-Imagem (1.2510776)“Existe no Estado, infelizmente, uma falácia de segurança, mas isso não é real. É um governo da morte”. A fala é de Edigar Diniz (Novo), segundo entrevistado da série de sabatinas do jornal O POPULAR e rádio CBN com candidatos ao governo de Goiás. Na conversa, nesta terça-feira (16), Diniz reforça o emprego de tecnologia e inteligência nas forças policiais para reduzir a letalidade em abordagens policiais.O partido Novo vai com uma chapa pura para as eleições. Por que não houve uma coligação? Tentou-se conversar com outras siglas?Não, a priori não. Essa é uma forma que o Novo tem trago. O Novo é um partido exemplo, né. A gente é um partido que abriu mão de um fundão eleitoral de R$ 5 bilhões, o que é um exemplo muito forte de como a gente respeita o dinheiro público. É um partido que tem o Romeu Zema que tem dado esse exemplo em Minas de gestão, de redução do Estado, de atração de emprego, geração de renda, não morar em um palácio. Então, nós somos um partido exemplo. E a gente quer dar o exemplo também nessas alianças. A gente acredita que a forma como as alianças tem sido feitas na política tem roubado de nós a nossa esperança em nossos líderes. A gente tem vivido tempos onde vê uma aliança entre pessoas que eram inimigas.Vocês não vão me ver no segundo turno sentado com nenhum desses candidatos. Não porque eu não acredito nas pessoas, mas porque eu não acredito na forma como a política está sendo feita.Eu sou um candidato pelo partido que passou por um processo seletivo. Todos os meus secretários, todos os meus diretores e gestores, todos os cargos importantes vão ser contratados por empresa de RH. E é isso que vai fazer diferença, é o que o Zema fez em Minas.O senhor citou o governador de Minas, Romeu Zema. Ele também disputou em 2018 com chapa pura e agora é candidato à reeleição com dez partidos aliados. Não passa uma ideia de que o Novo faz um discurso, mas na hora de governar reconhece a necessidade de partidos aliados? Não passa a ideia de que pode fazer barganhas políticas e loteamentos de governo como o senhor está condenando? Na verdade não. O que o Zema está fazendo é diferente. Primeiro ele fez um governo puro. Ele trouxe uma gestão absurda para o Estado. O Novo só autoriza uma aliança quando ele percebe que essa aliança é transparente, é verdadeira e não prejudica o povo.É triste quando a gente vê um Geraldo Alckmin aliando com o Lula. Quando você vê que hoje o Daniel Vilela, que na eleição passada agredia de uma forma muito contundente o governador, dizendo que ele não tinha caráter, que ele estava participando de corrupção. A gente vê aquilo ali e de repente eles estão aliados e se dizem os maiores amigos mundo. Sabe a única coisa que eu sinto que as pessoas mais esperam de um político? É que ele fale a verdade. Nós estamos preparados para a verdade, inclusive para dizer “olha, nós estamos mal nisso, mas estou fazendo isso para melhorar e vou entregar em tal data”.No seu plano, o senhor citou a Saneago e a Enel. A Enel vem com problemas e inclusive pode ser negociada. Saneago, o processo seria de concessão do serviço que a gente tem hoje?A Saneago a gente acredita que tem que ser mantida. Ela já está preparada para ser vendida, foi feito um IPO de 49% das ações. Esse é um processo correto, isso vai gerar uma capitalização. O que a gente define na Saneago é que quando isso puder ser feito, quando o mercado permitir que seja feito, é que os recursos que forem juntados, que forem entrar no governo, fiquem dentro da Saneago. Porque se esse recurso for colocado, por exemplo, junto do Tesouro, esse dinheiro pode desaparecer.Mas, o senhor defende a privatização mais adiante?Nós acreditamos que o Estado precisa ser focado nas áreas chaves, que já são muito complexas, que são educação, saúde, segurança e desenvolvimento econômico.Mas a gente teve um exemplo recente de privatização que não deu retorno para a população em termos de serviços públicos que foi a energia, a privatização da Celg.