O presidente da Assembleia Legislativa de Goiás, Lissauer Vieira (PSB), diz que sua permanência ou não no PSB está condicionada ao apoio do partido à reeleição do governador Ronaldo Caiado (DEM). O deputado estadual, que pretende pleitear cadeira na Câmara dos Deputados, diz que essa é sua condição principal inclusive para aceitar convites de outras siglas, caso decida mudar de partido.Lissauer ressalta a boa relação que tem com o presidente estadual da sigla, o deputado federal Elias Vaz (PSB), mas admite as diferenças ideológicas entre eles. Apesar disso, acredita que é possível um apoio do PSB a Caiado, mesmo que a orientação nacional da sigla seja a de não haver composição com candidatos alinhados ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido).Ele fala ainda da relação com Caiado e da possibilidade de ser vice na chapa majoritária. E também comenta a gestão da Assembleia, com os desafios que surgiram durante a pandemia da Covid-19. O PSB nacional tem passado por movimentações nos últimos dias, marcadas pela filiação do deputado federal Marcelo Freixo e do governador do Maranhão, Flávio Dino, ambos de esquerda. Como isso reflete em Goiás e como está a sua situação hoje no PSB?A minha situação no partido é clara. Eu tenho conversado muito com o deputado federal Elias Vaz (PSB), que tem uma linha de trabalho política um pouco diferente da minha, mas isso não interfere no nosso relacionamento. Sempre tivemos uma relação respeitosa. Mas o que acontece hoje? O partido, em nível nacional, é alinhado à esquerda e eu sou um político, na essência e até mesmo de representatividade, de direita. Aqui em Goiás, o partido não interfere em nada e nós temos um respeito no relacionamento. A primeira questão do PSB no Estado, para mim, é estar ou não alinhado com o governador. Existe uma diretriz nacional para que as coligações que estiverem alinhadas com o projeto do presidente Jair Bolsonaro, o partido não acompanharia. É claro que pode haver uma exceção no meio do caminho. Mas nesse sentido, se for essa a diretriz nacional, para mim é impossível permanecer. Primeiro porque eu não vou disputar eleição, em qualquer partido que seja, que não esteja alinhado com o governador Ronaldo Caiado. Eu já declarei isso, já deixei muito claro que o meu projeto político para 2022 passa pelo projeto político de reeleição do governador. Esse é o ponto principal. Mas em relação ao partido, eu não tenho dificuldade de diálogo com o Elias. Como a janela partidária é só em março do ano que vem, eu não tenho por que antecipar esse processo. Mas existem algumas condicionantes que precisam ser construídas para que o nosso diálogo lá na frente renda frutos ou não. E qual é a sua posição em relação ao presidente Jair Bolsonaro?Eu sou totalmente favorável (ao presidente) e a minha linha política é de direita. Claro que eu não estou falando que todas as ações do presidente estão corretas. Eu acho que todos os governos têm acertos e erros. Mas é uma pessoa que tem tentado consertar o País, bem intencionada, que entrou na gestão com a bandeira da honestidade, da transparência e da seriedade. Mas tem um cenário se desenhando. Fala-se que com a adesão de Freixo e de Dino, o PSB pode apoiar o Lula na disputa pela Presidência em 2022. Se isso se confirmar, há a possibilidade de o partido nacionalmente estar com Lula, e em Goiás, com Caiado, que sempre foi oposição aos governos petistas?Eu não posso responder isso, porque eu não estou dialogando em nível nacional com o PSB. Aliás eu tenho pouco diálogo. Eu converso com o presidente estadual, que é o deputado Elias Vaz. Mas tudo depende da situação de cada Estado, e aí cada caso é um caso. Então eu vejo que o partido, aqui em Goiás, pode caminhar com o governador, mesmo que ele apoie Bolsonaro. Caiado foi historicamente um combatente à esquerda no País, sempre foi uma pessoa que levantou bandeira contra os governos do PT. O momento agora é diferente, hoje ele está na gestão do Estado e