À moda Iris Rezende (MDB), o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Republicanos), vistoriou obras na capital ontem pela manhã. Entre uma obra e outra, ele conversou com O POPULAR. Acompanhado do secretário Municipal de Infraestrutura, Luiz Bittencourt, Cruz se informava sobre o andamento de cada reparo, ainda consequência da primeira grande chuva do ano em Goiânia. O trajeto começou na Vila dos Alpes e seguiu para o Finsocial, na região Noroeste de Goiânia. No reduto eleitoral de Iris, foi abordado por Arnaldo, um comerciante local, que perguntou pelo emedebista e fez questão de frisar: “Votei em Maguito, hein?”. Mostrou até um santinho para provar, ao que Rogério agradeceu, com um sorriso.Na conversa com a reportagem, Cruz falou sobre os desafios de substituir Maguito. “Não dá para comparar o nome de Maguito Vilela com Rogério Cruz. Ainda estamos muito distantes dessa força política. Mas uma vez assumindo a Prefeitura de fato, o que temos que fazer é trabalhar”, disse, ao ser indagado sobre a importância do cabeça de chapa para a campanha vitoriosa de novembro de 2020. “Acho que não seria tão fácil, se fosse apenas o meu nome como candidato a prefeito, conseguir essa vitória.” Ele também fala sobre a aproximação com Ronaldo Caiado (DEM), sua trajetória na igreja e as primeiras metas de sua gestão. Prefeito, a solução para que Goiânia não passe de novo pelo caos que sofreu na primeira grande chuva do ano está entre as metas para os primeiros 100 dias de gestão?Sim, na verdade, as obras estão nas metas dos 100 primeiros dias. Mas, infelizmente, o ocorrido da semana passada nos obrigou a antecipar esse trabalho. Mas isso é bom. Todos os dias a equipe da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinfra) está nas ruas dia e noite. Tanto a Seinfra, como a Comurg e todos aqueles que estão envolvidos com a questão de alagamentos e chuvas. E como está sendo feita essa definição de metas? Nesta segunda-feira (hoje) teremos uma reunião com todo o secretariado. Justamente para apresentar a eles as metas. Nós temos um plano de governo para ser cumprido e, dentro desse plano de governo, separaremos as partes devidas de cada pasta e entregaremos a cada secretário. Qual o maior desafio neste início de gestão, agora como prefeito definitivo e após a morte de Maguito Vilela?Toda gestão é um desafio, estamos falando de uma cidade com 1,6 milhão de habitantes. E nós estamos nos preparando a cada dia para que essas metas sejam cumpridas. E que possamos também, como sempre tenho dito, levar esse programa, os projetos, o plano de governo de Maguito Vilela para que toda nossa cidade reconheça. As pessoas votaram em Maguito Vilela e em Rogério Cruz por causa do plano que foi apresentado. E eu tenho que cumprir. Independentemente do ocorrido, eu tenho que manter a cabeça erguida, juntamente com a força de todo o secretariado e toda a equipe. Hoje o sr. é prefeito por conta da morte de Maguito, mas se o sr. estivesse na cabeça de chapa, acha que poderia ganhar essa eleição?Não. Reconheço que possivelmente não. Não dá para comparar o nome de Maguito Vilela com Rogério Cruz. Ainda estamos muito distantes dessa força política. Mas uma vez assumindo a Prefeitura de fato, o que temos que fazer é trabalhar. Hoje, nós já temos um plano de governo que foi montado, criado por uma equipe – tanto a do MDB como a do Republicanos e outros partidos. Então, respondendo à sua pergunta. Acho que não seria tão fácil, se fosse apenas o meu nome como candidato a prefeito conseguir essa vitória. Mas agradeço imensamente a confiança do Maguito Vilela, do MDB, por ter me concedido essa oportunidade de estarmos juntos e fazermos parte desse plano, que hoje estamos à frente. E como vai ser a participação do MDB agora com a Prefeitura sob seu comando?Participa normalmente como vem participando. Não podemos esquecer que o MDB foi cabeça de chapa. É óbvio que nós também temos nosso método de trabalho, mas que é semelhante ao do MDB. Não vejo, portanto, nenhum motivo para alterar o método de trabalho ou o que quer que seja, só porque agora mudou o prefeito. Acho que é um trabalho em conjunto. O Republicanos foi o partido que mais cresceu na Câmara Municipal de Goiânia, inclusive o vereador mais votado é do partido, e agora tem o sr. como prefeito da capital. O partido ganha uma força política