É verdade. A Celg, infelizmente, é um exemplo claro de como não se faz privatização. E a Celg, eu quero deixar bem claro, ela é uma história de abandono. Eu estive conversando com pessoas que me ajudaram no plano, pessoas que já estiveram dentro inclusive de governos anteriores, e ficou muito claro: a Celg foi abandonada. O básico de uma privatização não fez, ou seja, deixou-se a empresa ficar sucateada e é por isso que a gente não recebe luz. Para vocês terem uma ideia, tem 10 anos que Goiás não recebe uma grande indústria. Nós temos que entender isso, quando a indústria não vem, nós vamos empobrecendo. A Nestlé, recentemente, queria vir para Goiás e não veio, não tinha energia.De cada 1 real que eu tiro de um grão de soja, só 7 centavos fica com quem planta. 93 centavos desse 1 real fica com quem transforma. Toda vez que um caminhão de milho e soja sai desse Estado, nós ficamos 93% mais pobres porque deixamos de gerar riqueza. Santa Catarina é um Estado com a mesma população que a gente, geograficamente muito menor. O potencial do agro dele é muito menor que o nosso. Santa Catarina tem um PIB hoje 83% maior do que o nosso, porque as indústrias estão indo para lá, eles criaram condições. Eu tenho dito assim que nós queremos que criar nesse Estado um coração industrial, uma mente industrial. Nós queremos deixar no goiano uma paixão pela indústria, e nós vamos criar condições para isso.O senhor propõe também concessões de rodovia. O governador Ronaldo Caiado acabou de revogar a autorização que a Assembleia tinha dado ao Estado para concessão. A gestão anterior do PSDB também tinha proposto essa lei, mas depois não achou viabilidade financeira para fazer a concessão. Qual a sua ideia, o senhor vai propor uma nova lei?Ter revogado é uma medida eleitoreira, né. Fazer isso a pouco tempo da eleição. Se a gente tivesse as rodovias maravilhosas e tudo lindo, estaria ótimo. Mas, nós temos muita necessidade de investimento e ampliação. Se existe jeito da iniciativa privada que quer fazer isso, por que não fazer?Seu plano de governo, na área de segurança, também cita a alta letalidade nos supostos confrontos com a polícia. O que o senhor pretende fazer em relação a isso?Existe no Estado, infelizmente, uma falácia de segurança, mas isso não é real. É um governo da morte. Para vocês terem uma ideia, a média nacional é 2,9 mortes por força policial a cada 100 mil (habitantes). Goiás, está com 8 de média, é quase três vezes mais. Eu garanto, nenhum policial entrou na polícia para matar, ele entrou lá para ser um herói, ele entrou lá para ser um defensor da vida. Nós queremos trazer um governo pela vida. Se você for hoje conversar com os jovens das regiões mais afastas dessas cidades, eles estão morrendo de medo. Quando ele vê um carro da polícia, ele fica assustado. Ele tem medo da polícia abordar ele e ele não voltar para casa. Nós tivemos um caso agora, há poucos dias. Isso é um absurdo.Esse é um outro aspecto que envolve a transparência dos dados. Muitas vezes os dados não são divulgados. E há agora, também, a questão da câmera que pode ser colocada na farda. Qual sua opinião sobre isso em um possível governo seu, isso seria implementado? Com relação, também, à transparência, deveria ter no seu governo essa transparência nos dados ou não?Em todas as áreas. A transparência é amiga da verdade. Toda vez que não há transparência, você pode ter certeza, está se tentando escutar alguma coisa. A transparência ela é maravilhosa. Um policial de Goiás, quando ele for bem treinado, e receber a inteligência e o procedimento correto, ele vai querer a câmera. Por quê? Porque a câmera protege ele. Não sei se você sabe, mas o policial hoje se entrar em alguma ação, ele não tem um advogado para defender. Ele tem que se virar naquele processo. Ele fica vítima, ele fica lá fazendo o trabalho dele e não tem esse apoio. Quando ele tiver o procedimento e tiver a câmera... lógico ele tem que ser treinado para isso. Por que as vezes ele não quer? Ele está sendo mal orientado, ele tá mal emocionalmente, ele não tem os procedimentos, ele não tem inteligência, ele fica vítima da câmera.Leia também:- O Popular e CBN sabatinam Edigar Diniz, candidato a governador pelo partido Novo- Edigar