Em 2021, o estado de Goiás aplicou 13,8% de sua receita total em investimentos. O porcentual é maior do que o registrado no ano anterior, quando a despesa deste tipo representou 3%. Os dados são do Relatório Resumido da Execução Orçamentária (RREO) em Foco, publicado pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN), órgão ligado ao Ministério da Economia. O documento mostra que Goiás investiu R$ 4,7 bilhões em 2021. A receita total foi de R$ 34,8 bilhões.O levantamento mostra que Goiás ficou em 5º lugar entre os estados que realizaram mais investimentos em 2021. O estado ocupa a posição ao lado do Piauí, que também aplicou 13,8% de sua receita total em despesa desta natureza. Ainda segundo o relatório, Alagoas foi a unidade da federação que registrou o maior porcentual de investimentos, 28,3%. O menor foi o Rio de Janeiro, 2,5%.Para a STN, são considerados investimentos os gastos com planejamento e execução de obras, assim como a aquisição de imóveis considerados necessários à realização deste tipo de intervenção. Também entram na lista as despesas com aquisição de instalações, equipamentos e material permanente, custeadas com recursos oriundos da alienação de ativos. Para fazer o relatório, o órgão federal considerou a despesa empenhada dos estados e do Distrito Federal.O documento mostra também que Goiás usou 53,9% da sua receita total para pagar a folha de servidores no ano passado. Outros 29,7% foram aplicados no custeio da máquina pública e 0,4% foi usado no serviço da dívida (pagamento do principal, juros e/ou da atualização monetária ou cambial da dívida pública).Os dados do RREO foram extraídos do Sistema de Informações Contábeis e Fiscais do Setor Público Brasileiro (Siconfi) entre 7h e 7h30 de 2 de fevereiro de 2022. A data prevista na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) para que os estados e o DF encaminhem os dados do relatório do 6º bimestre, que mostra o acumulado do ano, é 31 de janeiro de 2022.No levantamento referente a 2020, Goiás registrou 3% de investimentos, resultado que colocou o estado naquele ano no penúltimo lugar do ranking, ao lado de Roraima, Distrito Federal, Minas Gerais e Pernambuco. O menor índice, de 2%, foi registrado por Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Em 2020, o estado que teve o maior porcentual de investimentos foi o Paraná, com 12%.Já em 2019, primeiro ano da gestão de Ronaldo Caiado (União Brasil), Goiás aplicou 2% de sua receita em investimentos.HistóricoEm nota, a Secretaria de Estado da Comunicação (Secom) informou que o aumento da capacidade de investimento foi possível “devido às medidas de ajuste adotadas pelo governo de Goiás desde o primeiro ano da atual gestão”. “Com o equilíbrio das contas, foi possível destinar recursos aos programas sociais para os mais vulneráveis e investimentos em serviços essenciais para a população, como malha rodoviária, Saúde, Educação e Segurança Pública”, diz a pasta.Questionada sobre a relação entre o aumento nos investimentos e as medidas tomadas visando a adesão ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF) – programa da União de socorro a estados em grave situação financeira, ao qual Goiás conseguiu adesão no fim de 2021 -, a Secom disse que, desde 2019, o pleito para entrada no RRF objetivou o reequilíbrio das contas e a abertura de margem fiscal para realização dos investimentos. “Além de sanar dívidas antigas e regularizar as contas, o governo abriu espaço para novos aportes”, informou.Caiado começou a articular a entrada de Goiás no RRF no início do mandato, com o discurso de ter herdado dificuldades financeiras do governo anterior. Na época, o estado não preenchia todos os requisitos previstos em lei para ter a ajuda federal.Em junho de 2019, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes concedeu liminar ao estado permitindo que Goiás deixasse de pagar dívidas com bancos sem sofrer sanções por parte da União e para que houvesse andamento do processo de adesão ao RRF. Ao longo dos últimos três anos, ocorreu uma sequência de prorrogações da liminar.Goiás ficou mais perto de entrar no RRF em dezembro de 2020, quando houve mudanças na legislação. Em maio de 2021, o STF determinou o ingresso de Goiás no programa, com benefícios da nova lei e da anterior. Em dezembro do ano passado, a adesão foi confirmada com assinatura do presidente Jair Bolsonaro (PL).DívidasNa nota, a Secom disse que o governo só está conseguindo pagar as dívidas de curto prazo porque a dívida de longo prazo está suspensa. “Os recursos que seriam destinados ao pagamento das dívidas de longo prazo estão sendo usados para saldar todo o passivo de curto prazo. Como a atual gestão está fazendo contenção das despesas e aumentando as receitas, abriu-se margem fiscal para os investimentos.”Em 2022, informou a Secom, a Lei Orçamentária Anual (LOA) prevê investimentos na ordem de R$ 3,6 bilhões. No ano eleitoral, estão previstos R$ 1,2 bilhão para manutenção, pavimentação e reconstrução de rodovias. Outros R$ 330 milhões são destinados à Agência Goiana de Habitação (Agehab). Na educação são previstos mais de R$ 550 milhões; na saúde, R$ 230 milhões; e na segurança pública, R$ 220 milhões.A reportagem pediu ao governo de Goiás informação sobre qual foi o destino dos investimentos em 2021, mas a assessoria informou que não era possível finalizar o levantamento até a conclusão desta edição. -Imagem (Image_1.2402930)-Imagem (1.2410776)