O MDB conversa com o União Brasil e acena para o PSDB, que namora o Cidadania, que dialoga com Podemos e PDT. PT, PSB e outros partidos de esquerda também ensaiam união desde o ano passado. Por “instinto de sobrevivência”, as federações partidárias viraram tema de articulações de grande parte das siglas, enquanto atores políticos locais ficam em compasso de espera.Caso avancem, as federações têm abrangência nacional, com impacto nos Estados e, claro, no cenário das eleições de Goiás. União Brasil, MDB, PSDB e PT já têm pré-candidatos a chapa majoritária por aqui e podem sentir reflexos das mudanças em nível nacional.Será a primeira eleição com a nova regra e com a proibição de coligações para deputado estadual e federal. Também será o ano de regra mais rígida da cláusula de barreira, que exclui partidos da divisão do fundo partidário e do tempo de televisão (veja quadro).Diante do risco de se enfraquecer, as siglas focaram primeiramente (ao longo dos dois últimos anos) nas fusões, mas poucas foram adiante, como o caso do União Brasil, do DEM com PSL. A formação do novo grupo contou com articulação do governador Ronaldo Caiado, uma das lideranças nacionais do DEM.Caiado agora participa dos movimentos em favor da federação com o MDB, aliado do democrata em Goiás e que iniciou a semana com investidas do PSDB nacional.As dificuldades de composição de chapas de deputado e os interesses relacionados à disputa presidencial e nos Estado forçam agora as siglas a buscar as federações, possibilidade criada em outubro do ano passado pelo Congresso. Trata-se da permissão para que dois ou mais partidos se unam como se fossem uma única agremiação e com permanência em mesmo bloco por pelo menos quatro anos. ImpactoAs conversas confirmadas esta semana entre as cúpulas nacionais do PSDB e MDB fizeram atores políticos de Goiás se movimentar. De um lado, o PSDB goiano interessado, já que desarticularia a aliança do presidente estadual do MDB, Daniel Vilela, com Caiado. De outro, Daniel, pré-candidato a vice-governador e com proximidade com a cúpula nacional, articulando contra.Nem precisou de tanta esforço de Daniel. Há divergências também em outros Estados, como Pará e Alagos, e, no dia seguinte ao anúncio do diálogo, lideranças dos dois partidos consideram improvável a união. O grupo do dirigente goiano diz não acreditar em avanços.Já a proximidade do MDB com União Brasil ganha mais adeptos dos dois lados.Nas discussões nacionais do Cidadania, o vice-governador de Goiás, Lincoln Tejota, tem se posicionado contra a federação tanto com o PSDB como com o Podemos, partido que em nível estadual já fechou apoio à pré-candidatura do prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha (sem partido), ao governo.Mesmo tendo perdido o espaço na chapa majoritária e sem ter garantia de compensação, Lincoln manifesta apoio à reeleição do governador. O presidente estadual do PSDB e ex-governador Marconi Perillo, no entanto, que era aliado até 2018 de Lincoln e seu pai, o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-GO) Sebastião Tejota, se aproveita das insatisfações nos bastidores para defender a federação do PSDB com o Cidadania. Ao Giro na sexta-feira (4), Marconi contou que votou a favor da união em consulta do diretório nacional e que a posição é majoritária no partido. “Sempre estivemos juntos”, afirmou o tucano. No dia anterior, Lincoln havia dito que não há consenso no Cidadania e a tendência é o partido caminhar sozinho.O grupo de Marconi comemorou as articulações desta semana. Os tucanos afirmam que, até seis meses atrás, não havia alternativas de alianças para o partido em Goiás e agora, com a possibilidade de federações e com o resultado da pesquisa Serpes/Acieg que apontou Marconi em segundo lugar na disputa ao governo e em primeiro para o Senado, há chances de formação de um grupo. “Para nós, tudo é lucro”, comentou uma liderança do PSDB, que também não descarta proximidade com partidos de esquerda no Estado.Neste grupo da esquerda, que demonstra menor potencial eleitoral em Goiás, a federação não impactaria tanto nas conversas locais. O PT tem o nome do ex-reitor da Pontifícia Univesidade Católica (PUC-GO) Wolmir Amado como pré-candidato a governador. A sigla avança na união com PCdoB, PSB e PV, que já mantinham diálogo no Estado.O presidente estadual do PSB, deputado federal Elias Vaz, disse ao POPULAR que a federação é bom para os partidos em Goiás. As divergências locais e a necessidade de antecipação de negociações para as eleições municipais de 2026 são os principais entraves para os acertos das federações cogitadas no País.-Imagem (1.2398062)