O governo de Goiás deve enviar à Assembleia Legislativa, ainda neste ano, um projeto de reforma da previdência estadual com cálculo preliminar de economia entre R$ 1,5 bilhão e R$ 1,8 bilhão nos próximos dez anos. O Executivo aguarda apenas a conclusão da reforma previdenciária federal, que tramita no Congresso Nacional, para adequar as propostas que serão apresentadas – se a PEC paralela que estende a Estados e municípios os efeitos da reforma for aprovada, Goiás poderá aderir a ela por projeto de lei ordinária.O presidente da Goiás Previdência (Goiasprev), Gilvan Cândido, diz ao POPULAR que a proposta, que está sendo feita sob a consultoria do economista e especialista em Previdência Paulo Tafner, deve apresentar a instituição de idade mínima para aposentadoria, assim como regras de transição e revisão de valores de cálculo de benefício daqui para frente. “Obviamente, teremos que fazer outros ajustes, mas o esforço maior é nesses pontos”, afirma.De acordo com Gilvan, a intenção é diminuir o déficit. No ano passado, segundo ele, o Tesouro Estadual teve que aportar R$ 2,4 bilhões no regime previdenciário. “Para este ano, estima-se R$ 2,9 bilhões e, se nada for feito, em dez anos, vamos atingir um déficit de R$ 6 bilhões. Nossa expectativa é de que, se conseguirmos aplicar um conjunto de medidas, termos um cenário de R$ 4,2 bilhões, R$ 4,5 bilhões de déficit ao invés de R$ 6 bilhões daqui dez anos”, afirma.Desde 2004, aponta Gilvan, o déficit previdenciário do Estado teve crescimento real superior a 10% ao ano. Ou seja, o que o Tesouro precisou aportar cresceu 10% anualmente nos últimos 15 anos. “É um valor absurdo, então, as ações indicam que vamos agir no sentido de minimizar os impactos no déficit, fazendo todo o esforço para que demandemos cada vez menos recursos dos impostos para complementar a aposentadoria dos servidores.”TETOA reforma estadual também deve reforçar a limitação de ganhos para servidores públicos no teto do INSS, R$ 5,8 mil. Em Goiás, segundo a folha de agosto, apenas no Executivo, 303 inativos e pensionistas tiveram ganhos acima do teto constitucional de R$ 39,2 mil (salário dos ministros do Supremo Tribunal Federal); 3,5 mil receberam proventos acima de R$ 20 mil naquele mês.Desde 2017, porém, os servidores que entraram no serviço público a partir daquele ano, quando foi criado o Fundo de Previdência Complementar no Estado (Prevcom-GO), estão limitados pelo teto do INSS. Isso ocorre porque esses servidores podem contribuir a mais no sistema de previdência complementar, caso queiram proventos acima de R$ 5,8 mil quando se aposentarem.Segundo o presidente da Goiasprev, a intenção inicial da reforma a ser enviada à Assembleia é criar também uma regra de transição para aqueles que estão perto de se aposentar e que, pelas regras atuais, receberiam ganhos integrais ao se aposentarem.Gilvan afirma que estão em estudo na Goiasprev regras de incentivo para que os servidores que entraram antes de 2017 migrem para a Previdência complementar a fim de desonerar o Tesouro Estadual. Regras essas que também são estudadas por outros Estados. A intenção é aproximar as regras dos servidores públicos das existentes no setor privado.Questionado sobre o prazo para que as medidas, caso aprovadas, gerem resultado, Gilvan relata que não serão imediatas. “As medidas são suaves ao longo do tempo. Então, num primeiro momento, teremos pouco impacto financeiro. Ou seja, não se consegue ter menos gastos de maneira imediata.” Além de mudanças para inativos e pensionistas, o Estado também deve adotar medidas para reduzir gastos com ativos.