o segundo menor valor, com R$ 259 mil. A verba foi aplicada principalmente em consultoria e pesquisas (R$ 90 mil) e manutenção de escritório (R$ 66 mil). O deputado argumentou que a relatoria de dois projetos e votação de matérias polêmicas na Casa demandaram estudos complementares. Segundo Francisco, sua despesa geral ainda pode ser atualizada porque faz a divulgação de atividades no fim do ano. Os deputados têm até 90 dias para apresentar o comprovante dos gastos. O salário de um deputado federal é de R$ 33 mil.Luiz do Carmo usou R$ 227 mil; Vanderlan, R$ 67 mil Entre os senadores, Luiz do Carmo (MDB) usou a maior quantidade de recurso da cota parlamentar em 2021, R$ 227 mil. O dinheiro foi aplicado em aluguel de imóvel para escritório político, contratação de serviços de apoio e divulgação de atividades. Por mês, os senadores têm R$ 21 mil disponíveis para despesas de trabalho. As informações são do portal da transparência da Casa.Carmo afirmou que o uso do recurso está dentro da normalidade porque o dinheiro foi aplicado apenas no mandato. “Estou fazendo uma coisa justa, divulgando meu mandato. Gastei dentro da legalidade”, disse.Já Vanderlan Cardoso (PSD) usou R$ 67 mil ao longo do ano. O principal destino do valor foi aluguel de escritório político (R$ 64,7 mil), o restante foi aplicado em aquisição de material de consumo, segurança e na categoria que engloba locomoção, hospedagem, alimentação e combustíveis. Segundo Vanderlan, a maior parte das despesas de mandato são pagas com recurso próprio.Não há no portal o registro de uso da cota parlamentar por Jorge Kajuru (Podemos). O senador afirma que tomou a decisão logo que foi eleito. Kajuru explica que faz poucas visitas às cidades do interior e usa as redes sociais para divulgar atividades e emendas encaminhadas aos municípios.De acordo com o senador, quando é preciso ir a alguma cidade, a tarefa costuma ficar a cargo de um membro de sua equipe. O parlamentar afirma que as despesas com combustível, alimentação e com aluguel de escritório político (que até o ano passado dividia com Elias Vaz, PSB) somam cerca de R$ 6 mil por mês e são pagas com recurso próprio.Os senadores têm salário de R$ 33 mil por mês e acesso a benefícios como auxílio-moradia ou imóvel funcional. Vanderlan e Luiz do Carmo usaram imóvel funcional em 2021; Kajuru, não.-Imagem (1.2383984)