Quase quatro anos depois da dura derrota para o Senado, quando ficou em quinto lugar, afetado pelos desgastes de quatro mandatos de governador e pela Operação Cash Delivery, Marconi Perillo (PSDB) volta a tentar o cargo, após semanas oscilando entre a eleição para o governo e de deputado federal.Ao anunciar que entrará na disputa em candidatura independente, sem palanques de candidatos a governador e presidente da República e com pouco tempo de televisão, Marconi disse que é “movido a desafios” e que ajudará os postulantes à Câmara dos Deputados e Assembleia Legislativa.Em convenção na sede do diretório estadual, no Setor Sul, em Goiânia, o PSDB (em federação com o Cidadania) liberou os filiados para apoio a qualquer candidato, com recomendação para que seja da oposição ao governador Ronaldo Caiado (UB). Marconi disse que descartou disputar o governo porque não conseguiu viabilizar aliança.Lançado pré-candidato ao Palácio das Esmeraldas no dia 16 de julho, após consulta interna no PSDB, o tucano priorizou coligação com o PT, mas alega que houve veto do partido em Brasília e São Paulo, além de resistências locais. No encontro estadual da sigla há 20 dias, 93% dos correligionários votaram pela candidatura ao governo, 6% pelo Senado e 1% para deputado federal.Depois da desistência da disputa ao Executivo, na noite de quarta-feira (3), Marconi passou a avaliar a possibilidade de tentar o Senado, levando em conta principalmente o cenário da disputa. Os tucanos consideram que a pulverização na base do governo, a saída de nomes com potencial de crescimento - como Lissauer Vieira (PSD) e Zacharias Calil (UB) - e o fato de o ex-governador aparecer em primeiro lugar nas pesquisas são pontos favoráveis à candidatura.Nas falas dos tucanos, também há defesa de retomada do projeto de 2018. A Justiça arquivou as investigações da Cash Delivery.Na quinta-feira, Marconi definiu os dois nomes para suplência: o ex-presidente da Saneago e ex-prefeito de Goianésia Jalles Fontoura e o empresário Marcos Ermírio de Moraes, organizador do Rally dos Sertões. Segundo ele, o primeiro foi indicação de ex-prefeitos e o segundo é de família que “ajudou muito Goiás com indústrias no interior e ajudará mais”.Na noite de quinta-feira (4), Marconi aguardava apenas confirmações de garantia de financiamento da campanha, com respaldo do diretório nacional e de empresários para fazer doações.“Chegamos à conclusão de que uma candidatura majoritária seria importante para dar palanque aos candidatos à Câmara e Alego. Eu sou uma pessoa de desafios. Nunca fui voltado ao comodismo. Sempre fui ousado. Aceito o desafio e vou para a luta”, afirmou Marconi em entrevista. “Quero fazer representação do tamanho da importância de Goiás no Brasil. Recolocar Goiás no mapa das discussões mais importantes do País.”No discurso, Marconi disse que vai “aproveitar seus 39 segundos de tempo de televisão da melhor maneira possível” e as redes sociais. Na federação com o Cidadania, a chapa deve ter pouco mais de um minuto na propaganda eleitoral. “Seria mais cômodo para mim ser candidato à Câmara, mas como candidato a senador poderei ajudar mais ainda. A gente tem de ter coragem para enfrentar, ousar”, afirmou o ex-governador no discurso.GovernoSobre as avaliações de que a saída do páreo favorece vitória de Caiado no primeiro turno, Marconi afirmou acreditar em crescimento dos candidatos de oposição. “Eu discordo (da tese de encerramento em primeiro turno). Acho que teremos candidatos na oposição competitivos, que vão crescer, tanto da esquerda quanto da direita”, disse.O tucano também afirmou que mais adiante deve declarar seu voto para governador. É tido como certo que será o ex-reitor da Pontifícia Universidade Católica (PUC-GO) Wolmir Amado, um dos atores com os quais Marconi avançou nas conversas para tentar ser palanque do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em Goiás.Sobre a disputa presidencial, o tucano disse que seguirá a decisão do PSDB nacional, que lançou candidata a vice na chapa da senadora Simone Tebet (MDB-MS), a também senadora Mara Gabrilli (SP). O tucano não demonstra disposição em se envolver na disputa presidencial porque Tebet esteve em Goiás e se encontrou apenas com o governador e Daniel Vilela, presidente do MDB goiano e candidato a vice-governador na chapa de Caiado.Questionado pelo POPULAR se o vaivém de candidaturas não passaria imagem de falta de rumo do PSDB, Marconi rebateu: “Passa a imagem de um democrata, que escutou permanentemente o seu partido e os seus aliados. Em todos os eventos eu disse ‘quem vai tomar a decisão são vocês’. Tanto é que hoje estou aqui com todos, apoiando a minha candidatura ao Senado. Estamos fazendo isso de forma democrática”.No discurso, Marconi brincou com o vaivém: “Eu dormia candidato a governador e acordava candidato a deputado. Sei que a decisão frustrou muita gente e eu jamais tive receio de enfrentar desafios, mas existem as circunstâncias e não podemos avançar além do possível”. Disse ainda que o projeto de tentar voltar ao governo pode estar sendo “prorrogado para frente”.Sobre os adversários na disputa, o ex-governador afirmou que respeita todos os nomes. “Nunca enfrentei batalha fácil. Enfrentei Iris Rezende três vezes, enfrentei Maguito Vilela (ambos do MDB, que morreram no ano passado). Todas as minhas eleições foram difíceis e nós vamos enfrentar essa luta com altivez.”Leia também:- Saiba quem está na disputa pela vaga ao Senado por Goiás- Vilmar deseja sorte a Marconi e diz que se mantém na disputa ao Senado- Entidade tenta, sem sucesso, encontro de Gustavo com Marconi