com isso…Sim, nós tínhamos aí, em 2012, um vereador (ele próprio). Em 2016, dois vereadores (ele e Alysson Lima), depois o segundo vereador saiu para deputado estadual e eu continuei. Agora, tivemos três vereadores (Isaías Ribeiro, Sargento Novandir e Leandro Sena) do partido, tendo sido o primeiro (Isaías) e o segundo (Novandir) mais votados. Então, isso nos fortalece muito. Eu estava na chapa como vice, hoje sou prefeito. Então, eu acho que isso nos dá condições de podermos mostrar nosso trabalho. O governador Ronaldo Caiado (DEM) apoiou Vanderlan Cardoso (PSD) na disputa pela Prefeitura de Goiânia. Um candidato que foi com vocês para o segundo turno e usou como estratégia ataques ao seu nome, diante da condição em que Maguito estava. Agora, o governador dá sinais de aproximação, tanto com o sr. como com o Republicanos. Como o sr. vê isso? Eu não vejo que o governador estava na chapa para atacar. Acho que o ataque nós sabemos de onde veio, sabemos as pessoas que atacaram. Mas isso já passou, é coisa de política, de momento. Ronaldo Caiado é uma pessoa muito gentil, educada, é um governador experiente, um homem experimentado na política. E nós temos a certeza de que o que ele falou (na posse, em que foi elogioso a Rogério Cruz), falou de coração. E eu farei questão de muito em breve estar com ele para definirmos algumas questões, no que diz respeito à nossa cidade, uma vez que Goiânia é a capital do nosso Estado. Tenho certeza de que é um acerto chegar mais próximo ao governador do Estado. Acho que é o objetivo de qualquer prefeito. Não tenho dúvida nenhuma de que me aproximarei. Já estamos próximos e não custa nada aproximarmos mais para cuidar da nossa cidade. Essa aproximação não pode interferir na relação com o MDB?Acredito que não, porque essa aproximação não significa nada a respeito dos próximos pleitos políticos. Nós temos ainda dois anos para trabalhar, ou melhor dizendo, um ano, para montarmos chapas, para governador. Eu não vejo que é o momento agora de pensar em 2022. O momento é de unir forças e cuidar da cidade. Os vereadores têm o costume de acompanhar obras. Hoje, o sr. acompanha estas obras enquanto Executivo. Qual a diferença?A diferença é que quando você vem como vereador, você tem a proposta de acompanhar a obra que você solicitou ao prefeito. Muitas vezes, mesmo que você não tenha solicitado, é uma obra que você viu nascer de perto, às vezes perto da sua residência, perto do seu bairro, na sua região. E isso é muito importante. Agora, como Executivo, a diferença é que você está vistoriando as obras para executá-las e o vereador vem acompanhar, como fiscal. Isso é normal e é bom tanto para o vereador, que é fiscal, quanto para nós, que somos do Executivo, e estamos observando a execução das obras que estão sendo ordenadas a cada dia. Uma crítica que faziam ao sr. durante a campanha era quanto à inexperiência no Executivo. Na época era frisado que Maguito era quem iria liderar. Agora, que é o prefeito definitivo, existe algum receio por essa falta de experiência?Nenhum. Eu acho que o Executivo tem um corpo muito grande. Quem está à frente é apenas o cabeça, que pensa, mas também tem os braços, tem as pernas, tem o ombro, tem tudo. Eu acho que é um grupo de pessoas que faz e que forma o Executivo. O que muda é a questão de decisões. Mas como eu vim do executivo do poder privado, não vejo tanta dificuldade, uma vez que temos uma equipe de excelência, como já tenho dito, uma equipe que está sempre ao nosso lado, observando e acompanhando os nossos passos. Acho que o Executivo é isso. É tomada de decisões para melhoria da população e da cidade. As pessoas podem imaginar o que quiserem. É normal. Muitos já diziam “não conheço”, mas acho que estão começando a conhecer e acredito que temos condições de mudar a situação. O sr. já disse que não vai fazer mudanças no secretariado, mas esse secretariado foi montado, pensado pelo MDB. Tende a crescer o espaço do Republicanos na sua gestão?De momento, como já disse, não tenho essa intenção. Acho que o secretariado, o corpo que foi formatado, é um corpo muito bom. Agora, é claro, se lá para frente, se houver alguma questão, alguém que percebermos que não está colaborando, é normal que sejam feitas trocas de secretários. Aliás, qualquer administração, quando troca de gestão, troca secretário. Como aconteceu