Integrante da equipe de transição do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ex-secretário de Saúde de Goiás e deputado federal eleito Ismael Alexandrino (PSD) disse que o grupo percebeu retrocessos em setores da saúde no governo de Jair Bolsonaro (PL). Segundo ele, as principais deficiências são na vacinação.“Tem algumas vertentes da saúde em que precisaremos avançar porque percebemos um retrocesso. A principal é a vacinação”, disse, em entrevista ao jornalista Jackson Abrão, transmitida pelo POPULAR nesta segunda-feira (26).Segundo o deputado, o problema não se restringe à vacinação contra a Covid-19, mas atingiu outras campanhas prioritárias nos últimos três anos. Ele contou que havia casos em que o índice de cobertura era de 95% e, hoje, encontram dificuldades para chegar a 70%.“Doenças que eram erradicadas na América, como a pólio e o sarampo, por exemplo, a gente percebe que se tornaram uma ameaça na sociedade porque não atingimos os índices. O programa nacional de imunização precisa ser resgatado”, avaliou.Alexandrino, que foi eleito com o apoio do governador Ronaldo Caiado (UB), que apoiou Bolsonaro no segundo turno, defende que a saúde é um tema suprapartidário. Na entrevista, ele criticou os sigilos impostos pela gestão do atual presidente e contou que o grupo encontrou dificuldades para acessar informações cruciais.Novo integrante da bancada goiana a partir do ano que vem, o deputado eleito afirma que o PSD deve ficar na base do presidente Lula, mas que ele quer ter liberdade nas votações de matérias. “Eu me sinto à vontade para refutar os projetos que não forem bons para a sociedade e também não terei melindre em apoiar aqueles que forem bons”, disse.Leia também:- Municípios buscam alternativa para rever decisão sobre o ICMS- Fim do orçamento secreto amplia ‘emendas pix’ em 73% para deputados e senadores goianosPróximo de Caiado, Alexandrino diz que quer ajudar o governador na interlocução com o governo federal. “É impossível conduzirmos políticas macro, seja na saúde, seja no social, se não tiver diálogo”, avaliou.Para ele, o presidente eleito e o governador terão uma relação republicana. “Acho que vai ser um governo de coalizão, baseado no diálogo, para que as pessoas sejam ouvidas. É preciso haver convergência nas ações”, acrescentou.No entanto, o deputado eleito descarta deixar seu mandato para voltar a assumir a Secretaria de Estado da Saúde. “Com todo respeito e gratidão que tenho ao governador, acho que a população me elegeu para que eu cumprisse o mandato e a minha intenção é essa, ajudando na Comissão de Saúde e nas outras esferas que têm dentro do parlamento”, disse.Alexandrino reforça que sua principal atuação deve ser na saúde e defende uma discussão mais responsável do piso da enfermagem, que foi aprovado pelo Congresso Nacional, mas suspenso pelo Supremo Tribunal Federal (STF).“Existem 280 pisos salariais, neste momento, tramitando na Câmara Federal. Não dá para implantá-los sem ter discussão com quem paga. Obviamente que a gente quer que todo mundo receba bem, mas nós precisamos discutir com a iniciativa privada, com os filantropos e com o poder público”, defendeu.Quanto ao futuro governo, Alexandrino elogiou a escolha da socióloga e presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Nísia Trindade, para ser ministra da Saúde e defendeu sua autoridade para ocupar o cargo, questionada devido ao fato de não ser médica.“Ela é presidente de uma das principais instituições de saúde, que é um ponto fundamental do nosso Sistema Único de Saúde, teve um papel fundamental na condução da pandemia, trazendo, desenvolvendo e produzindo a vacina”, disse.Questionado quanto aos efeitos do bolsonarismo, Alexandrino se limitou a criticar extremismos. Disse que tem amigos bolsonaristas que não são radicais e criticou o que chamou de “extremistas de esquerda”, referindo-se às pessoas que ocupam terras.