Com intenção de definir seu futuro partidário apenas em fevereiro, o prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha, diz que vai aguardar os desdobramentos da filiação do presidente Jair Bolsonaro ao PL, na terça-feira (30), para avaliar se as novidades do partido inviabilizam seu projeto. O comando do PL em Goiás havia declarado apoio a Gustavo e esperava sua filiação, mas o prefeito queria evitar assumir uma posição sobre o embate Bolsonaro e Lula na eleição presidencial. Como fica a possibilidade de filiação ao PL com a entrada agora do presidente Jair Bolsonaro?Não vou me antecipar porque tudo pode acontecer. Estou conversando com vários partidos e o PL é uma opção, mas são muitos fatores a levar em conta. Minha ideia é discutir Goiás. Tenho apoiadores que apoiam Lula e que apoiam Bolsonaro. Eu quero discutir o Estado e, em segundo momento, fazer essa avaliação (disputa presidencial). Mas o senhor tem de ir para um partido que dê garantia de candidatura ao governo no ano que vem. Como fica essa especulação de que o presidente Bolsonaro estaria articulando a candidatura do deputado federal Vitor Hugo?Temos de aguardar se o presidente de fato vai se filiar ao PL, se vai continuar no partido, e se vai querer a candidatura de Vitor Hugo. Se isso acontecer, eu não teria espaço. Mas há muita instabilidade, então eu não vou me antecipar. Só vou me filiar em fevereiro e tenho tempo. O PL em Goiás nega acordo nacional para Vitor Hugo ser candidato, mas diz que, se lá na frente ele demonstrar viabilidade, pode ser candidato. Isso gera incerteza ao sr.?Não vou me posicionar sobre isso. Eu não sei se de fato ele (o presidente Bolsonaro) quer isso. Eu tenho outras opções, converso com outros partidos. E vou esperar para tomar essa decisão. Estava de fato mais alinhado com o PL, até porque sei que o presidente nacional (Valdemar Costa Neto) é uma pessoa de muita fibra e palavra. Agora é preciso fazer avaliação sobre essas novidades. Ele te deu a palavra de que seria o candidato do partido caso se filiasse?Sim. PL, Podemos e Pros foram os três partidos que conversaram comigo em nível nacional e me deram garantia. E há conversas também com o Republicanos. Há informação de um vídeo em que Valdemar diz que o comando do partido em Goiás não será trocado e segue nas mãos da deputada Magda Mofatto. Isso é suficiente para afastar as especulações de candidatura do Vitor Hugo?Parece que ele deixa claro de quem é o comando. Mas não me cabe entrar nisso. Estou conversando com todo mundo e não vou tomar decisão agora. O Podemos recebeu filiação recentemente do ex-ministro Sérgio Moro e o governador Ronaldo Caiado defendeu em reunião esta semana o apoio do partido União Brasil ao Moro para a Presidência da República. Isso inviabilizaria sua filiação ao Podemos.Eu não vou estar num partido cujo candidato a presidente terá apoio do Caiado. É difícil. Não estarei no mesmo palanque que ele. Não teria lógica. Mas então as opções ficam mais restritas, não?Em política, as coisas acontecem em grande velocidade. E eu não sofro por antecedência. Mas acha que será possível ficar com uma candidatura presidencial da terceira via?Minha disposição é discutir Goiás e não entrar em embate nacional agora. Estou na construção de um grupo e vou definir junto com ele o nacional. Então existe a possibilidade de ser palanque para o presidente Bolsonaro?Na vida, existe possibilidade de tudo. Mas é uma avaliação a ser feita mais adiante. Minha ideia era sair dessa polarização, mas também preciso de um partido. Se não houver uma opção de centro que me dê garantias do projeto em Goiás e alternativas para sair da polarização, tenho de avaliar. Não preciso comprar briga com ninguém agora nem esticar a corda. Tenho tempo. Se lá na frente não houver opção, terei de jogar com alguma camisa, e aí vou pensar. E existe o risco de o PSB, que já declarou apoio ao sr., mas com a condição de não apoio a Bolsonaro, se distanciar do seu projeto?