agora na saída do nosso ex-prefeito, nosso líder, Iris Rezende, e com a chegada de Maguito Vilela, que também é do MDB. Agora, quem assume a chapa é o Republicanos. Mas no momento, não tenho intenção de mudar secretariado. O sr. também falou que não vai ter dificuldade em relação à base na Câmara, mas tem vereador que falou que ia voltar para a base só quando Maguito assumisse. Como o sr. vai conseguir trazer esses parlamentares nessas novas circunstâncias?Eu vejo que o Executivo trabalha em conjunto com o Legislativo e vice-versa. Acho que é uma via de mão dupla. O prefeito precisa do vereador, o vereador também precisa de estar junto com o prefeito. Se o vereador trabalha pela cidade, o prefeito também trabalha e os dois têm que andar de mãos dadas. Não vejo dificuldade nenhuma de conversar com os vereadores. Já tivemos a primeira reunião, dos 35 vereadores, tivemos 28 presentes. O presidente, Romário Policarpo (Patriota), justificou a ausência. Outro explicou que teve um problema de saúde. Então, seriam 30 na base. O sr. já disse que o primeiro projeto a ser tratado na Câmara pela Prefeitura é o Plano Diretor, que está no Paço. Tem alguma alteração específica que vocês vão fazer no plano?Não. A preocupação maior é a questão dos pontos que foram colocados durante a tramitação e nós estamos ajustando. Questões que temos que analisar, questões de áreas para o desenvolvimento da nossa cidade. Entre os pontos principais, está a questão das vias pluviais, que tem estudos que precisam ser analisados. A nossa cidade foi preparada para 50 mil habitantes, hoje estamos com 1 milhão e 600 mil habitantes. Então, tem que mudar muito. Mas essas mudanças precisam ocorrer destacando o primordial, que é o cuidado com a nossa cidade. Estamos vendo a situação em Manaus, de falta de insumo, falta de oxigênio. A Prefeitura está preparada? Como se prevenir para que esse tipo de situação não se repita aqui em Goiânia? Nós já tivemos uma conversa com o dr. Durval, que é o nosso secretário Municipal de Saúde. Tivemos duas reuniões nessa semana, duas conversas, na verdade, e vimos que a linha de casos estava se mantendo, não estava em crescimento, e isso é muito bom para nós. Mas é sempre bom lembrar às pessoas que, ao sair de casa, se for preciso sair, use máscara, estando em casa, lave sempre as mãos com água e sabão neutro, se estiver na rua, use álcool gel. É muito importante que as pessoas tenham esse cuidado com a saúde. Nós pedimos às pessoas para terem esses cuidados, não fiquem em lugares aglomerados, Tudo isso para que não aconteça em Goiânia o que aconteceu em Manaus. Mas nós estamos bem preparados, vendo a questão dos leitos. Como o sr. recebeu a notícia da morte do Maguito?Foi logo cedo, na manhã do dia 13, quando recebi a mensagem. Qualquer mensagem dessa é frustrante. Eu que já perdi meu pai, tem seis anos, sei o que se passa, como fica a cabeça. No mesmo instante, tentei falar com o Daniel, mas não consegui. Logo em seguida cancelamos todas as agendas que tinham sido marcadas para aqueles dois dias. Decretamos a semana de luto, tivemos a conversa com o governador, que nos apoiou grandemente. Eu conheci o Maguito no meu primeiro mandato como vereador, e ele no segundo e último mandato dele como prefeito de Aparecida, onde nós tivemos um bom relacionamento como amigos, como parceiros políticos também. Nosso partido também sempre esteve junto com o MDB. Então, criamos um laço de amizade, tanto pessoal como político. Foi uma notícia muito triste de receber. O sr. estava em casa na hora que recebeu a notícia?Sim, ele faleceu por volta das 4h da manhã. E eu recebi a mensagem antes das 6h. Eu acho que foi um momento muito ruim, um momento de dor que a gente sente. O sentimento é de que se está perdendo o chão. Uma pessoa com quem eu contava para poder dar sequência ao trabalho que nós desenhamos juntos. Foi um momento muito ruim. Mas agora acho que temos que levantar a cabeça, ir para frente, mesmo sentindo um pouco de dor ainda. Temos que cumprir os objetivos que ele deixou no papel para o povo de Goiânia, e honrar o nome dele. De lá para cá o sr. teve alguma conversa com a família?Estivemos em todas as cerimônias de velório, acompanhamos desde a chegada ao aeroporto, o cortejo. Depois, estivemos juntos no dia seguinte, no velório em Jataí, e também até o sepultamento. E