O imbróglio da possível filiação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ao PL, com tensões expostas no último fim de semana, desencadeou embates em Goiás. O comando do partido no estado e o nome que será candidato pela sigla ao governo, com apoio do presidente, são pontos de discordância entre o diretório regional e o deputado bolsonarista Vitor Hugo (PSL), que estuda se filiar à sigla.O POPULAR havia conversado com o presidente do PL em Goiás, Flávio Canedo, e a deputada federal Magda Mofatto (PL) na quinta-feira (11) sobre os reflexos da filiação de Bolsonaro, até então marcada para o dia 22 de novembro. Na ocasião, eles comentaram o fato de o partido já ter definido apoio à possível candidatura do prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha (sem partido), ao governo de Goiás, em 2022. O partido é um dos que cortejam Mendanha, já que ele deixou o MDB recentemente, devido à composição da legenda com o governador Ronaldo Caiado (DEM). Magda disse que a chegada de Bolsonaro não muda a posição do partido e que o PL estará com Mendanha mesmo que ele decida se filiar a outra sigla. Entretanto, ela e Canedo, que é seu esposo, disseram que a vinda de Bolsonaro atrairia o deputado Vitor Hugo. Diante do desejo do parlamentar de disputar o governo do estado, eles afirmaram que o partido avaliaria quem entre ele e Mendanha estaria melhor nas pesquisas para definir, então, quem seria o candidato da legenda.ReviravoltaNo fim de semana, porém, o presidente adiou sua filiação ao PL, sem anunciar nova data (leia mais na página 4). O desentendimento estaria no fato de que Bolsonaro cobra o comando do partido em todos os estados onde a sigla tem diretório, o que gerou resistências locais em parte deles. O mais emblemático é o caso de São Paulo, onde o PL tem a intenção de apoiar a candidatura de Rodrigo Garcia (PSDB) ao governo. A aliança tem resistência de bolsonaristas, já que Garcia teria apoio do atual governador, João Doria (PSDB), um dos principais adversários do presidente. Bolsonaro pretende lançar para o governo o atual ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas. O ministro também é cotado para ser o candidato de Bolsonaro, em Goiás, ao Senado em 2022. O deputado Vitor Hugo já dizia, na quinta-feira (11), que sua ida para o PL na próxima janela partidária se concretizaria depois que visse o presidente filiado. Ele apresenta resistência à candidatura de Mendanha e afirma que não o vê como aliado para montar um potencial palanque para Bolsonaro no estado. Após o PL comunicar, no domingo, o adiamento oficial do evento de filiação do presidente, que estava previsto para o próximo dia 22, Vitor Hugo disse que o ideal seria uma candidatura de terceira via conservadora em Goiás, descartando qualquer intenção de aproximação com Mendanha ou de reaproximação do presidente com Caiado (leia mais na página 5).“Caiado tem demonstrado incoerência, ingratidão e deslealdade ao presidente. O Mendanha, por outro lado, tem, ao longo de sua vida política, composto com a esquerda”, justifica. O próprio Vitor Hugo já manifestou o desejo de ser o candidato ao governo de Goiás em 2022 e, além disso, já deu sinais de que pode querer o comando do PL no estado, como mostrou a coluna Giro na edição de segunda-feira (15). Ao POPULAR, porém, o deputado desconversou sobre a disputa acerca da presidência regional da sigla. “Prefiro não trabalhar com hipóteses”, respondeu, ao lembrar que, até sobre a filiação de Bolsonaro, não há certezas.Direção goianaNesta segunda-feira, Magda reforçou à reportagem que o comando do PL continua com seu grupo, com Canedo na presidência. “O Vitor Hugo quer o comando, mas o partido está conosco. O PL apoia o Bolsonaro. Então, não entra em discussão a direção do PL no estado de Goiás. Mas todos são bem-vindos e eu acredito que, o Bolsonaro se filiando, virão cada vez mais filiados do PSL”, diz. A deputada, que espera que a situação se resolva a nível nacional, resume assim as movimentações do fim de semana: “Está havendo influência do filho caçula do Bolsonaro (Eduardo Bolsonaro (PSL/SP)), que está fazendo a cabeça do pai. E não houve desentendimento, mas está em definição nos estados onde não houve um acordo definitivo. Porque o PL vai apoiar o Bolsonaro no país inteiro, mas o Valdemar não pode dar o comando da sigla a ele.”A parlamentar ainda refutou as afirmações de Vitor Hugo quanto às alianças passadas de Mendanha com partidos de esquerda. “Eu estranho muito essa colocação, porque Gustavo Mendanha não se manifesta a esse respeito”, diz.Para Magda, essa fala de Vitor Hugo provoca “uma situação que não existe para, de repente, ter espaço”. A deputada também afirma não ver possibilidade de “terceira via” em Goiás. Ela reforça que, se o deputado se filiar, o partido vai escolher quem estiver melhor nas pesquisas, entre ele e Mendanha.“Mas o Gustavo Mendanha já mostrou que tem votos, e muitos, e o Vitor Hugo ainda não. Ele foi eleito na esteira do deputado Delegado Waldir. Então, ele primeiro precisa mostrar que tem voto”, concluiu.