O primeiro dos deputados estaduais que integravam a base do governo a perder cargos após posicionamento contrário à Proposta de Emenda Constitucional (PEC) da reforma da Previdência estadual e dos Estatutos do Servidor e do Magistério, Humberto Teófilo (PSL) diz que “não houve nenhuma barganha”. A afirmação vem após entrevista com o líder da oposição na Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, deputado Talles Barreto (PSDB), publicada domingo no site do POPULAR. Nela, Barreto, apesar de dizer que Teófilo “sempre foi coerente e defendeu o governo na tribuna” da Casa, utilizou o termo ao mencionar que o colega “barganhou cargos”.“Não houve barganha. Barganha o que é: trocar o voto por causa de cargos. O que não aconteceu comigo”, cita Teófilo. “Eu não troquei a minha convicção, meu posicionamento por causa de cargos. Pelo contrário. Eu entreguei os cargos para ficar com meu posicionamento, com a minha convicção”, acrescentou.Conforme divulgado pelo POPULAR no último dia 18, decreto publicado no Diário Oficial do Estado naquela data trouxe a exoneração de 42 nomes, que Teófilo diz que não eram todos indicações dele. Desses, ele cita que os nomes indicados somavam 27. Sendo os demais, de outros políticos, entre eles, ex-prefeitos de municípios do interior.As exonerações, segundo conta Teófilo, vieram um dia após ele discursar em sessão da Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJ), quando reafirmou que não votaria contra o servidor público. O deputado informa que, dois dias antes, durante uma confraternização, já havia feito essa afirmação ao governador.Além de Teófilo, outros três deputados estaduais da base que votaram contra a reforma da Previdência e ao novo Estatuto do Servidor perderam cargos no governo: Eduardo Prado (PV), Karlos Cabral (PDT) e Virmondes Cruvinel (Cidadania), que são servidores públicos. Conforme publicado pelo POPULAR dia 28 de dezembro, ao todo foram exonerados mais de 90 nomes, representando uma perda de mais de R$ 250 mil em cargos comissionados no Estado.“Nós não vendemos nosso voto por causa de cargos. Isso foi demonstrado. O pessoal meu foi exonerado em razão desse posicionamento que eu tive”, diz Teólilo. O parlamentar ainda cita que os “cargos já foram redistribuídos”. “A gente tem que ver pra onde foram esses cargos.”No caso das exonerações de indicados por ele, o deputado afirma que o impacto político foi “muito positivo”. “Todas essas pessoas que foram exoneradas me ligaram parabenizando pela atuação, servidores públicos parabenizando, a sociedade no geral parabenizando pelo meu posicionamento, da minha coerência que eu sempre tive: de defender o governo, mas em projetos que eu discordei, eu votei contra”. Ele afirma que vai atuar de uma forma a ser mais independente. “Em alguns projetos a gente votava a favor acreditando numa governabilidade maior, mas depois dessa atuação do governador a gente se decepciona muito. Se eu soubesse que cargo era virar escravo do governo eu não tinha ‘pego’ nenhum. Até porque não prometi emprego para ninguém”.Teófilo ainda diz que seguirá atuando como já vinha fazendo. “Próprio Talles (na entrevista ao POPULAR) falou que sempre fui coerente nos meus posicionamentos. Não vi isso como crítica. Na verdade nós vamos atuar como nós sempre atuamos.” Isso implica em “votar os projetos que eu entender que sejam interessantes para o Estado e voto contra aqueles que eu entender que não são viáveis, não são interessantes para o Estado, como aconteceu com o servidor público, caso da PEC da Previdência e dos estatutos”.Questionado se ainda estaria na base, respondeu: “Ser da base é votar tudo com governo? Se for isso, eu sou oposição. Porque eu não sou obrigado a votar tudo com o governo”. Se não for esse o entendimento, diz que é “independente”. “Eu voto naquilo que eu quiser”.Como exemplo cita que entre projetos em tramitação na Assembleia há um para “acabar com o Difal” (Diferencial de Alíquota). O Difal trata sobre compensação do Estado de origem quando a empresa sediada na unidade federada adquire determinados produtos em outros Estados. “Eu voto para acabar com o Difal, quero ver se o governo vai votar para acabar”.Irmão exoneradoEntre a lista dos exonerados está o irmão do deputado, Amarildo Pereira Filho, que ocupava a função de superintendente de Esporte e Lazer, da secretaria estadual de igual nome. Segundo Teófilo, o irmão, “nem precisa disso”. “Meu irmão é advogado, é presidente da comissão de obras (públicas) paradas da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil – seção Goiás)”.Amarildo foi citado pelo secretário de Esportes, Rafael Rahif, em entrevista ao POPULAR, publicada sábado (4). Em um dos trechos da matéria, questionado sobre a importância de empregar pessoas com base em questões técnicas, o secretário disse que o irmão de Teófilo, que exercia a função de superintendente, cuidava de cinco gerências e “estava lá politicamente. Tecnicamente, não era da área. Ele foi uma indicação política”.“Meu irmão e o secretário de Esportes estão no mesmo nível, porque o secretário de Esporte a indicação é política também. Quem indicou foi o governador. Então ele não tem nada de técnico”, aponta Teófilo. “Se a indicação do meu irmão foi, a dele foi política também. Então não vejo diferença nenhuma para os dois”, acrescentou.A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da Secretaria de Esportes, que não quis responder a fala do parlamentar.