depois do sepultamento?Não, nós devemos conversar com o Daniel hoje (ontem) ainda, não para falar de política, mas para fortalecê-lo. Acho que é o momento que a família precisa muito que aqueles que estiveram próximos durante a campanha continuem próximos agora. Acho que é um momento muito importante, em que ele precisa das pessoas ao lado dele. Como o sr., que era pastor, decidiu entrar para a política?Eu ainda sou pastor, licenciado há mais de 20 anos, mas já vim da administração do executivo do grupo Record. Estive na África, rodei esse Brasil afora. Aí vim a Goiânia para administrar o grupo de rádios da Record. Em 2012, então, o grupo me convidou para representá-los, uma vez que o nosso vereador, que representava o grupo antes, teve um problema de saúde, não poderia participar da campanha de 2012, e eu aceitei o convite. Naquele ano, fizemos a campanha junto com o PT do Paulo Garcia. Fui o terceiro mais votado. Depois, para a reeleição, andamos juntos com outro partido. Em 2016, o Republicanos estava com Vanderlan Cardoso (PSD)...Isso, eu estava com o Iris, estava tudo fechado, mas de repente o Iris apresentou aquela carta de aposentadoria. Foi um momento muito ruim para nós, porque, naquela altura, o presidente estadual e o municipal não tiveram muito rumo para seguir e conversaram com aqueles que estavam na campanha para prefeito. E então fecharam com Vanderlan. Perdemos a eleição para o Executivo, mas, logo depois disso, como fui reeleito, o Iris me convidou, convidou o grupo, conversamos, sentamos, e fizemos parte do mandato do Iris Rezende até o fim da gestão. Aqui em Goiânia o sr. não chegou a ser o pastor titular de igreja, certo?Não, na verdade, a última igreja que eu pastoreei foi em Salvador, na Bahia. Mas depois que eu cheguei aqui nunca pastoreei. Eu posso ministrar cultos em qualquer igreja, mas, no momento, agora, está meio difícil. Mas é sempre importante. O pastor tem que estar perto das ovelhas. Eu farei questão, sim, de, em breve, fazer cultos em algumas das nossas igrejas aqui em Goiânia. O que da experiência como pastor o sr. trouxe para a política, tendo em vista que, de certa forma, o pastor também administra?Ajudou muito, uma vez que eu iniciei como pastor muito cedo. Saí do Rio de Janeiro, iniciei em São Paulo, depois passei pela Bahia, depois pelo Ceará, para onde eu já fui como diretor do grupo de rádios da Record. Eu me licenciei da igreja ainda em Salvador. Então, acho que o pastor, de modo geral, querendo ou não, automaticamente, vira um administrador. Isso nos ajuda muito. Administrar vidas é difícil. Mas é algo que é muito positivo e muito bom. E na administração pública é semelhante. Você está cuidando de pessoas, isso é bom. Você cuida de pessoas através do cuidado com a saúde, educação, com o bem-estar da cidade. E isso ajudou muito. Querendo ou não, o relacionamento do pastor com a igreja tem a ver com o cuidado que temos que ter com a cidade. O sr. passou por vários lugares, inclusive a África. Goiânia representa o que para o sr.? Foi um escolha ou, se pudesse, teria escolhido outro lugar? É um pouco difícil escolher, porque por todos os lugares que nós passamos, nós deixamos um nome, um legado, deixando sempre algo plantado. Hoje, nós vemos sementes em vários lugares sendo colhidas por amigos, tanto na comunicação, quanto na administração, também na igreja, na parte religiosa. E é bom quando você vê isso, você sabe que passou por um lugar e deixou frutos. Hoje, você vê esses frutos sendo colhidos. Goiânia, para mim, hoje, é minha casa, já estou aqui há 10 anos. Neste ano, completo 11 anos. Já me tornei cidadão goianiense e acho que Goiânia hoje faz uma parte muito grande da minha vida particular e como homem público. Acho que Goiânia é uma porta por onde eu passei e não sei como vou sair. Aqui tenho todo o sustento, tenho os grandes amigos que fizemos e a vida pública nos leva a lugares que nós nem imaginávamos. Estou aqui hoje e tenho certeza que nos próximos quatro anos faremos um trabalho excelente. Hoje você frequenta qual igreja aqui?Eu sou pastor da Igreja Universal. E quando eu participo, posso participar de qualquer igreja. Às vezes estou no Centro, às vezes estou em uma igreja de bairro. Como temos aqui no Finsocial, na Morada do Sol, temos várias igrejas espalhadas. E em qualquer uma que eu chegar sou bem-vindo.