O presidente Jair Bolsonaro (PL), que já proferiu várias frases sexistas durante a sua carreira, condenou os áudios do deputado estadual Arthur do Val (Podemos-SP) que destratou mulheres ucranianas em situação de vulnerabilidade por causa da guerra. Ao ser questionado sobre o caso por repórteres no cercadinho frequentado por apoiadores no Palácio Alvorada, neste domingo (6), Bolsonaro disse que a frase é “tão asquerosa que nem merece comentário”. Vídeo com a declaração do presidente foi publicado pela CNN Brasil.Arthur do Val, que anunciou a retirada de sua pré-candidatura ao governo de São Paulo após a repercussão de sua fala, é ligado ao MBL (Movimento Brasil Livre) e apoia o ex-juiz Sergio Moro, atualmente rival político de Bolsonaro. O parlamentar, que visitou o país invadido pela Rússia, enviou áudios a amigos dizendo que as ucranianas são “fáceis de pegar” por serem pobres – e que a fila de refugiados da guerra tem mais mulheres bonitas do que a “melhor balada do Brasil”.Jair Bolsonaro tem um longo histórico de falas sexistas, em consonância com atitudes defendidas por vários de seus aliados e apoiadores.Ele já disse que só não estupraria uma deputada porque ela era “feia”, já defendeu, como presidente, o turismo sexual no Brasil, desde que não fosse praticado por gays, afirmou defender salários menores para mulheres, entre outras manifestações.“Fica aí, Maria do Rosário, fica. Há poucos dias tu me chamou de estuprador no Salão Verde e eu falei que eu não estuprava você porque você não merece. Fica aqui para ouvir”, afirmou em 2014, em discurso no plenário da Câmara.“Entre um homem e uma mulher jovem, o que o empresário pensa? ‘Poxa, essa mulher tá com aliança no dedo, daqui a pouco engravida, seis meses de licença-maternidade. (...) Por isso que o cara paga menos para a mulher. (...) Eu sou um liberal, se eu quero empregar você na minha empresa ganhando R$ 2 mil por mês e a dona Maria ganhando R$ 1,5 mil, se a dona Maria não quiser ganhar isso, que procure outro emprego! O patrão sou eu.”, afirmou Bolsonaro em 2014, em entrevista ao jornal Zero Hora.Dois anos depois, em 2016, Bolsonaro repetiu o raciocínio em entrevista à apresentadora Luciana Gimenez na RedeTV!: “Eu não empregaria [homens e mulheres] com o mesmo salário. Mas tem muita mulher que é competente”. “Eu tenho 5 filhos. Foram 4 homens. A quinta eu dei uma fraquejada e veio uma mulher”, afirmou em 2017, em Palestra no clube Hebraica, no Rio.Já como presidente, defendeu em 2019 o turismo sexual no Brasil, desde que não fosse praticado por gays. “Quem quiser vir aqui fazer sexo com uma mulher, fique à vontade. O Brasil não pode ser um país de turismo gay. Temos famílias”, disse em 2019, durante café da manhã com jornalistas.Um ano depois, em 2020, ele insultou a repórter da Folha de S.Paulo Patrícia Campos Mello, em conversa com apoiadores na frente do Palácio da Alvorada. “Ela queria um furo. Ela queria dar o furo [risos dele e dos demais].” -Imagem (1.1854530)