Todas as atividades, a não ser as que envolvem grande público, como shows, cinema fechado e jogos em estádios, serão retomadas em Goiânia a partir de terça-feira e sem previsão de fechamento, como estabelecia o decreto de isolamento intermitente do Estado. O governador Ronaldo Caiado (DEM) e o prefeito Iris Rezende (MDB) acertaram nesta quarta-feira (8) a elaboração conjunta de novo decreto a ser editado na próxima semana com protocolos de segurança e regras de monitoramento do contágio e da ocupação de leitos na capital.Iris chegou ao Palácio das Esmeraldas já determinado a encerrar o cumprimento do decreto estadual do dia 30 de junho, como ele mesmo havia antecipado na terça-feira (7) em entrevista à TV Anhanguera. Queria apenas o alinhamento do discurso com o governador, que é seu aliado político. Os argumentos foram de que o porcentual de isolamento não mudou, mesmo com as determinações de nova quarentena, e de prejuízos econômicos.De outro lado, o governador, que já havia se reunido com o setor empresarial na terça-feira e sinalizado para o atendimento das demandas, admitiu que não há condições de frear as atividades na capital.O decreto estadual já previa reabertura por duas semanas a partir da próxima terça, após o fechamento de mesmo período, mas Iris quer ampliar ainda mais as atividades liberadas e não voltar a fechar. A previsão é que segmentos que não estavam autorizados até aqui, como academias, voltem a funcionar.Hoje, o governador vai designar dois auxiliares para acertar detalhes do decreto municipal, que será assinado na segunda-feira (13).O secretário estadual de Saúde, Ismael Alexandrino, diz concordar que é mesmo momento de reabertura mais ampla. “O caminho agora, tendo em vista que expandimos o que precisávamos de estrutura de saúde, é darmos as mãos para enfrentarmos, até para que a curva se cumpra. A partir de 20%, 25% de contágio da população, caem os níveis de contaminação, de internação e de óbito. Isso ainda não tem grandes explicações, mas vem sendo observado em outros Estados e países.”Depois de receber o emedebista, Caiado fez um vídeo em que afirmou que a reunião foi “extremamente positiva” e que haverá redação conjunta do decreto com protocolos de segurança para a reabertura na capital. “O protocolo está sendo escrito para a capital com a participação do prefeito, da sua equipe, e da nossa equipe, para que possamos abrir e ao mesmo tempo continuar com a responsabilidade de diminuirmos cada vez mais a contaminação”, afirmou. A previsão do governo estadual é que a curva mais acentuada ocorra no final deste mês.Pelo acerto de “alinhamento do discurso”, a Prefeitura não quis se pronunciar sobre a reunião e disse apenas que o governador falaria. No vídeo, de apenas 47 segundos, Caiado não traz detalhes sobre a proposta apresentada pela Prefeitura. “É contando com a participação de toda a população, de todos nós, para enfrentarmos a pandemia, que a partir da próxima terça-feira voltaremos às atividades, mas sempre com muita responsabilidade”, afirmou o governador.Na última terça-feira, o prefeito afirmou que o caso de Goiânia é mais complexo do que de cidades do interior. “O prejuízo não é apenas para o comércio e o Poder Público, é grande para todo mundo. Quantas mil pessoas hoje estão desempregadas com o fechamento? Goiânia tem 1,6 milhão de habitantes e não de 20 mil ou 30 mil”, disse.Nos bastidores, as informações são de que, na conversa com o governador, o prefeito alegou que sempre seguiu na íntegra todos os decretos estaduais, mas que, desta vez, acredita nas condições para a retomada e, como aliado, busca a adoção de medidas em sintonia com Caiado. Outros municípios da Região Metropolitana, como Aparecida de Goiânia, Anápolis e Trindade não aderiram ao isolamento intermitente proposto pelo governador.O prefeito também disse na entrevista à TV Anhanguera que a capital tem “excesso de leitos de UTIs (Unidades de Tratamento Intensiva)” destinados ao tratamento da Covid-19. Ontem a taxa de ocupação na rede municipal era de 91,3%.Na conversa com os empresários, o governador se comprometeu a se reunir semanalmente com os representantes de entidades para definir ajustes no decreto estadual.