A Saneago, estatal de saneamento de Goiás, reduziu investimentos em 35% e aumentou despesas com pessoal em 228% de 2010 a 2017, aponta levantamento feito pelo Ministério da Economia em todo o País. De acordo com o estudo, trata-se da quinta empresa com maior queda de investimentos no período.Considerando a inflação dos sete anos incluídos na pesquisa, os gastos com empregados subiram em mais de 100% (aumento real). O estudo também registra que houve crescimento no número de funcionários em torno de 30%.O levantamento, que foi divulgado no dia 18 pelo jornal O Globo, faz alertas sobre a carência de investimentos, enquanto nove Estados chegam a utilizar mais de 50% da receita operacional do prestador para pagamento de pessoal. O POPULAR teve acesso ao levantamento, com dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), do Ministério de Desenvolvimento Regional, e traz mais detalhes específicos da situação da estatal goiana (veja quadro). No caso da Saneago, a aplicação em 2017 foi de 42,41% da receita para salários e 10,42% em investimentos - que levam em conta aplicações em expansão de redes de água e esgoto.O estudo também mostra a variação de tarifas e a prestação de serviço das estatais. A Saneago aumentou nominalmente em 88% a tarifa de água de 2010 a 2017, porcentual bem superior à inflação do período, de cerca de 60%. Em 2017, a empresa ocupava a terceira posição na lista de maiores tarifas do País e praticamente toda a população urbana era atendida. Já na parte de esgoto, a variação da tarifa foi de 107% e o valor praticado em 2017 era o sexto maior do Brasil. Ainda assim, 47,39% da população do Estado não possuía coleta de esgoto.A direção da Saneago afirma que, para acompanhar a expansão dos sistemas de abastecimento de água e de esgotamento sanitário, foi necessário ampliar também o número de servidores, mas que há “tendência de equilíbrio” na relação entre investimentos e gastos com pessoal. A estatal diz que adotou medidas de reestruturação, com dois Programas de Desligamento Voluntário (PDVs), e está reduzindo custos para recuperar a capacidade de investimentos. Segundo a empresa, 605 empregados aderiram aos PDVs, com economia anual de R$ 139 milhões. A Saneago também informou que fechará 2019 com R$ 1,1 bilhão de investimentos em obras contratadas, com financiamentos e recursos próprios. Questionada sobre a previsão de investimentos e gastos com pessoal para este ano, a empresa alegou que não pode informar por conta de instrução da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que estabelece limite de divulgação de dados para empresas envolvidas em oferta pública de ações. Foi o mesmo argumento utilizado em resposta ao questionamento sobre possíveis estudos para privatizar a empresa.A empresa pretende vender até 49% das ações no processo de IPO (Initial Public Offering, em inglês) ou Oferta Pública Inicial, que ocorrerá ainda este ano.TarifasEm relação às tarifas, a Saneago informou que os aumentos “foram devidamente aprovados pelo agente regulador e seguiram as diretrizes estabelecidas pela legislação aplicada sobre o setor”. Segundo a direção, a revisão tarifária busca a recuperação dos investimentos realizados em melhorias e ampliações dos sistemas de água e esgoto e o equilíbrio econômico-financeiro da empresa. Sobre o fato de a tarifa de água ser a terceira maior do País, a Saneago informou que cada empresa possui seu próprio órgão regulador independente, que é responsável pela definição de seu modelo regulatório. “Nesse contexto, devido à falta de parâmetros uniformes entre as agências regulatórias, cada empresa possui sua própria estrutura tarifária. Por isso, essa comparação é questionável”, diz.Quanto à cobertura de serviço de esgoto, a empresa informou que no primeiro semestre deste ano houve ampliação de 59,8% para 60,9% da população do Estado. “São 33 mil novas ligações, correspondente a 100 mil habitantes beneficiados com o serviço”, informou.-Imagem (1.1876643)