Diniz declara patrimônio de R$ 1,03 milhãoQuando você fizer as coisas corretas, o próprio policial vai falar “não, eu quero transparência. Eu estou fazendo de forma correta”. Então, eu vejo que a câmara é um alinhamento do futuro. Hoje não é uma realidade no Estado, porque pelo o que eu tenho escutado das forças nossas, eles ainda não desejam. Mas, eu tenho certeza que com a liderança certa e a gente fazendo eles entenderem esse propósito maior, e a gente sendo esse líder que inspira eles, no futuro isso vai ser uma tecnologia que vai ajudar, e vai ser bom principalmente para o policial. Quem é o maior interessado nisso? É o policial, porque vai ter transparência e vai protege-lo em ações em que literalmente a vida dele é colocada em risco.Não existem números conclusivos sobre isso. São Paulo está fazendo já essa iniciativa recente, Santa Catarina, também, de usar as câmeras, mas existe uma tendência de que elas sejam muito positivas. Eu acredito que observando o que está acontecendo lá, essas boas práticas, pode ser algo do futuro. Não para agora, mas para o futuro.O senhor cita também no plano de governo, duas questões que eu acho que são boas para serem esclarecidas para o eleitor. É a criação do código de defesa do empreendedor e a lei de liberdade econômica, que aparentemente é para flexibilizar as exigências que existem hoje de licenças. Como é que é isso?Bem na verdade não é uma criação. São leis que já existem, a lei de liberdade econômica foi criada há anos pelo governo federal. Só que eu preciso ter um governo estadual que tenha isso como uma bandeira, para poder levar para os municípios, porque os municípios precisam homologar isso. O que essa lei diz: ela tira um monte de obrigatoriedade de documentos que o empreendedor tem que entregar, porque ele pegava do governo para entregar para o governo mesmo, tira um monte disso, tira um monte de negócio que sou obrigado a ter alvará, você passa a não precisar. Por exemplo, você quer criar doce, quer ter fazer doce em casa, você precisa ter um alvará da prefeitura para fazer doce. Isso é ilógico. Então, essa lei facilita a vida do empreendedor, reduz a burocracia, reduz também o custo para você montar uma empresa. Ela é maravilhosa! Já tem anos que ela foi aprovada e o nosso governo nem se quer toca nela. Se fosse um governo de visão, seria a primeira coisa, como o Zema fez.Nós queremos criar um conselho chamado ‘Governo Servidor’. Primeiro, ter no Estado as melhores pessoas. Segundo, uma orientação, claríssima. Nós vamos ter reunião toda semana com os secretários dos municípios dessas cidades. As pessoas não moram no Estado, elas moram numa cidade. Eu encontrei cidades grandes em que o secretário de Desenvolvimento nunca montou uma loja de açaí. Mas, ele tá lá no jogo político, tá lá como secretário de Desenvolvimento Econômico dessa cidade. Nós temos que romper com isso. Como é que rompe? Eu tenho que ter um governo de servidores, pessoas muito capazes que vão para dentro das cidades servir elas.Quero deixar bem claro para todos os prefeitos, vocês podem consultar os prefeitos de Minas Gerais. Todos eles têm uma grande admiração e uma grande parceria com o Zema. São 800 município. Por quê? Porque eles foram respeitados, foram tratados bem. Não existe Estado rico se as cidades não estiverem bem. Não existe. O nosso foco é ajudar as cidades, o Estado é o nosso meio.Na área social, o senhor propõe algum plano novo ou vai manter o que já existe?O que a gente percebeu é que a quantidade de recurso nos programas sociais já é suficiente. O que falta é ter uma gestão sobre isso. Nós queremos criar um sistema de atendimento ao cidadão. E uma das coisas que a gente quer criar nesse sistema é um telefone, onde qualquer goiano, porque é uma questão de honra, ninguém pode passar fome nesse Estado. Quando a gente tiver uma família com fome, a gente vai ter um contato que vai ser tão divulgado quanto o 190, e vai ser um sistema de atendimento, nós queremos implementar um sistema de atendimento no Estado, para toda a população. (Colaborou Yorrana Maia, estagiária do GJC em convênio com a PUC-GO)