Pré-candidato à Presidência da República, o ex-juiz federal Sergio Moro (Podemos-PR) disse em entrevista ao Conversa com Bial na madrugada desta quarta-feira (17) que o ex-presidente do Banco Central Affonso Celso Pastore faz parte de um grupo que ele reuniu para discutir os rumos econômicos do Brasil."É um dos melhores nomes do país", afirmou. Segundo o ex-ministro do governo de Jair Bolsonaro, Pastore o assessora em relação à macroeconomia. "É importante controlar a inflação."Em afirmação recente à Folha, Pastore disse que o Brasil deve permanecer por bastante tempo com um câmbio depreciado, fator que dificulta o combate à inflação e que não resolverá sozinho o problema de falta de competitividade da indústria brasileira.Pastore afirmou também que o país corre o risco de perpetuar alguns erros do passado caso reeleja Bolsonaro (sem partido) ou o ex-presidente Lula (PT). Ele se declara otimista com uma terceira via social-democrata, com um modelo econômico de Estado provedor e que reduza desigualdades.Na entrevista à Globo, Moro preferiu não revelar outros nomes que fazem parte do grupo de economistas reunidos por ele. Alegou que é melhor manter o sigilo porque "o projeto ainda está sendo construído".O "projeto", admitiu, é a sua candidatura à Presidência da República em 2022. "Me sinto habilitado a construir esse projeto de país com a população brasileira", respondeu sobre a disputa eleitoral. Para Moro, é importante evitar que o país "caia no desespero de extremos'', referindo-se a Bolsonaro e a Lula.Na parte final da entrevista, o ex-juiz respondeu genericamente sobre seus planos para controlar o preço dos combustíveis. Segundo ele, é preciso fazer isso com "as políticas econômicas certas". Moro disse ainda que uma das causas do aumento dos preços é a inflação e isso é responsabilidade do governo.Ele também respondeu sobre mineração e exploração econômica em terras indígenas. Afirmou que no período em que foi ministro percebeu que há situações diferentes entre os indígenas, como os que vivem isolados e os que desejam ter atividades econômicas.Para Moro, é preciso ter amparo e soluções para cada situação.Apesar de admitir a candidatura, o ex-juiz prega o diálogo com outros líderes políticos para encontrar pontos em comum. "Essa união tem que ser em cima de um projeto", defendeu, afirmando que é preciso "colocar o Brasil nos trilhos".Pouco depois de sua filiação ao Podemos, na quarta-feira (10), Moro se encontrou com o presidente do DEM, ACM Neto, e discutiu o apoio do partido à sua empreitada eleitoral.Assim como fez no ato de sua filiação partidária, Moro defendeu o legado da Lava Jato na entrevista para o jornalista Pedro Bial e repetiu críticas a Bolsonaro e Lula.Sobre o presidente da República, reafirmou que Bolsonaro boicotou o projeto de combate à corrupção que teria sido o motivo para ele aceitar ser ministro da Justiça.Em relação a Lula, negou ter questões pessoais contra o ex-presidente e garantiu que agiu apenas como juiz que aplica a lei nos processos que envolviam o petista."Durante o governo dele aconteceram os maiores escândalos, como o mensalão e o Petrolão", disse. "A Petrobras foi saqueada como nunca antes nesse país."Juiz da Lava Jato, Moro abandonou a magistratura para assumir o Ministério da Justiça do governo Bolsonaro, com quem se desentendeu -isso motivou seu pedido de demissão em abril do ano passado.Neste ano, Moro sofreu uma dura derrota no STF (Supremo Tribunal Federal), que o considerou parcial nas ações em que atuou como juiz federal contra o ex-presidente Lula (PT). Com isso, foram anuladas ações dos casos tríplex, sítio de Atibaia e Instituto Lula.Diferentes pontos levantados pela defesa de Lula levaram à declaração de parcialidade de Moro, como condução coercitiva sem prévia intimação para oitiva, interceptações telefônicas do ex-presidente, familiares e advogados antes de adotadas outras medidas investigativas e divulgação de grampos.A posse de Moro como ministro de Bolsonaro também pesou, assim como os diálogos entre integrantes da Lava Jato obtidos pelo site The Intercept Brasil e publicados por outros veículos de imprensa, como a Folha, que expuseram a proximidade entre Moro e os procuradores da Lava Jato.Em resumo, no contato com os procuradores, Moro indicou testemunha que poderia colaborar para a apuração sobre Lula, orientou a inclusão de prova contra um réu em denúncia que já havia sido oferecida pelo Ministério Público Federal, sugeriu alterar a ordem de fases da operação Lava Jato e antecipou ao menos uma decisão judicial.Moro sempre repetiu que não reconhece a autenticidade das mensagens, mas que, se verdadeiras, não contêm ilegalidades.Na entrevista a Bial, Moro disse que mudanças recentes de jurisprudência no STF enfraqueceram o combate à corrupção. Ele citou apegos a tecnicismos como causas dessas mudanças, que considera negativas."A verdade é uma só: mensalão e Petrolão. E agora rachadinha", afirmou, como um bordão de campanha.A entrevista terminou com a repetição de uma pergunta feita por Bial em 2019, quando Moro foi entrevistado no programa, sobre o último livro que havia sido lido pelo ex-juiz. Na ocasião, o então ministro não lembrou.Mais preparado, dessa vez ele citou a obra "O rio da dúvida", sobre uma expedição de Theodore Roosevelt e Cândido Rondon na floresta amazônica.