No dia em que a conquista do voto feminino no Brasil completa 90 anos, a Câmara Municipal de Goiânia foi palco de uma discussão a respeito do machismo na política. O ponto de partida foi o episódio ocorrido entre a vereadora Camila Rosa (PSD) e o presidente da Câmara Municipal de Aparecida de Goiânia, André Fortaleza (MDB), no início deste mês. Na ocasião, o presidente cortou a fala da vereadora durante uma discussão sobre cotas de gênero nas eleições proporcionais.Fortaleza participou da sessão na Câmara de Goiânia, realizada na manhã desta quinta-feira (24), a convite do vereador Ronilson reis (Podemos). Na tribuna, o político falou sobre o corte do microfone da vereadora Camila Rosa no último dia 2. "Até hoje não conseguiram registrar queixa-crime contra mim. Porque não cometi crime", afirmou.Leia também- Vereadora que teve microfone cortado na Câmara de Aparecida vai levar caso ao TRE-GOPara o presidente da Câmara de Aparecida, o que ocorreu durante a sessão é um fato corriqueiro. “Infelizmente, por estarmos em um país que tudo vira uma repercussão negativa, tomou uma proporção tão grande que eu fiquei assustado”, defendeu. Fortaleza disse que cortou o microfone da colega porque se sentiu desrespeitado, e completou: “é uma prerrogativa minha de presidente, como cortei de vários e cortaram o meu. Meu microfone foi cortado cinco vezes na gestão passada e não deu repercussão”.O vereador alegou ainda que não há machismo na Câmara de Aparecida, pois caso tivesse, projetos de relevância à mulher não passariam. Declarações provocaram reação de vereadorasA vereadora por Goiânia Aava Santiago afirmou que Fortaleza usou o espaço da Câmara de Goiânia para proferir um discurso que segundo ela “é um dos mais absurdos que já ouviram no parlamento. A vereadora Luciula do Recanto também se manifestou: "Se não fosse crime, não teria tido essa repercussão". Já o vereador Sargento Novandir prestou apoio a Fortaleza e disse ter certeza de que ele “não está contra as mulheres”. Ao final, o presidente da Câmara de Aparecida disse sair tranquilo e pediu desculpas se desagradou alguém. Leia Klebia encerrou a sessão informando que a Câmara de Goiânia terá uma Comissão Permanente da Mulher, visando corrigir a desigualdade de gênero e combater a violência.