O presidente do PSB em Goiás, deputado federal Elias Vaz, avalia como positiva para “as forças progressistas” formar uma federação de seu partido com o PT e siglas menores, como PV e PCdoB, e defende uma posição o mais rápido possível sobre essa situação. Para ele, a federação faz parte de uma estratégia política fundamental para derrotar o presidente Jair Bolsonaro (PL), que busca a reeleição, e por isso, ressalta, “vai muito além de uma questão meramente eleitoral”. Mas vê que “deu uma esfriada” na negociação para que o ex-governador Geraldo Alckmin se filie ao PSB e seja o vice do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na disputa presidencial. Nesse contexto, diz que “é preciso sentar à mesa com disposição de abrir mão de alguma coisa” para que se possa realmente construir uma alternativa, uma proposta, para o País. Refere-se a impasses envolvendo a cúpula nacional do partido e lideranças petistas na disputa para governador em alguns estados, principalmente em São Paulo e no Rio Grande do Sul. Em Goiás, acredita que as negociações estão mais avançadas, reforçando o convite para que o prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha, pré-candidato ao governo, se filie ao PSB. Ao mesmo tempo, afirma que o nome do ex-reitor Wolmir Amado, que se apresenta como pré-candidato do PT ao Palácio das Esmeraldas, é também “um nome que tem de ser respeitado”. Como foi a reunião da bancada de deputados federais do PSB na semana passada sobre criar uma federação com o PT?A reunião não foi com toda a bancada, e sim com a maioria que é a maioria que compõe a posição de ser favorável à federação. Foi uma reunião tranquila, nós estamos compreendendo que é preciso a gente aparar as arestas dentro do partido. É natural que uma situação polêmica como essa, pelas consequências que uma federação vai impor ao partido, é evidente, é natural que a gente tenha arestas a aparar. Agora, a preocupação da bancada, dessa maioria, é que precisamos resolver isso o quanto antes, nós precisamos ter um tempo pra construir, antes de março, a questão das chapas, porque uma coisa é você construir uma chapa com federação, outra coisa é construir uma chapa sem a federação. São situações totalmente distintas que nós precisamos, antes do período aí da “janela”, vamos dizer assim, da possibilidade de filiações, que vão até o final de março. Então a gente tem que ter um tempo razoável pra trabalhar em cima dessa realidade. Por isso que nós, essa maioria, buscamos ter uma posição o mais rápido possível sobre essa situação. Embora a proposta de federação tenha recebido aval da cúpula nacional de seu partido em dezembro, quais os entraves para um acerto entre o PSB e o PT?Como a federação tem uma posição que é nacional, então, na verdade, em todos os estados ela vai ter que se consolidar. É óbvio que isso provoca questões regionais. Eu destacaria dois problemas mais evidentes, que estão levando a um certo conflito entre o PSB e o PT, que é o problema de São Paulo e do Rio Grande do Sul. Acho que são dois locais onde se é mais evidente. O restante me parece bem mais tranquilo que seja resolvido, em Goiás mesmo, eu já estive com o deputado Rubens Otoni (PT) e aqui, tanto eu como ele, defendemos que a federação é um bom caminho tanto para o PSB em Goiás como para o PT em Goiás. E como estão as conversas sobre uma possível filiação ao PSB do ex-governador Geraldo Alckmin, apontado como provável vice do ex-presidente Lula na disputa presidencial?Tenho impressão que isso deu uma certa esfriada nesse momento, até por uma questão de hierarquia, a primeira coisa que tem que se definir é a questão da relação do próprio PSB com o PT, essa questão da federação, se o PSB realmente vai caminhar com o PT. Com essa definição, entra a discussão da possibilidade da vice e aí é a questão do próprio Alckmin ser um dos nomes que pode ser o vice do candidato Lula. Tem sido avaliado que o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, estaria “esticando demais a corda” para chegar a essa aliança com o PT. Como avalia essa situação?Achamos que o presidente Carlos Siqueira está conduzindo bem o processo. Bem verdade que nós temos uma situação que não é fácil, por um lado, nosso partido tem imposições que não são totalmente homogêneas sobre esse fato, não é fácil administrar isso. E também, há a relação com outros partidos. Não é só o PT, tem o PCdoB, tem o PV, e nós sabemos que o PT tem um problema histórico de hegemonismo político, é sempre difícil abrirem mão de espaços políticos, então não é fácil. O presidente Carlos Siqueira está tentando conduzir tudo da melhor forma e nós da bancada temos plena convicção de que está em boas mãos, ele vai conduzir bem esse processo. Lideranças do PSB têm manifestado receio de que a exigência pela cúpula do partido de que o PT retire candidaturas a governos estaduais em alguns estados inviabilize um acordo. Acredita que esses impasses serão resolvidos?O PSB é um partido que, nas últimas eleições, elegeu 32 deputados e 3 governadores, tem peso, tem que ser respeitado como tal. Um partido que tem hoje 3 governadores e pede pra que sejam priorizadas 