Com caminhos opostos, movimentos de renovação tentam se fortalecer em Goiás. Enquanto o Movimento Acredito concentra esforços nas filiações partidárias, com vistas a viabilizar as candidaturas na eleição de 2022, o Movimento Brasil Livre (MBL) tomou a decisão de não lançar candidatos neste ano com o objetivo de, primeiro, fortalecer suas bases no estado. O Livres segue o mesmo caminho, mas com o intuito de fortalecer candidaturas para 2024. O MBL tem protagonizado polêmicas nos últimos meses, com alguns de seus principais líderes nacionais no centro de escândalos, como é o caso do deputado estadual de São Paulo Arthur do Val, que teve áudios vazados, dizendo que as ucranianas eram fáceis, porque eram pobres. Além disso, o movimento esteve à frente de atos esvaziados, no ano passado, contra o presidente Jair Bolsonaro (PL), em um contraste com atos feitos pela esquerda, com o mesmo objetivo. Essa redução da quantidade de pessoas que aderiram aos protestos de rua puxados pelo MBL também contrasta com os que eram organizados por ele na época do impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). O atual contexto difere de 2018, quando o movimento conseguiu eleger nomes com votação significativa para os Legislativos do país.Mas em Goiás, não houve eleição de nomes do movimento. Apenas em 2020 foi lançada a candidatura de Vagner Prestes (Podemos) para vereador de Goiânia, e ele conseguiu apenas 652 votos. A falta de musculatura eleitoral é o que leva o MBL a decidir se concentrar em fortalecer suas bases no estado antes de pensar em novas candidaturas. “Nosso foco mesmo é estruturar o núcleo de Goiás para conseguir mais capilaridade. Futuramente, podemos ter uma opção eleitoral, mas, no momento, não está no nosso radar”, explica João Victor, coordenador estadual do MBL. Ele afirma que, se optassem por lançar algum nome, estariam muito focados nessa candidatura. “A gente entendeu que conseguiria ser mais útil na sociedade dessa forma.”O Livres segue um caminho parecido. Em Goiás, foi traçado o plano de fortalecer candidaturas para as eleições municipais. “Nosso alvo é 2024. O Livres vai começar uma série de ações para fomentar o crescimento da pauta nas cidades maiores”, explica Bruno Neto, que assumiu a coordenação goiana em 25 de março. Segundo ele, o movimento está em processo de remodelação em Goiás, para ganhar robustez, e tem o foco de garantir vagas para vereadores em Goiânia, Aparecida de Goiânia e Anápolis no próximo pleito municipal. “O Livres precisa ter mais representatividade social, maior adesão às causas”, diz, ao explicar o adiamento do plano eleitoral. Bruno lembra que o movimento até tentou assumir o PSL em 2018, mas se desvinculou diante da candidatura de Jair Bolsonaro pelo partido. Depois disso, passou a se difundir com filiações a diferentes siglas. Segundo ele, hoje, há muitos filiados ao Novo e ao Cidadania, ao qual ele também é filiado, no entanto, ainda não consegue falar em números. Eleição 2022O Movimento Acredito é o que se diferencia nesse processo de fortalecimento. A estratégia do grupo, em Goiás, é, justamente, a de fortalecer candidaturas em 2022. É nesse sentido que houve uma onda de filiações ao MDB, mostrada pelo POPULAR, recentemente, na coluna Giro. Ideologicamente, também, o movimento defende uma postura antibolsonarista.“Queremos focar nas candidaturas neste ano”, explica Laura Câmara, coordenadora estadual do Acredito. Segundo ela, a ideia é ter menos candidaturas em Goiás e mais voluntários envolvidos nas campanhas. Os possíveis candidatos, hoje, para os Legislativos federal ou estadual, são José Frederico Lyra Netto, Ludmila Rosa, Tomaz Aquino e Julimária Sousa. José Frederico é um dos fundadores do Acredito, foi candidato a deputado federal em 2018 e titular do Escritório de Prioridades Estratégicas da Prefeitura de Goiânia em 2021. Assumiu a presidência da Fundação Ulysses Guimarães, ligado ao MDB.Ludmila e Tomaz foram suplentes de vereador em 2020, respectivamente pelo Avante e pelo Cidadania. Já Julimária foi candidata a vice-prefeita na chapa do deputado estadual Virmondes Cruvinel (Cidadania). O Acredito, porém, mudou de estratégia e decidiu filiar suas lideranças em partidos com maior capilaridade, até considerando que a eleição deste ano vai favorecer mais as siglas com maior quociente eleitoral, devido ao fim das coligações.É nesse sentido que, em Goiás, as filiações se concentraram no MDB. “Isso é um sintoma interessante, porque em 2018 a gente via a maior parte dos candidatos do Acredito indo para partidos menores, que simbolizavam a renovação. Agora, minha interpretação é de que há um movimento natural de concentração em menos partidos, o que é bom para o país”, diz José Frederico, ao lembrar que a cláusula de barreira e o fim das coligações têm colaborado para isso. Ele cita, inclusive, que enquanto em Goiás há essa concentração no MDB, no Rio de Janeiro, membros do Acredito têm se filiado ao PSD, além de outras lideranças no país, como a deputada federal Tábata Amaral, que foi para o PSB. Laura explica, porém, que o fato do MDB estar na base do governador Ronaldo Caiado (UB) não significa que o Acredito terá uma posição específica na eleição majoritária em Goiás, esclarecendo que seus membros estão livres para se posicionar. A única orientação, e essa é um consenso nacional, é de ir contra a eleição de Bolsonaro. A Rede de Ação Política pela Sustentabilidade (Raps) e o RenovaBR são outras iniciativas de renovação política, mas que se concentram no objetivo de formar pessoas e não trabalham como movimento. -Imagem (1.2443956)-Imagem (1.2443955)