O fim do pagamento de quinquênio e da licença-prêmio deve atingir aproximadamente 12,8 mil servidores apenas em 2020. A previsão consta nos projetos de lei enviados à Assembleia Legislativa e que mudam os estatutos do servidor público estadual e do magistério público estadual da educação básica e da educação profissional. O levantamento foi feito pela Secretaria de Administração e prevê uma economia de R$ 626,1 milhões com essas questões apenas no ano que vem.O levantamento de economia do governo foi feita levando em consideração a folha de pagamento de agosto deste ano, sem considerar, porém, possíveis suspensões ou interrupções da contagem, nos moldes do atual estatuto. Isto é, o valor pode variar. O quinquênio trata de um adicional de 5% sobre os vencimentos ou a remuneração do cargo efetivo a cada cinco anos de efetivo serviço público e que é incorporado à aposentadoria do servidor ou pensão. Já a licença-prêmio é o benefício que concede aos servidores período de descanso de três meses a cada cinco anos de efetivo trabalho – no caso deste, o servidor pode, pelas regras atuais, requerer o recebimento em dinheiro, caso não usufrua do descanso.Os dois benefícios são os principais a serem retirados na reforma dos estatutos que o governo quer aprovar ainda neste ano. A extinção do quinquênio está prevista na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma da Previdência e sua retirada do novo estatuto do servidor é apenas uma consequência. Isso ocorre porque esse benefício é previsto na Constituição Estadual. A previsão de economia com o fim do quinquênio, nos próximos seis anos, é de R$ 158 milhões para servidores e de R$ 112,9 milhões para o magistério.A licença-prêmio, por sua vez, como já mostrou o POPULAR, será transformada em “licença para capacitação”, em que o afastamento do servidor fica condicionado à comprovação de ter feito ao menos um curso de qualificação profissional durante o período em que ficar afastado do trabalho. A previsão de economia com o fim da licença-prêmio, ao fim de 2025, é de R$ 568,9 milhões, no caso do magistério, e de R$ 799,4 milhões para os demais servidores.As duas questões foram as que mais geraram resistência entre os deputados estaduais, que devem emendar os projetos, visando manter os dois benefícios. Os parlamentares admitem, entretanto, que pode ser mais simples manter o quinquênio do que a licença-prêmio. Isso ocorre porque a extinção do quinquênio está prevista na PEC, que precisa de no mínimo 25 votos para ser aprovada em plenário.Resistência Pelas contas feitas até o momento, há pelo menos 18 parlamentares que estariam contra a questão, sendo os dez da oposição mais oito da base do governo que são servidores efetivos ou defendem alguma categoria. Dessa forma, sobrariam 23, número insuficiente para aprovar a proposta. Já a licença-prêmio consta em projeto de lei ordinária, que precisa de maioria simples para ser aprovada. “Aí já fica mais difícil”, afirma um deputadoO novo estatuto do servidor público estadual também mantém a possibilidade de redução da carga horária dos servidores em até 25% com diminuição proporcional de salários. Isso só pode ser feito, porém, com a aquiescência do efetivo, que precisa assinar um termo de opção manifestando a intenção de aderir à jornada menor e declarando estar de acordo com a aplicação da redução da remuneração ou subsídio.A questão é regulamentada por lei de 2011 e, de acordo com levantamento do governo, 124 servidores aderiram a esse regime desde julho de 2015. De acordo com isso, a Secretaria de Administração prevê uma economia de R$ 20,8 milhões até o fim de 2025. Pelas regras, os servidores que optarem pelo novo regime podem ter suas jornadas e salários reduzidos pelo prazo mínimo de seis meses e máximo de 18 meses, desde que o salário não seja inferior ao salário mínimo (R$ 998).O estatuto atual prevê permissão para que o chefe do Poder Executivo autorizado a reduzir de 8 horas para 6 horas diárias “a jornada de trabalho do servidor que perceba remuneração inferior a 2 (dois) salários mínimos”. O governador Ronaldo Caiado (DEM) e chefes dos demais Poderes chegaram a buscar autorização do Supremo Tribunal Federal (STF) para estender essa redução a todos os servidores para cumprir o teto estabelecido pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Isso porque o STF, em julgamento em agosto, formou maioria para impedir a redução de salários do funcionalismo mediante diminuição na jornada.