O Instituto de Previdência dos Servidores do Município de Goiânia (GoianiaPrev) publicou nesta quarta-feira (29) a anulação do termo de inexigibilidade de licitação que permitia a contratação de consultoria da Fundação Instituto de Administração (FIA), em processo com várias suspeitas de irregularidades, segundo o Ministério Público de Contas (MPC) do Tribunal de Contas dos Municípios do Estado de Goiás (TCM-GO). O Ministério Público de Goiás (MP-GO) também havia aberto procedimento para acompanhar o caso.Na segunda-feira (27), O POPULAR mostrou detalhes da representação do MPC que pede a suspensão do processo, que seria julgado pelo TCM. O presidente do GoianiaPrev, Fernando Meirelles, havia solicitado audiência com o relator da ação no tribunal, conselheiro Sérgio Cardoso, para a tarde desta quarta-feira. O termo de anulação foi publicado no Diário Oficial do Município, com referência ao número do despacho, mas sem citar o objeto do contrato e a fundação, e sem divulgação por parte do instituto. O documento cancela o despacho de inexigibilidade e arquiva o processo. Desde segunda-feira, a reportagem tenta contato com o presidente. A assessoria de imprensa do GoianiaPrev afirmou que não tem autorização para falar do caso e orientou que procurasse diretamente a direção. Fernando não atende o celular e nem deu retorno aos recados.A dispensa de licitação para contratar a mesma entidade que prestou serviços para a Prefeitura de Goiânia em abril, sem contrato e gratuitamente, foi mostrada pelo POPULAR em 18 de agosto. Antes, o jornal havia revelado que consultores da fundação receberam secretários municipais em um hotel no Jardim Goiás para discutir ações prioritárias e demandas de estrutura da gestão.O procurador de Contas Henrique Pandim Barbosa Machado apontou "uma série de vícios jurídicos, inconsistências procedimentais e indícios de favorecimento indevido" à FIA, que seria contratada com valor de R$ 5,22 milhões por quatro meses.O documento, de 34 páginas, também indica suspeita de "ingerência da fundação nas decisões da Administração". De acordo com a investigação do MPC, a FIA sugeriu ao Goianiaprev a inclusão de itens no projeto básico do contrato e também prorrogação da contratação de um ano para dois anos, e houve atendimento por parte da Prefeitura. O procurador considera o episódio "fato inusitado"."Os fatos reforçam (...) que a Administração municipal sequer sabia quais eram as suas próprias necessidades – já que a FIA parece saber mais quais são os problemas do GoianiaPrev do que a própria autarquia – bem como passam a impressão de que pode haver alguma espécie de direcionamento da contratação", diz o procurador na representação.O documento afirma ainda que há ausência de justificativa sólida quanto à necessidade de contratar, utilização indevida de inexigibilidade de licitação, açodamento do procedimento e que os serviços da suposta consultoria são inerentes ao próprio GoianiaPrev. No dia 26 de agosto, quando o MPC iniciou a investigação, a Prefeitura de Goiânia divulgou nota afirmando que o contrato era "transparente, obedece a todos os requisitos da dispensa de licitação, e que não houve nenhum gasto público até o momento".