As articulações em Goiás para as eleições de 2022 indicam um cenário diferente de 2018, quando Jair Bolsonaro, então no PSL, foi eleito presidente da República, e Ronaldo Caiado (DEM) venceu para governador do Estado. Então aliados, ambos tiveram forte apoio do setor agropecuário, do qual Caiado é tradicional liderança. Agora, ao buscarem a reeleição, presidente e governador já não estão juntos, o que, na avaliação de parlamentares goianos que representam o setor rural, não deve prejudicar Bolsonaro.“Com exceção do último pleito federal, não vejo que a disputa presidencial afeta tanto o apoio em nível estadual. Hoje, por exemplo, estou com o governador Ronaldo Caiado e até o momento, não tem nenhum fator que me faça mudar de posição”, observa Lissauer Vieira (PSB), presidente da Assembleia Legislativa. Para ele, as perspectivas de votos para Bolsonaro são favoráveis junto ao agronegócio. “Atualmente, a grande maioria dos produtores rurais está ao lado do atual governo e a tendência é de que esse apoio se mantenha firme nas próximas eleições”, diz.Análise semelhante é feita pelo senador Vanderlan Cardoso (PSD). “A eleição presidencial, historicamente, não impacta diretamente nas eleições estaduais. Muita coisa vai acontecer nos próximos meses, com conversações, disputas e diálogo para a montagem de chapas no Estado”, expõe, reafirmando que apoia o nome de Henrique Meirelles (PSD) ao Senado. “Estamos trabalhando por uma chapa forte de deputados federais e estaduais. Farei todo o possível para pacificar esse momento, pois o importante é o objetivo final de trabalhar por políticas públicas eficientes para o nosso país.”Vanderlan diz que tem percorrido os municípios goianos e ouvido muito que o setor do agronegócio tem uma grande identificação com a política econômica do presidente Jair Bolsonaro. Integrante da base do governo, ele reforça, porém, que não concorda “com tudo o que ele diz e faz”. “Sou um defensor da Constituição e não concordo com invasão de nenhum poder pelo outro. Os poderes têm de respeitar o espaço um dos outros e conviver harmonicamente”, explica, ao ser questionado sobre a participação de entidades do setor agropecuário em manifestação de bolsonaristas no 7 de Setembro, quando houve ameaças a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e a congressistas. Também aliado de Bolsonaro, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), deputado federal José Mário Schreiner (DEM), respondeu por meio de sua assessoria que não se pronunciaria sobre o projeto de reeleição à Presidência da República. Zé Mário elegeu-se pelo mesmo partido de Caiado, que aguarda tramitação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para confirmar fusão com o PSL, antigo partido de Bolsonaro, e assim formar o União Brasil, que sinaliza interesse em aliança com o ex-ministro e ex-juiz Sergio Moro (Podemos), pré-candidato à Presidência da República.Nos bastidores, a informação é de que Zé Mário pode se filiar ao MDB, cujo presidente estadual é Daniel Vilela, confirmado vice na chapa que busca reeleger o governador. Já Bolsonaro filiou-se ao PL, oposição na disputa ao Palácio das Esmeraldas, na qual aparece como mais cotado para candidato a governador o prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha (sem partido). Muito próximo a Bolsonaro, o deputado federal Vitor Hugo (PSL) tem sido citado também como pré-candidato.“Gratidão”O senador Luiz do Carmo (MDB) ressalta que por onde tem passado, vê que o setor agropecuário tem muita gratidão por Bolsonaro e que, pelo menos em Goiás, com certeza estará com ele. “É um fato que o presidente Bolsonaro foi disparado o melhor presidente que o Brasil já teve no que diz respeito ao agronegócio. Nunca o agronegócio foi tão valorizado e prestigiado no Brasil”, considera.Apesar de seu partido já estar com nome definido na chapa majoritária encabeçada pelo governador, Luiz do Carmo acredita que Bolsonaro leva vantagem numa divisão de forças no setor rural em Goiás. “Sempre fui muito franco nas minhas opiniões e mesmo tendo muito respeito ao governador Caiado, penso ser um erro se afastar de Bolsonaro. O setor do agronegócio está satisfeito com presidente e não tenho dúvida de que a grande maioria do setor irá apoiar Bolsonaro.”Ao percorrer o interior goiano, o deputado federal Adriano do Baldy (PP) faz avaliação semelhante. “Em 2018 Goiás mostrou a força do agro nas eleições do Bolsonaro e em 2022 não será diferente. Vamos trabalhar para que possamos continuar o crescimento econômico no setor junto com o presidente. Sabemos do caos e a insegurança que vivemos em governos anteriores, trabalharemos firme para que essa situação nunca mais volte a nos assombrar.”-Imagem (Image_1.1653211)-Imagem (Image_1.1765289)-Imagem (1.2142557)