A Construservice, empresa que foi alvo de operação da Polícia Federal no Maranhão na quarta-feira (20) por suspeitas de desvios de recursos da estatal federal Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), ganhou recentemente licitações do governo de Goiás para asfaltar vias urbanas dos municípios. São cinco contratos com a Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes (Goinfra) ao preço de R$ 32,5 milhões fechados nos últimos três meses.O POPULAR mostrou nesta quarta-feira (21) que a empresa também é a responsável pelas obras de recuperação asfáltica de Goiânia, com contrato mais aditivo que somam R$ 216 milhões e com possibilidade de mais um reajuste de preços.Dados do Portal da Transparência do governo goiano mostram que já houve empenho (reserva de recursos do orçamento) para a Construservice no valor total dos contratos.Em dezembro do ano passado, a empresa participou da primeira concorrência em Goiás, para pavimentação de rodovias, mas foi considerada inabilitada. Já em maio deste ano, ela conseguiu vencer a licitação de quatro lotes para conservação de vias urbanas nas cidades do interior no programa Goiás em Movimento Municípios.As obras são dos lotes 25, 26, 35 e 21, para atender 24 municípios, incluindo a cidade de Goiás. Os valores são de R$ 8,77 milhões, R$ 7,44 milhões, R$ 2,7 milhões e R$ 6,81 milhões, respectivamente. O prazo contratual para execução dos serviços variam de 120 a 180 dias.Na mesma época, a empresa venceu também concorrência na prefeitura de Senador Canedo (Região Metropolitana), no valor R$ 5 milhões, para recapeamento.Em junho, o governo estadual assinou o quinto contrato, também resultado de licitação, para serviços de pavimentação no município de Bela Vista de Goiás (Região Metropolitana), no valor de R$ 6,8 milhões e com prazo de execução de seis meses.SupervisãoEm nota, a Goinfra afirmou que todas as obras da agência são licitadas e que os contratos firmados são monitorados e contam com “rigorosa supervisão técnica para garantir a qualidade do que é executado”. “Até o momento, a empresa tem cumprido os prazos e os serviços contratados”, afirmou.A Polícia Federal informou que há suspeitas de fraudes em licitação da Codevasf, com empresas de fachada em esquema comandado pelo suposto sócio oculto da Construservice Eduardo José Barros Costa, conhecido como Eduardo DP e Eduardo Imperador, que foi preso na operação Odoacro. A empresa é de Codó, no Maranhão.Ainda de acordo com a PF, o esquema e as pessoas são os mesmos identificados em investigação da Polícia Civil do Maranhão em 2015, que apurou desvios no município de Dom Pedro.“Descobriu-se que são constituídas pessoas jurídicas de fachada, pertencentes formalmente a pessoas interpostas, e faticamente ao líder dessa associação criminosa, para competir entre si, com o fim de sempre se sagrar vencedora das licitações a empresa principal do grupo, a qual possui vultosos contratos com a Codevasf”, afirma a PF.O jornal Folha de S.Paulo havia mostrado em maio que a Construservice é segunda maior empresa vencedora de licitações na Codevasf, ao valor de R$ 140 milhões, e utilizou laranjas para participar de concorrências públicas.A Prefeitura de Goiânia afirmou que não comentaria o assunto porque não foi citada nem recebeu qualquer recomendação ou notificação relacionada à empresa.Leia também:- Alvo de operação da PF, empresa tem contrato de asfalto com Goiânia- PF apreende R$ 1,3 milhão em dinheiro em operação que mira desvios na Codevasf- Codevasf doou 50 caminhões de lixo para Goiás em 2021- Empresa venceu licitação da Saneago para 30 caminhões- Vanderlan indicou comando da Codevasf em Goiás- Empresas citadas em escândalo venceram licitações em Goiás- Cidades goianas receberam veículos citados em denúncia