Reagindo à consolidação da aliança entre o MDB e o DEM do governador Ronaldo Caiado, com o presidente emedebista, Daniel Vilela, como pré-candidato a vice-governador, o prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha, confirmou ontem a sua desfiliação do MDB se dizendo “à disposição” para eventual candidatura ao governo em 2022.Pelo apurado, um advogado deve entregar, hoje, o requerimento de saída ao presidente do partido em Aparecida, Tarcísio Francisco dos Santos. Mendanha irá a Brasília para compromisso administrativo. Será entregue também uma carta de cunho político com as justificativas para a desfiliação.Em live pelas redes sociais, Mendanha afirmou que o MDB não atendeu sua solicitação de fazer uma “consulta ampla” aos filiados a respeito da aliança com o DEM de maneira antecipada. O prefeito defendia a ideia de encontros regionais para apresentar os dois projetos aos filiados: o de apoiar Caiado ou ter candidatura própria.Segundo ele, caso isso fosse feito, com uma decisão a ser tomada no ano que vem, “todo partido marcharia unido”. “Tentei com muita maturidade e equilíbrio conversar com o partido, que tomou uma decisão equivocada. Desde o início, venho conversando para que fizéssemos encontros regionais nos quatro cantos do estado e tomar uma decisão madura e equilibrada. Não tenha dúvida de que, independente do resultado, todos caminhariam juntos”.E continuou: “Espero que vocês emedebistas me compreendam. Tentei dialogar, convencer a Executiva do MDB, que respeito muito, mas não posso concordar com a posição que o partido tomou sem que pudéssemos encontrar com os emedebistas em todo o estado”, disse na live.Daniel, que foi anunciado pré-candidato a vice na chapa de Caiado, na sexta-feira (24), tem repetido que 146 dos 160 diretórios do partido foram favoráveis à aliança com Caiado, além de 27 dos 28 prefeitos — apenas Mendanha não foi a favor da união. Em uma fala de aproximadamente meia hora, Mendanha relatou não ter “condições de estar no MDB neste momento” e que tem seus “princípios e ideais”. “Não consegui trair o que sempre defendi.” A afirmação é uma referência ao que chama de “autoritarismo” do atual do governo que, segundo ele, aprendeu a combater com seu pai, o ex-deputado Léo Mendanha, e com Maguito Vilela, ex-governador e pai de Daniel. Os dois faleceram neste ano por complicações da Covid-19.Ele cita a questão também na carta que entregará hoje e diz que Caiado “sempre combateu o MDB”. “Inclusive na última eleição municipal fez intensamente campanha contra os nossos candidatos a prefeito em Aparecida, Goiânia, Anápolis, Rio Verde, Porangatu e diversas cidades.” Apesar das falas, o prefeito pediu que seus seguidores não atacassem Daniel, e citou entrevista concedida ao POPULAR na semana passada em que afirma não se sentir traído por ele. “Tenho muito carinho por ele.”Em relação ao partido no qual deve se filiar agora, ele descarta qualquer movimento nesse sentido. “Neste momento, não vou me filiar a partido nenhum. Tenho tempo para discutir. Muitas pessoas já me colocaram dentro de um partido. Não estou buscando um partido para me filiar, mas o diálogo.”2022Sobre 2022, Mendanha ressaltou que não sai do MDB como candidato a governador, mas em busca de uma “aliança pelo bem de Goiás”. “Tenho conversado com muitas pessoas e me perguntam o que vou fazer agora. Vou conversar. Não por um projeto em torno do meu nome, mas para o Estado de Goiás.” De acordo com ele, as conversas serão feitas “nos finais de semana, depois do horário de expediente”. Ele iniciou neste ano uma série de viagens pelo interior do Estado a fim de dialogar com lideranças partidárias e prefeitos. No último fim de semana, por exemplo, esteve no Norte goiano.Apesar de não se colocar claramente como pré-candidato ao governo, Mendanha ressaltou: “Quero ser um soldado. Se lá no futuro, as forças políticas que vamos unir definirem meu nome, estarei à disposição do povo goiano para ser candidato a governador”. “Vamos juntar muita gente de bem e, no fim do processo, escolher alguém que os goianos querem para o Estado”, afirmou em outro momento.Na live, chamou as pessoas para conversar, independente de serem filiadas a algum partido ou não, disse que tem tido “boa recepção” pelo estado, e arrematou dizendo: “Não deixo companheiro para trás. Não troco velhos amigos por novos”.Em sua carta, Mendanha faz outra provocação. Depois de agradecer ao MDB, ele dá um “até logo” e completa: “Quiçá em uma grande aliança pelo bem de Goiás, porque se o governador não honrar com a promessa de ceder a vaga de vice ao Daniel Vilela, saiba que eu estarei aqui na mesma posição, na resistência ao coronelismo e autoritarismo”.OUTRO LADOEm nota, Daniel Vilela diz que “o relato que o prefeito Gustavo Mendanha faz sobre o processo de consulta interno no MDB não condiz com a verdade”. “Consultamos todos os prefeitos, todos os diretórios e comissões provisórias, envolvendo 160 municípios na discussão. O resultado foi inconteste dada a ampla maioria.”Diz também que, como resultado não foi o que ele queria, “resolveu se retirar do partido e buscar justamente em adversários históricos do MDB, como o PSDB do ex-governador Marconi Perillo, suporte para seu projeto eleitoral”. “É um direito dele, a partir do momento que não está mais no MDB, e não cabe mais a nós interferir nesta decisão. Isto agora é entre ele e seus eleitores, que logo terão mais clareza sobre essa situação.”