É mais um motivo para eu avaliar com calma as opções. Sobre programas e agenda do governador que têm priorizado Aparecida de Goiânia, o que acha?Para quem nunca fez nada, fazer alguma coisa, mesmo que seja em período pequeno é bom. Toda ajuda é bem-vinda. Agora, são ações eleitoreiras, muito claramente. E agora ele criou a obrigatoriedade aos jovens de 16 anos de tirarem o título de eleitor para receber benefício. É um absurdo total. É bem a cara deste governo. Essas estratégias do governador em Aparecida e na Região Metropolitana mudam algo nas suas estratégias?Como ele está fraco aqui, quer evidenciar forças. Mas não muda nada minha agenda. Zero. Pode notar: eu recebo aqui um cantor sertanejo, daqui a pouco ele recebe; eu vou em uma região, daqui a pouco ele vai com alguma ação. Ele tem seguido a minha agenda, não o contrário. Aparecida de Goiânia caiu de 26° para a 249° lugar no ranking de competitividade do Índice Firjan de Gestão Fiscal e isso tem sido usado por governistas para criticar sua gestão. Como responde?O ranking mostra mais uma vez meu compromisso com a população. No período da Covid, priorizamos a saúde e caímos no ranking por conta da redução de infraestrutura. Priorizamos a vida naquele momento. Mas, a partir deste ano, já vamos voltar a investir pesado. Será quase R$ 1 bilhão de investimento até o final do mandato. E no ranking seguimos no grupo de 11% que tem gestão de excelência. Mas claro que o governo tenta de alguma forma apresentar uma ou outra coisa aqui que tenha problema. Só esquece de ver o governo dele. Eu é que tenho pautado o Estado, em vez do próprio governo. Hoje mesmo vi no Giro que ele criou um programa que é praticamente uma cópia do nosso (bolsa para pagar aluguel e parcelas de financiamento habitacional). Óbvio que nossa estrutura e orçamento são muito menores, mas isso mostra, mais uma vez, a deficiência de projetos do governo. É um governo que praticamente nada fez. Em Aparecida tem programa de bolsa aluguel?Apresentei o projeto, obviamente com volume muito menor, mas foi antes do governo. Então não tem receio de que emplaquem essa tese de que o sr. foi beneficiado com a herança de Maguito Vilela e que não manteve o mesmo nível?Eu tive 95% dos votos válidos da cidade. Não tem nenhuma mostra de aprovação melhor do que o resultado das urnas. E isso ocorreu quatro anos depois que assumi. Quem está aqui sabe o trabalho que fiz. E sabem que no momento da Covid tive algumas prioridades que implicaram queda no ranking. A minha população é a melhor para atestar isso. Sei que o jogo vai ser pesado. Mas não muda nada. As pessoas aqui continuam acreditando em mim, o trabalho é reconhecido. O desespero dessa turma é por saber dessa força na Região Metropolitana. O vice-prefeito de Aparecida, Vilmar Mariano, está mais participativo na gestão, anunciando e comentando decisões. Já estão analisando o desempenho e aceitação do nome dele caso o sr. renuncie?Ele tem participado em todos os momentos. Tenho dividido com ele a tomada de algumas decisões. Fico totalmente tranquilo com a possibilidade de ele me suceder, até porque ele foi vereador comigo e com Maguito, foi secretário do Maguito, conhece como ninguém a cidade. E agora está muito mais próximo de mim para que tudo aquilo que nós prometemos, e aquilo que está acontecendo na cidade, possa ter continuidade caso eu deixe a prefeitura. O sr. tem viajado para o interior. Seguirá com essa agenda nos próximos meses?Tenho visitado todo o Estado, nos finais de semana e à noite para cidades mais próximas, para me tornar mais conhecido e ouvir as pessoas. Já foram mais de cem e vamos continuar.