As recentes ações do Ministério Público de Goiás (MP-GO) para suspender shows em cidades goianas deve ser tema de audiência com representantes dos prefeitos. O presidente da Federação Goiana dos Municípios (FGM), Haroldo Naves (MDB), conta que pedirá encontro para discutir o tema com o procurador-geral de Justiça, Aylton Flávio Vechi. Naves diz que respeita a autonomia de cada promotor, mas argumenta que os shows movimentam a economia das cidades por meio de toda a cadeia de turismo. O presidente avalia que é necessário também discutir outros formatos de evento, inclusive com a participação da iniciativa privada, mas pondera que este cenário não faz parte da realidade de parte dos municípios. Além de Cachoeira de Goiás, São Miguel do Araguaia, Cachoeira Alta e Caldas Novas foram alvo recentemente de ações que levaram a decisões judiciais que impediram as prefeituras de pagar por shows. Segundo Naves, o entendimento da FGM é de que cada município tem autonomia para definir suas despesas. “Quando há suspensão abrupta, há prejuízo. A medida não traz absolutamente nenhuma economia para município, está trazendo prejuízo”, diz. Em São Miguel, o MP-GO alegou que a despesa ultrapassaria R$ 1 milhão, mas destacou a existência de pelo menos 13 shows patrocinados pela prefeitura cujos contratos não foram localizados. O promotor Rafael Correa Costa classificou os gastos como excessivos e incompatíveis com a realidade financeira da cidade. A decisão judicial foi publicada na quarta-feira (29) e é relacionada aos eventos Expoagro SMA, que começou no mesmo dia, e ao Carnaraguaia, previsto para o segundo semestre.Prefeita de São Miguel, Azaíde Donizetti (PP) disse que recorreu da decisão e espera resultado favorável. Ela argumenta que os eventos têm participação financeira do estado, de emendas e de empresários. Não havia nova movimentação pública no processo até o fechamento desta edição. Em Cachoeira Alta, uma decisão judicial publicada no dia 13 de junho proibiu a prefeitura de gastar R$ 1,5 milhão com shows nos eventos Juninão do Trabalhador e na festa de aniversário da cidade. O primeiro foi realizado de forma parcial neste mês e o segundo deve ocorrer em setembro. Já Caldas Novas, uma investigação nas contas do município realizada em 2017 impediu a realização do Caldas Arraiá Fest 2022 em junho. O evento foi adiado para agosto. O MP-GO também investiga a contratação de show em Mundo Novo por R$ 118 mil. O processo foi iniciado após reportagem publicada pelo POPULAR. De acordo com o MP-GO, o promotor de Justiça que está conduzindo a investigação determinou o envio de ofício à prefeitura solicitando documentos referentes à contratação de duas duplas, além de todos os documentos referentes aos gastos diretos e indiretos para a execução dos shows. À Câmara de Vereadores foi solicitada cópia de todas as atas de sessões em que o tema foi discutido. Os prazos foram de 10 dias e ainda não venceram.