6 candidaturas, não é nada demais, é natural. Evidentemente, chama atenção a situação de São Paulo, a relação do Márcio França (PSB) e do Fernando Haddad (PT) – ambos pré-candidatos a governador. Vai ter que ter bom senso de ambas as partes, até porque nós entendemos que a federação faz parte de uma estratégia política fundamental para que possamos derrotar o presidente Jair Bolsonaro (PL) nas próximas eleições, vai muito além de uma questão meramente eleitoral. É preciso ter compreensão e é preciso sentar à mesa com disposição de abrir mão de alguma coisa para que a gente possa realmente construir uma alternativa, uma proposta, para o País. Em Goiás, qual é o quadro no momento relacionado a criar uma federação com PT e outros partidos de esquerda?Na verdade, esse é um debate cuja decisão é nacional. Claro que os estados estão participando dessas discussões, só que não adianta muito a gente querer resolver as coisas por aqui, nós vamos ter que esperar essa decisão nacional. A informação que nós temos é que está muito adiantado com o PV, o PCdoB e com o PT estaria mais com esses problemas regionais. Mas em Goiás, a gente já ter um diálogo, eu particularmente tenho tido diálogo tanto com a presidente estadual do PT, a Kátia (Maria), como também com o próprio Rubens Otoni, e com o pessoal do PCdoB a gente tem tido algum contato também. Já tem historicamente uma relação e acho que não vai ser difícil construir um projeto político para Goiás. O ex-reitor Wolmir Amado se apresenta como pré-candidato do PT ao governo do Estado, e tem sido mencionada a possibilidade de filiação ao PSB do prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha, que já se declarou pré-candidato a governador. No caso de se oficializar a federação, como tende a ficar a definição do cabeça de chapa em Goiás?O nome do professor Wolmir tem o nosso respeito, óbvio que também é uma alternativa e tem que estar na mesa para discussão. Não tenho dúvida que é possível também que o PSB apoie a candidatura do Wolmir dentro desse projeto de representar as forças progressistas em Goiás. E não tenho dúvida que tem um espaço enorme no estado para partidos de centro-esquerda, por isso que tenho convidado Gustavo Mendanha, já o convidei, já reiterei o convite, para que ele possa ser o candidato a governador pelo PSB. Tenho convicção de que as forças progressistas em Goiás estariam dispostas a apoiar um projeto com o Gustavo, se ele assumir essa bandeira. Ele vai ter que tomar uma posição, não dá para não reconhecer que nós vamos ter uma eleição extremamente polarizada, uma eleição em que tudo está se evidenciando de uma dificuldade inclusive para uma terceira via, está se caracterizando claramente que nós vamos ter uma polarização entre Bolsonaro e Lula, é isso que as pesquisas estão demonstrando. Quem quer disputar uma eleição vai ter que se posicionar nesse quadro, estamos convidando o Gustavo para que ele se posicione e represente esse setor. Eu acho que haveria sim a abertura de todas as forças progressistas para que ele pudesse representar esse setor, agora, ele tem que querer e a decisão está nas mãos dele primeiro, se ele realmente quer ser candidato representando esse projeto, essas forças progressistas no estado de Goiás. Sobre candidatura ao Senado, qual tendência seria predominante no estado no caso de uma federação?A candidatura ao Senado vai estar muito vinculada também ao espectro do que vai ser a amplitude da candidatura do setor progressista em nível nacional, é preciso ver a amplitude, quais alianças vão ser feitas, e isso pode se reproduzir aqui. Muitos partidos estão conversando em nível nacional, e tem muitos partidos aqui que têm pré-candidatos a senador. Existem várias possibilidades, não tem o nome definido, mas com certeza as forças progressistas em Goiás têm que lançar um nome que possa também disputar essa vaga ao Senado. E no pleito para deputados federais e estaduais, no cenário goiano, como a federação com PT e siglas menores de esquerda podem favorecer o PSB?A federação potencializa muito a questão do ponto de vista eleitoral, para todos os partidos que participam dela. Cada partido vai pegar o seu melhor potencial, por exemplo, vamos pegar em questão uma chapa de deputados federais, nós temos hoje direito a lançar 18 candidatos. Uma coisa é o PSB lançar 18 candidatos, outra coisa é o PSB dentro de uma possível composição com PV, com PCdoB e com PT, dentro de uma federação, a gente vai ter que escolher os 6 melhores candidatos, então vai escolher o que existe de melhor, uns 6, 7 candidatos, 8 candidatos, da mesma forma o próprio PT. Isso potencializa, a chapa fica muito mais competitiva, da mesma forma deputado estadual. Não tenho dúvida: com a federação o PSB faz, com o PT, o PCdoB, 3 deputados federais e pode fazer 4 ou 5 deputados estaduais, essa é a conta que nós estamos fazendo. Qual o seu projeto pessoal nestas eleições?Meu projeto é a reeleição, estou muito focado no meu mandato, consegui implementar uma marca que é a da fiscalização que a gente fazia aqui, na Câmara municipal, em nível nacional e penso que é importante continuar com o meu mandato.