A pouco mais de um mês para a abertura da janela partidária, os deputados estaduais e federais se preparam para as possíveis mudanças de sigla. As movimentações, apesar de causadas por motivos diferentes, têm o mesmo objetivo: viabilizar as suas respectivas candidaturas na eleição deste ano. Embora alguns já deem como certa sua saída da legenda atual, o destino da maioria ainda é incerto. A janela partidária, de acordo com o calendário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), será aberta no dia 3 de março e fechada em 1º de abril. Esse é o período em que deputadas e deputados federais, estaduais e distritais podem trocar de partido para concorrer às eleições sem perder o mandato.Na bancada goiana da Câmara dos Deputados, pelo menos dois já têm as saídas das atuais siglas tidas como certas. É o caso de Célio Silveira (PSDB). O parlamentar foi eleito pelo partido tucano em 2018 em um pleito de muitas derrotas para a legenda dos ex-governadores Marconi Perillo (PSDB) e José Eliton (PSDB). Além de ter perdido as eleições para o governo e para o Senado, o diretório goiano do partido só conseguiu garantir uma cadeira no Congresso Nacional, a de Célio.Ao longo do mandato, o parlamentar foi se afastando do partido. Célio acabou seguindo os passos de seu aliado, o prefeito de Luziânia, Diego Sorgatto (DEM), e passou a apoiar o governador Ronaldo Caiado (DEM). Com isso, sua permanência no PSDB, principal partido de oposição ao democrata, tornou- se cada vez mais incerta.Ele conta que tem conversado com pessoas de Brasília do PSDB, mas já tem dialogado com novas siglas. Célio diz que ainda não sabe para qual vai migrar, mas que tem tido conversas mais sólidas com o MDB, presidido por Daniel Vilela em Goiás, pré-candidato a vice-governador na chapa de Caiado. Célio afirma que sua intenção é apoiar o democrata em seu projeto de reeleição para governador. Se Célio deixa sua sigla atual para apoiar Caiado, o deputado federal Vitor Hugo (PSL) faz o caminho oposto. O PSL, seu partido, está em processo de fusão com o DEM para se tornarem o partido União Brasil. Em Goiás, já ficou acertado que será Caiado quem vai presidir a nova sigla. Vitor Hugo, além de ser aliado de primeira hora de Bolsonaro, de quem Caiado cada vez mais se afasta politicamente, quer ser candidato a governador de Goiás. A intenção do deputado federal é se filiar ao PL, mesmo partido que Bolsonaro se filiou, e viabilizar sua candidatura. Em Goiás, ele encontra um impasse, já que o partido, comandado por Flávio Canedo, marido da deputada Magda Mofatto (PL), no estado, já fechou apoio à candidatura do prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha (sem partido), que pode disputar contra Caiado a cadeira de governador.Mendanha, aliás, também é motivo de impasse para outro deputado federal. José Nelto (Podemos) foi trocado pelo vice-prefeito de Aparecida de Goiânia, Vilmar Mariano, no comando do Podemos no estado, nesta semana. Mariano, que era filiado ao MDB, se filiou ao partido de Nelto e assumiu o comando da comissão provisória do partido em Goiás. A mudança foi um sinal de que a sigla pode apoiar Mendanha na disputa pelo governo.A reportagem havia conversado com Nelto um dia antes dessa mudança e ele dizia que trabalhava pela formação da chapa proporcional do Podemos e, ainda, pelo apoio a Caiado, de quem é aliado. Agora, o deputado diz que está com o coração ferido e ainda não decidiu o que vai fazer. A probabilidade é de que deixe o Podemos e se filie a algum partido da base caiadista. Mas Nelto prefere não antecipar para qual sigla pode se mudar. “Vou ouvir toda a base do partido que eu ajudei a construir em Goiás e depois vou dar uma coletiva para falar do meu futuro político”, disse ao POPULAR. Outro deputado federal goiano que pode trocar de partido é José Mário Schreiner (DEM). Ele afirma que sua saída do DEM, partido do governador, não é algo certo, mas admite que tem conversado com outras siglas. “Provavelmente, vou mudar, mas não há definição. Ainda está muito cedo para definir isso, mas a gente sempre recebe convites. Ainda tem muita água para rolar”, diz.EstaduaisNa Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), a mudança de partido por alguns deputados é o que arremata, de vez, as transições que ocorreram ao longo do mandato, com a ida de alguns para a base e de outros para a oposição. Os três deputados do PSL, por exemplo, que iniciaram a legislatura, em 2019, na base do governador, hoje são oposição e aguardam a janela para sair da sigla, que se funde com o DEM. “Sob o comando de Caiado, eu não fico, prefiro sair da política”, diz Major Araújo (PSL). Segundo ele, seu critério para o novo partido será a posição adversária ao governador.Araújo conta que teve conversas preliminares com o Republicanos, mas espera a sigla definir sua posição no pleito local. “Disseram pra mim que como o deputado João Campos vai disputar o Senado e não tem espaço na chapa do governador, o partido não deve ficar na base na eleição, mas eu não escutei isso do João Campos, por isso estou esperando”, diz. Ele afirma que também teve conversas com o PTB, PL e o Patriota.Também no PSL, Humberto Teófilo e Paulo Trabalho querem se filiar a partidos da base do presidente Jair Bolsonaro (PL). Os dois almejam cadeiras na Câmara dos Deputados. Paulo, porém, admite que pode disputar a reeleição na Alego a depender das circunstâncias.Outro da oposição, Cláudio Meirelles (PTC) diz que deve deixar seu partido porque a sigla está focada na chapa para deputado federal. A ideia do parlamentar é se filiar ao mesmo partido que Mendanha escolher. Por outro lado, filiados a partidos de oposição devem aproveitar a janela para migrar para siglas da base. É o caso de Francisco Oliveira (PSDB), que desde que assumiu a cadeira de Diego Sorgatto na Assembleia se diz da base de Caiado. “Tenho convite do União Brasil e do MDB. Conversei muito com Daniel Vilela, de quem sou amigo pessoal, e estou no seu projeto”, disse ao POPULAR.Outro peessedebista, Talles Barreto também estará de mudança. Ele passou para a base no ano passado, ao votar junto com o governo em matérias polêmicas. Talles afirma que ainda não tem o destino definido, mas lembra que iniciou sua vida política no PSL, que agora se funde com o partido do governador. Sua tendência é ir, inclusive, para uma sigla da base.Além deles, o próprio presidente da Casa, Lissauer Vieira (PSB), já decidiu que vai mudar de partido. Alinhado com o governador e com o presidente Bolsonaro, o deputado não vê mais espaço no PSB. Apesar de ainda não dizer a qual partido vai se filiar, suas movimentações indicam que seu destino será o PSD. Virmondes Cruvinel (Cidadania) é outro que estuda a possibilidade de mudança, mas afirma que não há nada adiantado nesse sentido. Ele diz que, antes, quer ter conversas com os comandos estadual e nacional do Cidadania. Virmondes conta, porém, que recebeu convites do PSD e do União Brasil. “Que são partidos que têm uma linha de identidade com as pautas que eu defendo. Eu deixei a porta aberta para o diálogo, porque nós também temos que estar atentos, ainda mais neste ano sem coligação, às chapas competitivas”, explica.-Imagem (1.2390896)