o presidente Bolsonaro tem ajudado Goiás na medida do possível. Existem ideias divergentes como é natural existir em qualquer processo político e administrativo, mas a linha política de Caiado sempre foi de direita, não tem como negar. E o sr. já tem em mente a candidatura em 2022?Eu estou trabalhando para viabilizar uma candidatura a deputado federal. A minha parcela de contribuição aqui no Poder Legislativo estadual já está concreta. Há uma especulação de que o sr. possa ser vice do governador Ronaldo Caiado em 2022. Tem essa possibilidade mesmo?Eu recebo isso com muita alegria. Se você está sendo cogitado como um provável componente na chapa majoritária, mostra que o trabalho tem dado certo. Agora, essa candidatura de vice não é uma questão de desejo pessoal e sim de conjunturas políticas momentâneas. O governador vai ter o momento de discutir isso, que é no ano que vem. Ele vai ter que ver as composições partidárias para discutir isso. Mas se no ano que vem nós chegarmos à possibilidade de discussão, de estar com o nome posto, e se for também de agrado do governador e do grupo político e partidário que vai apoiar a sua reeleição, com certeza eu não fugirei a esse desafio. Então se o convite surgir, o sr. aceita?Claro. Com certeza. Se não for possível o PSB apoiar Caiado em 2022, para qual partido o sr. iria?Eu tenho conversado e recebido convites de vários partidos. A maioria dos que hoje são constituídos no Estado de Goiás já conversou comigo sobre a possibilidade de filiar. Como eu tenho tempo até março do ano que vem, eu vou aguardar essas definições e, até mesmo, aguardar o posicionamento do partido em que eu estou hoje. Agora na Assembleia voltam a ser discutidos projetos para viabilizar a entrada do Estado no RRF. Como o sr. analisa o clima em comparação com 2019, quando projetos assim também foram discutidos? Está mais fácil aprovar hoje?Os deputados entenderam que isso é questão de sobrevivência do Estado. Por isso eu vejo que hoje estamos com o clima mais favorável na Assembleia. Porque os deputados também têm o entendimento de que nós precisamos ser responsáveis em devolver ao Estado, à população de Goiás, o que ela precisa e merece, que são políticas públicas de qualidade. Na semana passada, na Assembleia, houve uma discussão de deputados da oposição de que, por conta da pandemia e das sessões serem híbridas, as matérias do governo são aprovadas com mais facilidade. Como o senhor vê essa discussão?Não existe isso, obviamente a gente respeita qualquer deputado que faça esse questionamento, mas todas as votações são nominais. Cada deputado tem em seu celular uma senha para votar, em um sistema fechado. E a votação é nominal, ela aparece no painel eletrônico. Vocês acompanham isso através da imprensa. Então não tem como nós discutirmos isso, não tem como falarmos que tem facilitado. Nós colocamos as sessões híbridas, mas não é proibido de vir ao plenário. Mas é preciso respeitar aqueles que não se sentem seguros de estar aqui. E isso é uma condição minha como gestor e presidente da mesa diretora. Nós vamos continuar assim enquanto a pandemia insistir. O sr. falou que não abre mão do apoio a Caiado, mas o sr. foi eleito presidente da Alego em 2019 com um discurso de independência e sua eleição até foi vista como derrota do governador. O que mudou?Primeiro que eu não faço política olhando no retrovisor. Nós precisamos trabalhar em harmonia. A Assembleia Legislativa tem a sua independência de poder, tem as conquistas que nós tivemos ao longo da minha gestão e de outros gestores também, mas o que foi determinante para hoje eu estar ao lado do governador é saber a preocupação, a responsabilidade e a seriedade com que ele tem conduzido o Estado de Goiás. O governador tem amor por esse Estado, é bem intencionado e tem feito os ajustes necessários para investir. Então isso me deixa tranquilo e seguro de que estamos no caminho certo e é por isso que eu tenho hoje convicção em apoiar o governo dele.