A secretária da Economia, Cristiane Schmidt, afirma que o objetivo da pasta é que, após o estado sair do Regime de Recuperação Fiscal (RRF), o pagamento do serviço da dívida represente cerca de 6% da receita corrente líquida (RCL).De acordo com a auxiliar, em 2019, o porcentual estava em cerca de 11,5%, limite estipulado por lei. Schmidt também disse que o RRF “não é uma meta de vida”, e, sim, uma “forma de arrumar essa casa, que já está bem arrumada, mas ainda tem bastante coisa a se fazer”.A secretária argumenta que as ações para aumento da RCL são somadas ao trabalho de renegociações para que, ao sair do RRF, o serviço da dívida represente o menor porcentual possível da receita.“Nós estávamos exatamente aí, no limite. Na minha visão, o serviço da dívida representar quase 12% da RCL é muito pesado. A meta é que represente 6%. Estamos aumentando a RCL com muitas ações fiscais, com inteligência artificial e estratégias para detectar sonegadores fiscais. Estamos atuando nisso para aumentar a RCL”, afirma Schmidt.O Relatório Resumido da Execução Orçamentária (RREO) em Foco, publicado pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN) em fevereiro, mostrou que o estado usou 53,9% da sua receita total de 2021 para pagar a folha de servidores e 13,8% para investimentos. Outros 29,7% foram aplicados no custeio da máquina pública e 0,4% foi usado no serviço da dívida (pagamento do principal, juros e/ou da atualização monetária ou cambial da dívida pública).Em junho de 2019, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes concedeu liminar que permitiu que o estado de Goiás deixasse de pagar dívidas com bancos sem sofrer sanções por parte da União até que conseguisse entrar no RRF. Ao longo dos últimos três anos, ocorreu uma sequência de prorrogações da liminar, o que fez com que o pagamento do serviço da dívida ficasse com porcentual baixo.Em relação aos investimentos, Cristiane afirmou que este tipo de despesa não pode ter trajetória de crescimento por muito tempo porque após a construção de estrutura e compra de equipamentos, por exemplo, o gasto com manutenção passa a integrar os valores de custeio. “Nós só tínhamos hospitais e policlínicas em três cidades. Agora, temos em 23. Isso é muita coisa. Feito este investimento, a manutenção vira custeio”, explica.“Nós precisávamos fazer, de fato, grandes investimentos no estado porque (a estrutura) estava sucateada durante muito tempo. O estado, quando o governador Ronaldo Caiado chegou em 2019, não tinha condições de fazer isso. Nós passamos a ter essa possibilidade mesmo em 2021 e 2022. Mas isso deve ter uma trajetória que deve se estabilizar”, afirma a secretária.‘Vai mudar o quê? O que ficou ruim no RRF?’, indaga secretária sobre críticasEm meio a críticas de pré-candidatos ao governo em relação ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF), inclusive com declarações relacionadas à possibilidade de revisão do planejamento, a secretária da Economia, Cristiane Schmidt, diz que o próximo chefe do Executivo eleito terá legitimidade para fazer alterações no plano, mas cobra a apresentação de detalhes sobre suas propostas de mudança.“Existe todo um planejamento. Se o próximo governador quiser fazer uma revisão do plano, ele tem a legitimidade do povo para fazer. Se ele já está dizendo de antemão, ótimo, porque vai dar visibilidade para a população do que vai ser feito. O que a pessoa (pré-candidato) precisa dizer é o quê. Vai mudar o quê? O que ficou ruim no RRF? É muito importante em um processo democrático nós termos bons debates. (...) É bom explicar para a população o que vai mudar ao modificar o plano e quais são as consequências. Caso contrário, é um discurso vazio.”, afirmou a auxiliar do governador Ronaldo Caiado (UB).Durante sabatina promovida pelo POPULAR com os pré-candidatos ao governo, Vitor Hugo (PL) criticou o RRF e afirmou que o estado aderiu ao regime sem dar transparência aos resultados desta adesão. No final do ano passado, antes de receber apoio oficial do presidente Jair Bolsonaro (PL) para disputar o governo de Goiás, Vitor Hugo fez uma série de críticas ao RRF.Leia tambémGoverno projeta resultado primário de R$ 1,2 bi em 2023Mutirão em Goiânia terá mais de 50 serviços gratuitos à população neste fim de semanaA reação ocorreu em live ao lado de Bolsonaro, que chegou a dizer que esperaria por mais detalhes sobre a situação de Goiás antes de assinar o documento de entrada do estado no regime, o que poderia atrasar o planejamento da gestão de Caiado. A situação foi pacificada e o governo conseguiu a adesão ao programa.Gustavo Mendanha (Patriota) também fez críticas ao regime, afirmando que a participação do estado no programa de socorro federal é um “problema sério que vamos enfrentar nos próximos anos”, sob o argumento de que as regras limitam as ações do governo.