A Prefeitura de Goiânia anunciou hoje (11) um projeto de lei que pretende mudar a forma de cobrança do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e do Imposto Territorial Urbano (ITU), dentro da proposta de alteração do Código Tributário do Município. A principal mudança é que, a partir de 2019, as alíquotas passariam a variar de acordo com o valor venal do imóvel, e não mais de acordo com a zona fiscal. Quanto maior o valor de avaliação, maior a alíquota. Com isso, 562.733 imóveis (83,8%) na capital teriam redução e 102.327 (15,2%) pagariam uma alíquota maior do imposto.A maior alteração nos 384 artigos do Código Tributário, que foi alinhado ao Plano Diretor de Goiânia, aconteceu no IPTU, com a mudança na sistemática de alíquotas. Hoje, existem quatro alíquotas de acordo com o zoneamento fiscal. Agora, passariam a vigorar oito alíquotas, que variam de acordo com a avaliação de mercado do imóvel. Assim, as alíquotas que incidiam sobre os imóveis residenciais, que antes iam de 0,2% a 0,55%, no próximo ano podem variar de 0,2% a 0,6%. A maior será cobrada sobre os imóveis acima de R$ 2 milhões.A Prefeitura já trabalhava há cerca de um ano na atualização do Código, que é de 1975 e já foi impactado por um aglomerado de resoluções, causando uma confusão jurídica. O projeto com as alterações será encaminhado à Câmara Municipal e precisa ser aprovado até 30 de setembro para vigorar em 2019. “O imposto tem de tributar quem tem mais condições de pagar. É a justiça fiscal com base na capacidade contributiva”, diz o secretário de Finanças de Goiânia, Alessandro Melo.Por enquanto, não haverá alteração no valor venal dos imóveis, que será corrigido apenas pela inflação em 2019. No próximo ano, a Prefeitura iniciará estudos para adoção de uma nova metodologia de atualização de valores para 2020. Alessandro diz que, hoje, o zoneamento fiscal já não corresponde mais à capacidade contributiva dos proprietários. “Uma prova é que o Centro já não é a região mais valorizada da cidade e uma casa em um condomínio fechado, que custa R$ 2 milhões, não pode ter a mesma alíquota que outra vizinha de R$ 100 mil, só porque estão na mesma zona fiscal”, explica o secretário.Para ele, as oito faixas de valores dos imóveis chegam muito mais próximo de uma justiça fiscal. Alessandro lembra que, hoje, existem 102.387 imóveis residenciais na 1ª zona fiscal, que inclui o Centro da capital, e todos pagam alíquota de 0,55%, independentemente do valor. Com as alterações, 101.564 terão redução de alíquota e 146 terão acréscimo. Todos os 232.350 imóveis da 3ª zona, que custam R$ 5 milhões ou R$ 100 mil, pagam alíquota de 0,36%. Com a mudança, 220.893 terão alíquota reduzida.No caso dos imóveis residenciais, a Prefeitura estima uma queda de R$ 7,5 milhões na arrecadação. Já para imóveis comerciais e terrenos, são estimados aumentos de R$ 33,5 milhões e R$ 74,4 milhões. “Mesmo com o aumento nas faixas mais altas, a Prefeitura abrirá mão de receita dos imóveis residenciais”, destaca. Mas, se o código for aprovado, é estimado um aumento de R$ 100 milhões na arrecadação anual com o aumento de alíquotas para imóveis mais caros.Outros R$ 100 milhões a mais devem entrar nos cofres da prefeitura com o fim de várias isenções e benefícios. Um deles é a redução do desconto atual para pagamento à vista do IPTU, que cairá de 10% para 5% no caso de imóveis comerciais e terrenos. Procurado, o Sindicato dos Condomínios e Imobiliárias (Secovi Goiás) não quis se manifestar.ISTI perde descontos, mas projeto também prevê benefíciosAs mudanças propostas no Código Tributário também preveem o fim de descontos no Imposto sobre Transmissão de Imóveis (ISTI), que é de 2%. Antes, imóveis financiados contavam com reduções que baixavam o imposto para até 0,5%. Se as mudanças forem aprovadas, todos pagarão 2%. “Da forma como está, não privilegiamos quem junta o dinheiro para comprar à vista”, alega o secretário Alessandro Melo. O projeto prevê a isenção para programas habitacionais de interesse social. Por outro lado, seguindo as diretrizes do Plano Diretor, o novo Código prevê benefícios fiscais para estimular os polos de desenvolvimento econômico, que terão 30% de desconto no IPTU, três anos após o início das atividades, e isenção de ISTI. Para estimular a instalação de empresas em arranjos produtivos locais, elas terão 30% de redução no imposto. Adequado ao Plano Diretor, o novo Código Tributário quer estimular novas construções de habitações coletivas no Setor Central, dentro do Projeto de Revitalização do Centro, por meio da isenção do ISTI e de cinco anos de IPTU. Imóveis tombados também terão isenção de IPTU. Imóveis classificados como Bens Culturais teriam redução de 30% do IPTU. Na visão do secretário, como o projeto visa uma justiça fiscal com base na capacidade contributiva, deve ser aprovado na Câmara Municipal. “O Código foi modernizado para termos um ganho de eficiência tributária”, afirma Alessandro.