A entrega da nova sede da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, a gestão durante a pandemia e o pagamento de emendas impositivas estão entre objetivos políticos e administrativos alcançados pela Casa ao longo dos últimos três anos, e devem ser usados pelo presidente Lissauer Vieira (PSB) para ajudar a alavancar sua candidatura a deputado federal.O parlamentar também pretende atuar pela duplicação do trecho da BR 452 entre Rio Verde a Itumbiara. Se der certo, a obra vai beneficiar o setor que ele representa, o agronegócio, na região onde está sua principal base eleitoral, a cidade de Rio Verde.A chamada entrega provisória da obra da nova sede da Assembleia Legislativa, no Park Lozandes, está prevista para o fim deste mês e a expectativa é realizar a primeira sessão de 2022, no dia 15 de fevereiro, no plenário da Casa. Nesta sexta-feira (14), como noticiou o jornal O POPULAR, foi iniciada a transferência do sistema e dos gabinetes para o novo prédio.A obra se arrasta há anos. Foi idealizada em 2001 e o projeto foi apresentado em 2005. A construção sofreu paralisações nos anos de 2007, 2013 e 2015. A conclusão do edifício foi um compromisso de Lissauer, quando assumiu seu primeiro mandato, em 2019. Mesmo após o início da atual gestão, a entrega da obra foi adiada (a data inicial era outubro de 2021). A empresa responsável justificou que fornecedores atrasaram a entrega de materiais por causa da pandemia.A conclusão da obra é alvo de elogios e deve servir como base para estratégia eleitoral em torno da capacidade de gestão do presidente.Mudança de siglaLissauer ainda não bateu o martelo oficialmente sobre para qual partido irá, mas caminha muito próximo ao PSD, atuando a favor da pré-candidatura do secretário da Fazenda de São Paulo, Henrique Meirelles, ao Senado.Em dezembro, organizou encontro de Meirelles com deputados estaduais, que reuniu 22 parlamentares, metade das cadeiras da Assembleia. Na oportunidade, a capacidade de mobilização de Lissauer entre os demais parlamentares foi lembrada por Meirelles e pelo presidente do PSD em Goiás, Vilmar Rocha.Nesta reunião, deputados citaram em discursos a possibilidade do presidente da Assembleia Legislativa ser candidato a vice-governador. Em reação aos comentários, Lissauer apenas fez sinal negativo com a cabeça.O pessebista já foi visto como possível nome para integrar a chapa majoritária encabeçada por Ronaldo Caiado (DEM), cenário que perdeu força após o democrata anunciar Daniel Vilela (MDB) para ocupar a vice.A articulação para o pagamento das emendas impositivas (parte do orçamento do estado é destinado a bases dos deputados estaduais com aplicação obrigatória) também é vista de forma positiva por colegas parlamentares. Segundo pessoas próximas ao presidente, o tema também entra como destaque.Mobilização políticaSem apoio de Caiado, Lissauer foi eleito presidente da Assembleia em 2019, mas logo se aproximou do chefe do Executivo e trabalhou ao longo dos últimos três anos pela aprovação de matérias de interesse do governo, como a reforma da Previdência. Outro ponto - já citado com frequência pelo pessebista e que deve ser usado em seu discurso eleitoral – é a participação da Assembleia Legislativa na aprovação de matérias que colaboraram para a entrada de Goiás no Regime de Recuperação Fiscal (RRF).Em outubro de 2019, Lissauer foi reeleito presidente da Assembleia Legislativa em pleito antecipado com voto favorável de todos os parlamentares presentes, inclusive de deputados da oposição. Com isso, garantiu o comando da Casa até o fim de 2023.Líder da bancada de oposição na Assembleia Legislativa, Lêda Borges (PSDB) classifica a relação institucional e parlamentar do grupo com o presidente como “muito democrática”. A tucana ressalta que os deputados de oposição têm liberdade de manifestar suas posições.A opinião é compartilhada por Adriana Accorsi (PT), que também faz parte da oposição e é pré-candidata a deputada federal. A petista destaca que a gestão garantiu a continuidade dos trabalhos na Casa com qualidade durante a pandemia.3 Perguntas para Lissauer Vieira Existe algum tema a ser discutido na Casa que deve projetar a Assembleia Legislativa do ponto de vista eleitoral?As matérias mais importantes foram votadas no ano passado, até por causa do ano eleitoral, quando alguns benefícios não podem ser feitos. Também por causa do Regime de Recuperação Fiscal (RRF), teve progressões, planejamentos de melhorias no salário dos servidores, auxílio-alimentação. Essas coisas foram votadas no ano passado. Eu acredito que neste ano não teremos matérias neste sentido para não dar conotação eleitoreira. O que tinha que ser feito, e foi possível, foi realizado no ano passado.Há desgaste do governo com o funcionalismo por causa de matérias como a Reforma da Previdência e alteração no Estatuto dos Servidores. Além disso, há mudança no pagamento do 13º salário para ser discutida neste ano. O que pode ser feito para diminuir esse desgaste?Eu não acredito em desgaste do tamanho que, às vezes, muitas pessoas falam, principalmente pessoas da oposição. Eu acredito que o governo fez alguns ajustes com responsabilidade, até pela necessidade financeira do momento e da responsabilidade fiscal com relação à Lei de Teto de Gastos e ao RRF. Claro que, como em toda mudança, existe alguma categoria que vai ficar descontente, mas vejo que foram matérias necessárias de serem votadas. Lá em 2019 foi cobrado 14,25% da previdência dos aposentados. A gente sabia que era bastante pesado, mas era necessário. Com a possibilidade de o estado melhorar um pouco suas finanças e com equilíbrio fiscal, nós votamos no fim do ano passado a isenção de quem ganha até R$ 3 mil e também uma melhoria para quem ganha acima de R$ 3 mil, que passa a contar a partir deste valor. O que é possível melhorar para cada classe, o governo tem feito. Porém, o governador e os gestores têm uma questão muito séria, que é o teto de gastos. Não pode furar esse teto e descumprir a legislação federal. Dentro da responsabilidade fiscal e dos limites do teto de gastos, o governo tem feito o que é possível.A base do governo na Assembleia está consolidada?Está bem consolidada. Neste ano, as coisas esquentam um pouco mais politicamente. A tendência é que deputados de oposição estejam atuando com mais força ainda por causa do ano eleitoral. Isso é natural. E os deputados da base estão consolidados. O governo tem feito de tudo para atendê-los. Vejo que o governador e seus auxiliares não medem esforços para atender os pleitos dos deputados da base. Claro que existem coisas que são possíveis e coisas que não são. Mas dentro da experiência que tenho no Legislativo, mesmo com apenas dois mandatos, e do que escuto de outros parlamentares que têm mais mandatos do que eu, esse governo atendeu acima da média os pleitos dos deputados, no sentido de recursos para municípios e demandas das suas representatividades. Vejo que os deputados da base estão atendidos. Existe alguma discussão com relação à saída de auxiliares de governo que serão candidatos em 2022. Isso vamos tratar com o governador. E a minha opinião é que eles possam sair ou estabeleçam prazo limite no final deste mês, para evitar gerar qualquer tipo de desconforto com os deputados da base aliada.