A Justiça Eleitoral já recebeu 103 representações em Goiás desde o início da campanha. A maior parte dos processos são relacionados a propaganda política de diferentes tipos, como no rádio, na televisão e nas redes sociais. Especialistas avaliam que a judicialização está ligada à temperatura da campanha, considerada morna na disputa ao governo e aquecida na busca pelo Senado. Há também entendimento de que, muitas vezes, a medida é usada como instrumento para tentar enfraquecer o adversário.O levantamento foi feito pelo POPULAR no portal de consulta pública unificada do Processo Judicial Eletrônico (PJe) do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) e cartórios eleitorais. Os dados são referentes a 16 de agosto (data de início da campanha eleitoral) até esta segunda-feira (19) – os 35 primeiros dias de campanha.As informações da Justiça Eleitoral mostram que foram registradas 102 representações no mesmo período da eleição de 2018. Além disso, foram localizados 176 processos referentes a toda campanha daquele ano. Vale lembrar que o pleito de 2018 terminou, em Goiás, no primeiro turno.Advogado especialista em Direito Eleitoral, Luciano Hanna afirma que o número de processos na eleição para Senado deve aumentar por causa dos programas e pílulas com críticas e acusações a adversários, que os candidatos têm levado ao ar. “Medidas judiciais acompanham a temperatura da eleição, principalmente sobre propaganda”, afirmou.Leia também:- Cinco candidatos são barrados pela Lei da Ficha Limpa em Goiás- Maioria dos partidos em Goiás não forma chapa completa para eleições de 2022- Mais de 80 pedidos de candidaturas são indeferidos pelo Tribunal Regional Eleitoral em GoiásHanna afirma que há casos em que os processos são usados por candidatos na tentativa de desgastar adversários. “Existem algumas estratégias de campanha em que usam representações para enfraquecer o debate, para criar um fato. Infelizmente há pessoas que se submetem a isso, usam desse artifício para judicializar, sabendo que não há fundamento e muitas vezes nem recorrer de decisões”, afirma.A opinião é compartilhada pelo advogado Wandir Allan de Oliveira. “Certamente as decisões judiciais no âmbito do processo eleitoral são utilizadas como elementos da comunicação política, contudo a Justiça Eleitoral não coaduna com essas práticas e dá respostas muito contundentes nos casos de hiperjudicialização”, afirma o especialista. Wandir acredita que o número de processos em relação a propaganda deve seguir números semelhantes a de anos anteriores.CenárioNa disputa pelo governo estadual, a última rodada da pesquisa Serpes/O Popular mostrou o candidato à reeleição Ronaldo Caiado (UB) com 52,4% das intenções de voto e quase 66% dos votos válidos. Os dados apontam para a possibilidade de vitória no primeiro turno. Na lista de candidatos ao governo de Goiás, os principais adversários são o ex-prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha (Patriota), com 16,2% das intenções de voto, e o deputado federal Major Vitor Hugo (PL), que tem 6%. Os dados são da pesquisa estimulada, em que os entrevistados recebem lista com os nomes dos candidatos.Já na busca pelo Senado, o levantamento mostra o ex-governador Marconi Perillo (PSDB) com 25,8% das intenções de voto, seguido pelo deputado federal Delegado Waldir (UB), com 13,2%. Entre os demais candidatos, os porcentuais são próximos. João Campos (Republicanos) tem 6,9% das intenções de voto; Wilder Morais (PL), 5,4%; Denise Carvalho (PCdoB) e Alexandre Baldy (PP), 5%, cada; Vilmar Rocha (PSD), 3,4%; Leonardo Rizzo (Novo), 1,2%; e Manu Jacob (PSOL), 1,1%.Levantamento Serpes/O Popular mostrou ainda que 57,7% dos eleitores de Goiás estão com voto para governo decidido e não pretendem mudar mais. Já na eleição para o Senado, 42,3% dizem que podem mudar o voto até o dia da eleição, o que aponta para cenário aberto. Há entendimento entre candidatos de que o voto para senador é o último que o eleitor decide. Diante disso, os candidatos intensificaram os ataques. Há ainda pela frente mais duas semanas de propaganda no rádio e na TV.Ações Na semana passada, o juiz Mark Yshida Brandão, do Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO), determinou a suspensão de uma pílula de responsabilidade de Marconi com conteúdo contrário a Waldir. O fundamento da decisão foi uma questão técnica (identificação dos candidatos e o tamanho da fonte usada na peça), mas o conteúdo da propaganda explorava episódios polêmicos envolvendo Waldir, como a oportunidade em que ele disse que iria “implodir o presidente”, após rompimento com Jair Bolsonaro (PL), em 2019.Apesar de a decisão ter sido tomada por causa de uma questão técnica, foi vista como vitória pela equipe de Waldir. Um dos coordenadores da campanha de Marconi, Jayme Rincón disse que o objetivo é manter estratégia propositiva, mas explicou que a peça foi “um recado” para Waldir, diante de ataques feitos pelo adversário durante a campanha. A decisão foi publicada na sexta-feira (16), Rincón disse que a campanha iria recorrer, mas não houve nova movimentação no processo até o fechamento desta edição.Em outra decisão publicada na sexta, a equipe de Marconi conseguiu decisão judicial que suspendeu, naquele dia, propaganda de Mendanha no rádio que associava o tucano a Caiado. A defesa do ex-prefeito argumentou que a peça foi baseada em notícias de jornais sobre o movimento ROMA (grupo de políticos do estado, principalmente prefeitos, que declararam apoio a Caiado e Marconi).No entanto, o juiz Adenir Teixeira Peres Junior entendeu que aliança entre os dois é “mero rumor” e o argumento não poderia ser usado para convencimento do eleitorado, principalmente por meio de propaganda eleitoral gratuita.-Imagem (Image_1.2532646)-Imagem (Image_1.2532645)